No painel 
“Falar Claro”, Carlos Coelho e 
Rodrigo Moita de Deus deram uma aula repleta de conselhos sobre   como comunicar em política, nos diferentes patamares de intervenção. Foi uma   aula que prendeu a atenção dos alunos da Universidade de Verão Francisco Sá   Carneiro, que receberam formação em comunicação política.
 
Carlos   Coelho começou por afirmar que “fazer política é comunicar”. A sessão   da manhã foi marcada pela interactividade e pela variedade de suportes e meios.   Casos práticos, filmes e animações sobre o que deve ou não ser evitado na   transmissão das ideias ou na apresentação de uma comunicação fizeram parte do   tema da manhã.
 
Rodrigo Moita de Deus, escritor, blogger   e profissional de comunicação, deixou conselhos úteis para a relação com a   comunicação social, tendo respondido, de forma assertiva às pertinentes questões   que foram sendo colocadas pelos alunos.
 
Carlos Coelho e Rodrigo Moita de   Deus transmitiram os seus conhecimentos e experiência acumulada numa aula muito   dinâmica em várias intervenções interpoladas.
 
Durante o período   reservado às questões, foi notório que os alunos tentaram colocar prática alguns   dos conhecimentos que tinham acabado de aprender. Em consequência, foi evidente   o cuidado em certos aspectos da apresentação das perguntas. O painel da tarde   teve como orador 
António Vitorino, destacado militante do   Partido Socialista, ex-ministro da Presidência e da Defesa Nacional e   ex-comissário europeu, actualmente a exercer funções no sector privado.
Tal como António Vitorino declarou à comunicação à entrada para a sessão,   esta é uma participação que “demonstra o espírito de abertura democrática dos   organizadores da Universidade de Verão”. O director da Universidade de Verão,   Carlos Coelho, referiu no início da semana que o “debate de ideias não deve ter   fronteiras”, sobretudo numa iniciativa que reúne uma selecção nacional de jovens   de todo o país que procuram formação política.
Num registo franco e sempre bem-disposto, António Vitorino deu aos alunos uma   aula sobra a “Europa no Mundo”. António Vitorino iniciou a sua exposição   afirmando que “o mundo reclama um protagonismo acrescido da Europa”, mas que   essa expectativa não significa que o Mundo fique à espera da Europa. “A natureza   tem horror ao vazio”, podendo outros ocupar um espaço que a Europa tem como   seu.
Na opinião do orador, existem três “building blocks da União   Europeia: o protagonismo económico; a diplomacia e regulação dos conflitos; e as   questões de segurança e defesa.”
O nível económico é aquele onde os resultados são hoje mais evidentes, como o Euro e própria afirmação como maior mercado interno do mundo. Neste   capítulo, a União Europeia é um player muito influente em matérias como   o comércio internacional e sistema monetário global ou em matérias como as   alterações climáticas. 
O orador destacou ainda o papel que a União Europeia tem desempenhado no   plano da globalização, assinalando porém as diferentes reacções que se verificam   entre os países do norte e do sul da Europa, face ao fenómeno. Se por um lado,   os países anglo-saxónicos olham para a globalização como uma oportunidade, os   países do sul encaram-no como uma ameaça, desejando mesmo que a União Europeia   sirva “para proteger os Estados-Membros dos malefícios da globalização”. Em   qualquer das situações, os jovens olham para a globalização mais como uma   oportunidade do que como uma ameaça. A opinião de António Vitorino é que a   Europa deve ser um player também na questão da globalização. 
Sobre a política externa e de segurança da União Europeia, o orador recordou   a frase de Henry Kissinger, que dizia não saber “qual o número de telefone da   Europa”, numa situação de crise.
António Vitorino rejeita a “comunitarização” como resposta clássica da voz   única na política externa e de segurança, exemplificando com a composição do   Conselho de Segurança das Nações Unidas, considerando que “não é credível que os   países europeus que aí têm assento, abdiquem para que a União fale a uma só   voz”.
António Vitorino referiu que a “vulgata diz que a PESC é um falhanço”, mas   que esse preconceito encerra em si um esquecimento dos sucessos como a   “estabilização dos Balcãs, o papel de mediação nas tensões entre Israel e a   Palestina, e as diversas acções de peace keeping e peace enforcement em que a   União está envolvida.
O orador entende que a primeira grande dificuldade no âmbito da PESC é a   relação transatlântica, que considera “a mais difícil de gerir”, não sendo claro   se a questão central dessa relação está ou não resolvida: perceber se os Estados   unidos da América estão ou não interessados em que os países europeus aprofundem   a União Europeia. Mas os problemas também se colocam a leste: A Rússia, por   exemplo, “nunca viu com bons olhos o alargamento a leste”. António Vitorino   considera importante a criação de uma arquitectura que permita fazer uma   construção europeia em que o relacionamento com a Rússia seja aprofundado.
O antigo Comissário Europeu terminou o período destinado à sua exposição com   a questão da ratificação do Tratado de Lisboa. António Vitorino considera que   urge “inventar uma maneira de desenvolver um debate sobre a União Europeia que   seja consistente e sério que seja cativante.” O orador mostrou-se preocupado com   o risco de o Tratado de Lisboa não entrar em vigor e com a consequente tentação   de vários Estados-Membros em adoptar formas de cooperação exteriores à União   Europeia.
Seguiu-se o tradicional momento de perguntas livres por parte dos alunos.   António Vitorino devolveu respostas francas e, em certos momentos, com uma dose   de bom-humor.
Pedro Passos Coelho, economista, Conselheiro Nacional do PSD   e antigo Presidente da JSD, foi o conferencista no jantar do terceiro dia da   Universidade de Verão Francisco Sá Carneiro.
Carlos Coelho, director da UV2008 lançou a primeira questão a Pedro Passos   Coelho, sobre quais as grandes diferenças e as grandes demarcações que o Partido   Social Democrata deve assumir face ao Partido Socialista.
O orador respondeu à questão colocada por Carlos Coelho, começando por   relembrar um pouco da história do PSD, uma vez que os “partidos são hoje um   pouco aquilo que foram fazendo”. O PSD foi o partido que “mais lutou por um   regime civil”, enquanto "o PS demorou muito tempo a encontrar o caminho para a   economia de mercado e para a democracia liberal (…) Foi o PSD que trilhou esse   caminho, trazendo consigo o PS". Pedro Passos Coelho lembrou também o papel do   PSD no respeito pela sociedade civil e alertámos para os perigos da   colectivização. 
Na opinião do orador, o país que temos hoje é em muito, o “reflexo da acção e   pensamento socialista” que desde 1995 Governou durante nove anos. 
“José Sócrates tem sido uma espécie de Blair e de terceira via à portuguesa,   mas esse modelo está a esgotar-se, não apenas em Portugal, e a provar que não   consegue reformar o Estado”, afirmou.
Respondendo à questão colocada pelo director da UV, Pedro Passos Coelho   acusou o Partido Socialista de ter conduzido a justiça em Portugal a uma “manta   de retalhos sem sentido” e de ter aprovado uma "Lei de Segurança interna que só   levará ao agravamento da actual situação".
Passos Coelho acusou o Partido Socialista de governamentalizar a segurança   interna, numa “confusão intolerável das funções do Estado. “É uma situação que   pode atirar-nos para a perversão democrática”, afirmou. Para Pedro Passos Coelho   é fundamental restaurar as funções nucleares do Estado como são a “Justiça e a   Segurança Interna”.
Também em resposta à questão que abriu a conferência, Pedro Passos Coelho   considera essencial criar um “novo paradigma em termos de funções do Estado”: é   importante para Portugal “uma mudança no tipo de Estado que temos ou vamos ficar   para trás, como já estamos a ficar”, disse.
    
  O orador reflectiu sobre os   meios de redistribuição da riqueza, questionando se o Estado está neste momento   a canalizar os apoios para os que mais precisam. A “falsa ideia de que só o   estado consegue fazer a distribuição” teve como corolário um sistema   “socialmente ineficiente”.
O conferencista defendeu, perante os alunos da Universidade de Verão, a   “necessidade de reescrever o contrato social, num contexto de isenção,   pluralismo, isenção, independência e concorrência”.
Pedro Passos Coelho defendeu o seu pensamento sobre as áreas em que o Estado   deve estar presente e sobre quais as áreas em que o Estado deve garantir   serviços, mas em que não tem que ser prestador”, situação que enforma uma   mudança de paradigma.
Contudo, esta “mudança de paradigma têm que ser criados reguladores que   funcionem, num contexto em que estes não podem deixar de ter independência   orgânica e cujas deliberações sejam respeitadas e acatadas”.
Pedro Passos Coelho não terminou a sua intervenção inicial sem fazer   contrastar o crescimento económico anual de Portugal face aos parceiros europeus   no ciclo político mais marcante da governação social-democrata, em comparação   com o empobrecimento de Portugal, em termos relativos, face aos novos   Estados-Membros da União Europeia.
Hoje, o Primeiro Ministro de Portugal “desloca-se para a inauguração de call   centres, nesse que é o seu modelo de desenvolvimento para o país, assente em mão   de obra pouco qualificada: Call Centres para a juventude portuguesa”,   concluiu.
No período reservado às perguntas dos jovens alunos da Universidade de Verão   Francisco Sá Carneiro, a discussão passou ainda por áreas tão diversas como as   formas de participação dos jovens no desenvolvimento do país, o surgimento de   movimentos e organizações de reflexão e debate de ideias no seio dos partidos,   política fiscal, casamento entre pessoas do mesmo sexo, regionalização,   educação, ambiente, política energética, o tratado de Lisboa e o papel da união   Europeia ou a relação do estado com as empresas.