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Universidade de Verão – Dia II

Os alunos da Universidade de Verão Francisco Sá Carneiro frequentaram, no segundo dia, as aulas de António Borges e Tiago Pitta e Cunha. Os alunos da UV2008 tiveram o privilégio de participar num jantar conferência que contou com a participação de Leonor Beleza.

António Borges, economista e Vice-Presidente da Comissão Política Nacional do PSD, iniciou a sua aula às 10h00, com todos os alunos presentes na sala. A pontualidade marcou uma vez mais a Universidade de Verão. O economista explicou aos cem alunos da sexta edição da Universidade de Verão do PSD aqueles que considera serem os problemas fundamentais da economia portuguesa e os fundamentos para uma nova política económica.

A performance insatisfatória da economia portuguesa e os seus problemas crónicos foi um dos temas abordados na aula. Para o reputado e experiente economista, o crescimento económico do nosso país, quando “comparado com o de qualquer outro país concorrente, é muito mais fraco. E é assim desde há dez anos”.

António Borges afirmou que os trabalhadores portugueses têm uma evolução salarial extremamente triste e deprimente”, e acrescentou que “Não pode haver uma sociedade desenvolvida sem pleno emprego”.

O orador alertou os jovens, que seguiam atentamente a aula, para o fosso que existe hoje entre as maiores empresas nacionais e a situação dos pequenos e médios empresários. O Vice-Presidente do PSD defende que enquanto a política economia for direccionada somente para as grandes empresas não teremos um crescimento económico sustentado.

António Borges denunciou a política económica profundamente errada que está a ser seguida em Portugal e alertou para o problema do endividamento externo do país, considerando que “essa tem que ser uma questão central do debate, porque está em causa o nosso futuro colectivo”. Por fim, defendeu a adopção de uma política económica radicalmente diferente.

António Borges abordou ainda a situação difícil que as famílias portuguesas, bem diferente da realidade de há vinte anos, quando a poupança representava cerca de 20% do rendimento.

Sobre as prioridades do investimento público, o economista referiu que “para recorrermos ao financiamento externo temos que aplicar o dinheiro em investimentos que devolvam um retorno superior ao custo do financiamento externo (…) e não é isso que temos feito”, disse, ilustrando com o exemplo da construção de demasiados estádios de futebol, por ocasião do campeonato europeu de futebol.

Para António Borges, “o mau investimento é um enorme handicap para a economia e um travão brutal ao crescimento económico”. Urge por isso fazer uma “selecção criteriosa dos investimentos a fazer”.

O Vice-Presidente do PSD deixou uma mensagem de confiança no futuro das novas gerações, referindo que geralmente a “inovação rápida vem de gente nova, não dos que já estão instalados.” Acrescentou ainda que “Portugal nunca teve falta de empresários. Quando as condições são favoráveis, os novos empresários aparecem (…) Em Portugal, em quase todos os sectores económicos, há bons empresários e bons trabalhadores. O problema é fazer com que sejam esses a ter a oportunidade, rematou.

No final da exposição, o porta-voz de cada um dos dez grupos de trabalho em que os alunos da Universidade estão organizados teve oportunidade de colocar uma questão específica ao orador.

No painel da tarde, a aula foi leccionada por Tiago Pitta e Cunha, membro do gabinete do Comissário Europeu para os Assuntos Marítimos e as Pescas e responsável pela nova Política Marítima Integrada da U.E, foi subordinada ao tema “Mar: Um MAR de oportunidades”.

O especialista em assuntos marítimos sensibilizou os alunos para as oportunidades que a geografia oferece a Portugal, concretamente devido à dimensão da Zona Económica Exclusiva do nosso país, que é cerca de dezoito vezes a área continental.

Tiago Pitta e Cunha lamentou que atendendo aos “défices estruturais muito difíceis de ultrapassar”, o país não tenha uma estratégia adequada para o mar, apesar de ser essa “a nossa maior riqueza”.
O orador do painel da tarde cativou a atenção dos alunos, chamando-os para uma “viagem por um país que se chama Portugal mas que aqueles que nele vivem não conhecem”.

Tiago Pitta e Cunha afirmou que “as características únicas que nos poderiam conferir uma diferenciação face a todos os outros países não são aproveitadas por Portugal.” O orador referiu que “Portugal foi durante muitos anos uma porta de acesso por mar”.

Contudo, com o reenquadramento estratégico do país, agora orientado para a Europa, pela EFTA e mais tarde pela CEE, o mar acabou por ser visto como “um obstáculo.”

O orador referiu os passos dados pelo Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, para que a Europa passe a estar dotada de uma estratégia marítima integrada, onde Portugal poderá ter um papel preponderante. Na sessão foi relembrada a insistência de Durão Barroso, enquanto Primeiro Ministro de Portugal, para que a Agência Europeia da Segurança Marítima se viesse a instalar em Lisboa, ambição que se concretizou.

Tiago Pitta e Cunha acredita que também “devido às novas tecnologias, à biodiversidade, às energias renováveis no mar, há cada vez mais uma corrida aos oceanos”. O orador defende que “Portugal não pode perder tempo e tem que entrar cedo nesta corrida.” De resto, considera que a geografia é um facto indesmentível para o nosso país e que, em coerência, a ideia do investimento no mar, será inevitável.

Depois da usual sessão de perguntas colocadas pelos alunos, Tiago Pitta e Cunha disse “raramente encontro uma plateia tão entusiasmada e com perguntas tão pertinentes como aquelas que colocaram. Estão de parabéns por isso.”

O segundo dia da Universidade de Verão teve Leonor Beleza, Presidente da Fundação Champalimaud, como convidada para o jantar conferência.

Os alunos da Universidade de Verão brindaram à sua distinta convidada e o Director da UV2008, Carlos Coelho, lançou a conferência instando Leonor Beleza a transmitir aos jovens o seu ponto de vista sobre o afastamento dos cidadãos da actividade política, questionando a conferencista sobre qual o papel que um partido moderno deve desempenhar para que os concidadãos se sintam mais próximos da política.

Leonor Beleza confessou que embora afastada da actividade política, continua a ser uma “laranjinha convicta, a sofrer, e também a ter alegrias pelo PSD.

A oradora dissertou sobre o tema proposto e explicou detalhadamente a evolução da participação política dos portugueses desde 1974. Apesar de existir um alheamento de muitos portugueses face à vida política, a ex-presidente do Instituto Sá Carneiro classificou como positivos os sinais que chegam dos Estados Unidos da América, onde é evidente a reaproximação de muitas pessoas à política.

Leonor Beleza usou o tempo da sua intervenção para introduzir as questões sociais no debate. “Entendo que é importante levar a temática que foi despoletada pela Dra. Manuela Ferreira Leite para as diversas estruturas do PSD e da JSD”. Desde a fundação do partido, há causas que estão acima do PSD, e esta é uma das causas em que todos nos devemos envolver”. A oradora realçou que “existem muitas questões que todos exigimos e atribuímos à Administração”, mas que existem muitas formas de chamar à sociedade algumas responsabilidades”.

Numa intervenção multidisciplinar, Leonor Beleza disse esperar dos jovens do PSD não só a renovação geracional do partido, mas também do ponto de vista ideológico, “num tempo em que o Estado não pode resolver todas as problemáticas que se colocam à sociedade”.

Um assunto incontornável da conferência foi a participação das mulheres na política. A ex-ministra considerou “uma vergonha” que o Governo português só tenha duas ministras na sua composição.
Sobre a Lei da Paridade, Leonor Beleza admite que “não é o sistema que as mulheres desejam”, mas considerou que se esse é um ponto de partida, então deve ser aceite.

Sobre o acesso aos serviços de saúde, Leonor Beleza afirmou que, face ao conhecimento disponível, existe hoje uma diferença real na forma como um cidadão com capacidade financeira pode sobreviver, e como um cidadão que não tenha as mesmas possibilidades, pode não conseguir sobreviver.

Leonor Beleza deu ainda a conhecer aos alunos a missão que abraça como presidente da Fundação Champalimaud. O objectivo primordial da fundação é fazer investigação de excelência em Portugal, criando condições para que os melhores cientistas portugueses e estrangeiros possam investigar na área da saúde, colocando as novas descobertas ao serviço daqueles que mais precisam. “Na ciência não existem fronteiras”, disse.

Os alunos dos dez grupos da UV colocaram um conjunto de questões relacionadas com a investigação científica, com o direito, com o funcionamento e gestão das unidades de saúde e sobre o acesso aos serviços de saúde.

 

 

 
10.00 - Avaliação da UNIV 2008
12.00 Sessão de Encerramento da UNIV