Exmo. Senhor Professor João de Deus Pinheiro, o que pensa da possível entrada da Turquia na U.E.? Com os melhores cumprimentos Diogo
Antes do mais é bom ter a noção de que o processo negocial demorará ainda pelo menos 10 anos...
Depois há que constatar que no final das negociações a moldura institucional da Turquia ter-se-á aproximado enormemente da prevalecente na UE.
E, finalmente, haverá que notar que a Turquia é já um parceiro incontestável na NATO e que tem estado sistematicamente com o ocidente na cena internacional.
Assim, e admitindo que as condições possam mudar substancialmente haverá uma chance - ainda que remota - que os 27 decidam por unanimidade a adesão de um país com 70 milhões de habitantes e uma cultura e tradição tão diferente da prevalecente na Europa.
A Europa e os Estados Unidos têm andado desavindos de alguns anos a esta parte. Na sua opinião a verdadeira razão, como alguns adiantam, para este desencontro, terá unicamente a ver com um anti-americanismo primário, muito em vago nas "esquerdas" europeias, ou haverá uma razão de fundo e mais fulcral?
(Resposta conjunta)
Durante a chamada "guerra-fria" (ou conflito E-W) a percepção da ameaça do bloco soviético era clara e inequivocamente partilhada pelos dois lados do Atlântico. Com a implosão do bloco soviético a percepção das ameaças (terrorismo, contrafacção, conflitualidade regional, subdesenvolvimento,...) é diferente nos EUA e na UE.
Ora, de preocupações diferentes, resultam estratégias diferentes.
Acresce que a UE tem (mal, quanto a mim) favorecido em exclusivo o "soft power" (diplomacia, sanções económicas,...), deixando o "hard power" (poder militar e logístico) nas mãos dos EUA. Assim, agindo em conjunto são poderosos mas, um sem o outro fica com "capitis diminutius"
É desejável que, se quiser ter mais peso nas questões internacionais, a UE aumente as suas capacidades próprias de defesa e de logística. É também desejável que os EUA assentem mais a sua política nas instituições multilaterais.
Julgo que qualquer que seja o próximo Presidente dos EUA, é o que tenderá a suceder.
Qual a sua opinião relativamente à formação de um Exército Europeu, como factor de obtenção de uma verdadeira política de defesa da União Europeia, salvaguardando maior independência para os E.U.A e para os países U.E. tivessem uma actuação nesse sentido.
(Resposta conjunta)
Durante a chamada "guerra-fria" (ou conflito E-W) a percepção da ameaça do bloco soviético era clara e inequivocamente partilhada pelos dois lados do Atlântico. Com a implosão do bloco soviético a percepção das ameaças (terrorismo, contrafacção, conflitualidade regional, subdesenvolvimento,...) é diferente nos EUA e na UE.
Ora, de preocupações diferentes, resultam estratégias diferentes.
Acresce que a UE tem (mal, quanto a mim) favorecido em exclusivo o "soft power" (diplomacia, sanções económicas,...), deixando o "hard power" (poder militar e logístico) nas mãos dos EUA. Assim, agindo em conjunto são poderosos mas, um sem o outro fica com "capitis diminutius"
É desejável que, se quiser ter mais peso nas questões internacionais, a UE aumente as suas capacidades próprias de defesa e de logística. É também desejável que os EUA assentem mais a sua política nas instituições multilaterais.
Julgo que qualquer que seja o próximo Presidente dos EUA, é o que tenderá a suceder.
A União Europeia, ainda hoje, está dependente em grau relativamente elevado de outras economias. É por isso necessário tornarmo-nos mais independentes. Que medidas no âmbito do Parlamento Europeu estão a ser tomadas/propostas para alcançarmos este objectivo?
De que forma a Comissão tem estabelecido entendimento entre países fortemente democráticos e países onde prevalece o terrorismo? Não serão os progressos deste "suposto" entendimento uma fachada?
O Parlamento Europeu é o órgão representativo do cidadão europeu por excelência. Não é contraditório que este órgão democraticamente eleito tenha tão pouco poder decisório? Não deveriam ser reforçados os seus poderes, já que é a Assembleia de todos os europeus?
Do seu ponto de vista, a mentalidade, a educação, a cultura e os conhecimentos dos portugueses são um entrave ao crescimento económico e à boa aceitação no seio da União Europeia? Sentiu-se alguma vez posto de parte, no plano europeu, por ser português?
Durante a primeira sessão plenária do Parlamento Europeu, mencionou a seguir a José Sócrates que "encoraja-se a Rússia na solução de problemas comuns", pois ela é "parte da solução e não do problema". Dado um dos temas mais quentes da actualidade, a independência de regiões da Geórgia e toda a sua envolvente, mantém a sua afirmação? Obrigado.
A Convenção de Quioto apesar de não ter sido assinada pelos Americanos, estes a nível percentual poluem muito menos que a U.E. Acha que a convenção cumpriu os seus objectivos? Como poderá a U.E. reduzir a poluição?
Atendendo às eleições norte-americanas e à possibilidade da victória do Obama considera ainda viável continuar a viver debaixo do guarda chuva do poder americano?
Com uma Europa a 27 e existindo ainda a possibilidade de alargar, como considera ser possível a Portugal aproveitar este alargamento de uma forma proveitosa para o nosso país.
Considera que o actual conflito no Cáucaso pode criar atritos no seio da União Europeia?
Que estratégia propõe para que a União Europeia consiga dar mais um passo na sua evolução e consiga aprovar um novo tratado?
Considerando o possível falhanço do Tratado de Lisboa, qual é para o Professor a alternativa viável ao Tratado de Lisboa. Se não acha um Tratado falhado, de que forma contribui para uma Europa melhor?
Numa Europa que é cada vez mais uma Europa de povos e não uma Europa de Estados, no Parlamento Europeu, os "euro-deputados" são agrupados por famílias políticas europeias e não por Estados, no entanto, determiadas matérias são importantíssimas para Portugal. Naquela que é a instituição que prima pela legitimidade democrática no seio da UE como pode Portugal tornar-se mais visível?
De que forma pode a União Europeia ter uma papel relevante em termos políticos e diplomáticos como o recente na região do Cáucaso considerando a sua actual organização e o figurino político que o enforma?
Os Euro Deputados são a ligação das comunidades regionais com a Europa. No entanto existe muito pouca comunicação entre as comunidades locais e os Euro Deputados. O que se poderá fazer para diminuir este distanciamento, abrindo a uma Europa mais informada?
10.00 - Avaliação da UNIV 2008
12.00 Sessão de Encerramento da UNIV