ACTAS  
 
9/4/2008
Assembleia Extraordinária (apresentação dos trabalhos de grupo)
 
Dep.Carlos Coelho
- Era presidente da JSD, queixava-me que muitas vezes os mais altos poderes da Nação não estavam sensibilizados para o problema da participação juvenil. Não foi esse o caso do Professor Cavaco Silva que enquanto Presidente da República decidiu encomendar à Universidade Católica portuguesa um estudo sobre a participação dos jovens. Quando esse estudo foi publicado, o Presidente da República afirmou que os sinais que tinha recolhido ao longo dos anos não eram muito animadores sobre a participação e o interesse da juventude nos assuntos políticos. Afirmou que contactou com milhares de jovens e que considera esse interesse da juventude nos assuntos políticos e cívicos de muita relevância para o futuro do país. E num discurso de rotura geracional, o Presidente da República chegou mesma a afirmar que o actual alheamento da juventude é mais grave que o alheamento das gerações mais velhas e pediu uma reflexão séria e serena sobre o assunto. Fê-lo num discurso formal, num discurso de Estado e foi a nossa vez de, na Universidade de Verão, darmos resposta a essa preocupação. Pedimos-vos para analisarem o estudo, que tinha 52 páginas, e para relativamente a esse estudo, fazerem duas coisas, resumirem o essencial desse estudo em três pontos e, proporem cinco medidas para combater o afastamento entre os jovens e as políticas. Cada grupo fez o seu trabalho, eu pedia a ajuda dos conselheiros para ter as versões escritas e vou dar a palavra por 5 minutos, por ordem sucessiva aos grupos para apresentarem. A seguir a cada apresentação haverá um grupo que fará de jornalista, terá dois minutos para fazer três perguntas, sublinho, terá dois minutos para fazer três perguntas e o grupo terá três minutos para esclarecer as suas conclusões. Em função do tempo que gastarmos nisto e do tempo que sobrar no fim, veremos como podemos, ou não, ainda fazer um curto debate sobre as conclusões dos grupos todos, assim que escutarmos todos. O primeiro grupo é o cinzento e o castanho será o grupo jornalista.

Portanto, vou dar a palavra à Vânia Caldeira, do grupo cinzento.

 
Vânia Caldeira
- Muito boa tarde a todos. Nós somos o grupo cinzento, viemos aqui apresentar as nossas conclusões da análise do estudo pedido pelo Excelentíssimo Presidente da República à Universidade Católica Portuguesa. Na nossa análise, identificámos três conclusões principais. Concluímos que os portugueses não se interessam pela política, que os jovens não acreditam no actual modelo de fazer política, que os jovens não demonstram conhecimentos políticos. A título de exemplo, fizemos uma actividade que gostaríamos de partilhar convosco. Sabem como é que se chama o nosso Primeiro-Ministro? José Sócrates. Sabem quem é o Ministro das Obras Públicas? Não. E sabem o nome do Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide? Não. Acho que é António Pita. Resumam em três palavras o que é que é para vocês a política. É prometer e não cumprir. Então a política? A política, hoje em dia, é um método de gerir o país muito pouco confiável. Pronto. E quem é o Ministro das Obras Públicas? Não sei. E quem é o Presidente da Câmara, aqui de Castelo de Vide?... Como é que se chama o presidente… Não, eu sei o nome, venha cá, que o vice-presidente sabe. Não conta, não conta, e a outra coisa, descreve-me a política em três palavras. Mal, assim, assim e modesto. Ok, obrigado.

Tendo em conta o exposto, propomos maior articulação com as associações de estudantes do ensino secundário permitiria desenvolver inquéritos que serviriam de base a medidas de âmbito regional autárquico, promover debates e actividades recreativas e culturais com finalidade de fomentar a participação cívica. Promover meios de comunicação que transmitam modelos a seguir pelos jovens. Fomentar a associação de jovens para que, através de actividades lúdicas, se incentive uma maior participação cívica. Promover visitas de jovens a associações ou a organizações locais com o objectivo de explicar a génese das mesmas, potenciando e fomentando o interesse. Muito obrigado a todos, continuação de uma boa tarde.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado, Vânia. E agora para fazer perguntas, tem a palavra a Maria Costa.

Vocês têm que ter cuidado, os cabos, portanto, os microfones estão ligados em rede, se alguém deu um pontapé ou desconectou um cabo a partir desse momento os microfones deixam de funcionar. Eles até à fila três estão a funcionar, deve haver um problema qualquer da fila três para trás.

Maria Costa, faça favor de fazer as perguntas.

 
Maria Costa
- Em relação à terceira medida que eles apresentaram, quem é o emissor dentro desses meios de comunicação? O que é que consideram como modelos a seguir e em relação à quarta medida que eles apresentam, fomentar a associação de jovens, para que, através de actividades lúdicas, se incentivem uma maior participação cívica, nós gostaríamos de saber, de que forma essas actividades lúdicas vão colmatar o desinteresse na participação cívica? E o que é que eles entendem por actividades lúdicas, visto que estamos a falar de jovens de 15 anos, a partir de 15 anos. Muito obrigada.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado Maria, para responder, tem a palavra a Joana Martins.
 
Joana Martins
- Boa tarde. Relativamente à primeira pergunta que nos foi posta, que é a da televisão, é o seguinte, por exemplo, um caso prático, os Morangos com Açúcar, que é uma série que a maior parte dos jovens vêem, imaginem, se lá há um, quando um jovem começou a entrar no associativismo, por exemplo, na escola de um colega do nosso grupo, onde habitualmente só havia uma lista, visto que ninguém se interessa, nesse ano para além de ter havido a lista dos tais interessados, possivelmente pertencem a uma juventude partidária, houve mais que seis listas. Pronto e nós achamos que a partir da televisão, visto que as pessoas, que é o meio mais fácil de atingir os jovens, é uma maneira de conseguirmos passar a nossa mensagem, que eles se interessem, através, não digo dos Morangos com Açúcar, mas de um programa do género, da televisão pública. Relativamente às associações de jovens, penso que a pergunta que foi feita é que, como é que isso pode, não sei se podes repetir, não percebi bem o que é que querias perguntar com a questão das associações de jovens, como é que isso diminuía o desinteresse?

 

 
Dep.Carlos Coelho
- Peço desculpa, a pergunta foi colocada, a resposta tem que ser dada.
 
Joana Martins
- Pronto, tudo bem, do que eu percebi é como é que poderíamos fazer com que isso diminuísse o desinteresse. Então é assim, se nós dentro de uma área que os jovens gostem, os incentivarmos a criar uma associação, facilmente conseguimos que eles se interessem por isso não é? Porque se for, imaginem, isto estou já a responder à terceira pergunta, se um jovem gosta de futebol, se o incentivarmos a criar a sua associação ligada ao futebol em que tem a responsabilidade, de sei lá, das quotas, seja do que for, a sua responsabilidade cívica, faz com que assim ele goste de entrar nessa meio, possivelmente, depois, passa para outras coisas mais sérias, não é que isso não seja sério, mas uma coisa mais ligada. Não sei se respondi.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado.

Estas foram, portanto, as conclusões do grupo cinzento, passamos agora ao grupo castanho e fará perguntas, o grupo verde. Em nome do grupo castanho para apresentar o seu trabalho por cinco minutos, tem a palavra o Diogo Nogueira Gaspar e o Carlos Milheiro.

 
Diogo Nogueira Gaspar
 - Ora, muito boa tarde a todos. O nosso grupo chegou a três conclusões como nos foi pedido. O envolvimento político dos portugueses tanto a nível conjunto de atitudes associadas à importância da política, bem como o grau de informação política dos mesmos, é na sua generalidade inferior aos níveis europeus. Porém, deste grupo demarcou-se uma faixa etária importante que é dos dezoito aos vinte e nove anos. A insatisfação dos portugueses como o funcionamento da democracia é notória, no entanto, a introdução de reformas políticas institucionais, tais como a diminuição da presença de mulheres nas associações políticas ou a criação de novos mecanismos para que os cidadãos possam participar nas decisões são a razão do aumento e diversificação dos modos de participação política. Por fim, embora seja a faixa etária com mais de sessenta e cinco anos, mais de sessenta e cinco anos que exerce o direito de voto com mais frequência, são os jovens que mais participam activamente em métodos não convencionais.

Pensando nas medidas, o grupo castanho dividiu as medidas em três vectores, primeiro, a escola como agente na mudança das atitudes e isto passa pela disciplina de Formação Cívica que já é leccionada há mais de cinco anos nas escolas, no segundo e terceiros ciclos do ensino básico. E esta disciplina deverá começar a funcionar como uma ferramenta de sensibilização para a participação política e essa condição deverá estar contemplada no programa da disciplina. Em seguida, a escola deve ter uma relação mais próxima da sociedade civil. As associações cívicas e a escola e os alunos devem ter uma colaboração, em ideias, em discutir os problemas da sua região, visto que estamos a falar de associações regionais, desenvolvimento. Isto tem também outro ponto positivo, que seria a aplicação de conhecimentos aprendidos na escola no plano prático e adaptados à sua realidade. O segundo vector, passa pela abertura dos partidos à sociedade civil, os partidos e as …

 

(Um minuto imaudível)

 

Diogo: - … e propomos também a criação de um portal de participação cívica on-line destinado à juventude, bem como fóruns de discussão.

A relação entre os partidos e as associações cívicas também seria um ponto importante visto que propomos que ambos de oiçam uns aos outros. Interessa a ambas as partes visto que, às associações cívicas interessa serem ouvidos por alguém com mais capacidade de decisão e sabemos que os partidos estão mais bem instalados no poder e poderão dar mais bem conta do recado.

Por fim e porque foi também, notámos também nas conclusões que os portugueses desejam uma democracia mais directa e estão abertos a que se referendem as opiniões, propomos que haja mais levantamentos de opinião por parte dos decisores políticos para que as respostas em matéria de acção correspondam mais à vontade dos jovens, dos eleitores, dos idosos e da população em geral. É tudo.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado, grupo castanho. Para formular a sua pergunta tem a palavra o Rafael Remondes do grupo verde.
 
Rafael Remondes
- Boa tarde a todos. O grupo referiu que devia ser feito: introduzir mais informação política através da disciplina de Formação Cívica. Gostava de saber, dando mais informação, se isso iria fomentar mais o interesse, de que forma ia fomentar mais o interesse de jovens na política? Depois falaram numa maior aproximação dos partidos aos jovens. Eu gostava de saber de forma mais concreta, qual é a forma mais concreta que eles vão-se aproximar, de que forma é que eles se vão aproximar dos jovens de forma a cativá-los a vir para a vida política? E, depois, outra vez a escola. Em que medida a escola com o seu formato actual pode ir de encontro à mudança de atitudes dos seus alunos? É tudo.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado, para responder João Rodrigues.
 
João Rodrigues
- Boa tarde a todos. Em primeiro lugar relativamente à primeira pergunta, como é que se pode fomentar o interesse dos jovens? Eu penso que estão a falar dos jovens da faixa etário 18-29 anos. E em relação a esses e em relação mesmo aos 15-17 há uma coisa que é bem clara que é os jovens têm interesse, só que não têm conhecimento e se não têm o conhecimento, mas se têm lá dentro a vontade de conhecer, mas porque a política lhes passa ao lado, porque às vezes não procuram nos melhores sítios, porque se calhar ninguém puxa por esta nova geração que quer entrar mas não sabe bem como, se calhar, parte daí o insucesso da passagem entre a atitude dos jovens e o conhecimento que eles realmente têm. Porque o interesse está lá só que eles não têm o conhecimento para tal. Relativamente à maior aproximação das JOTAS. Embora todos nós saibamos que existe um fraco interesse, uma fraca importância da política na vida dos portugueses até o trabalho é mais importante do que a política para os portugueses, a JOTA tem aqui uma grande margem de manobra. Porque é assim, dos 18 aos 29 é a faixa etária em que os portugueses mais próximos estão da média europeia. O interesse está lá, é preciso é incentivar de forma a que haja mais formas de podermos comunicar com os outros, mais formas de identificar os problemas, confrontar ideias, isso é o problema essencial. E as JOTAS, as juventudes têm que estar presentes, as juventudes partidárias.

Relativamente às escolas, eu tenho uma coisa a dizer, eu vim de uma escola em que não existia Associação de Estudantes, em que existia CRA, que é comissão representativa dos alunos. O CRA é o pior que pode acontecer porque o órgão máximo é o professor. Então não sei o que é que vocês estão bem a ver como é que isto é, é do género nós propomos uma coisa pela simpatia, ó Sr. professor vá lá, não custa nada, isto não é difícil e, por isso, é que vocês não percebem que é importante, porque tiveram a sorte de ter Associações de Estudantes. Só agora que cheguei à faculdade é que sei o que é o mundo associativo, mas quando vocês tiveram a sorte de ter Associações de Estudantes nas vossas escolas, vocês percebem a importância disso, e percebem que a formação cívica que afinal não interessa nada é uma seca, na minha escola é a única possibilidade que nós temos de termos algum associativismo mesmo que não seja partidário, e se não houver esse associativismo dos 15 aos 17 quando chegamos aos 18 não estamos interessados na política. É só isto. Muito obrigado.

 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado, João. Passamos para o grupo verde, Rui Jacinto.
 
Rui Jacinto
- Muito boa tarde a todos. Quero, desde já, agradecer a presença dos jornalistas. Preocupado com a participação cívica e política dos jovens portugueses na vida nacional, o Exmo. Sr. Presidente Aníbal Cavaco Silva decidiu encomendar um estudo à Universidade Católica Portuguesa. Ora, o grupo verde a pedido da organização da Universidade de Verão, analisou o estudo que foi solicitado. Chegámos a três conclusões que nos pareceram as mais importantes. A primeira é que há desacreditação na democracia por parte da maioria da população, em especial dos jovens portugueses. Os jovens portugueses não acreditam na eficácia nem na eficiência destas medidas, eles querem reformas, eles exigem que algo mude, inclusivamente chegou-se à conclusão que muito poucos conseguem distinguir as ideologias, conseguem distinguir o que é esquerda e o que é direita, o que nos parece extremamente obsoleto nesta sociedade. A segunda conclusão é que há um elevado desinteresse pela vida política. Os jovens preferem associar-se a outras iniciativas, nomeadamente iniciativas desportivas, humanitárias, religiosas, mas não têm interesse em associar-se a iniciativas políticas. Há uma minoria que gosta de política e isso é muito desagradável e acaba por ser preocupante. O terceiro ponto, os jovens não possuem conhecimentos políticos suficientes. Existe um distanciamento entre os agentes políticos e os jovens na medida em que estes não se identificam com os discursos dos primeiros. A faixa etária com menos de 18 anos tem menos oportunidades de participar na actividade política tendo alguma possibilidade de intervirem, mesmo assim acabam por não mostrar interesse como já referi no ponto anterior. Ora, analisando estas conclusões conseguimos conciliar entre o grupo cinco medidas que nos pareceram ideais e poderão ter, poderão ser soluções eficazes. Ora, a primeira desta é a criação de quotas de regeneração partidária. Os partidos políticos preocupam-se, alguns dos partidos políticos preocupam-se com os jovens como é o nosso caso. Mas há outros partidos que não se preocupam e os jovens também. Se não formos de encontro aos jovens, os jovens também não vêm ao nosso encontro. É necessário criar quotas neste momento, até pode ser que no futuro sejam abolidas mas é essencial criar quotas porque os partidos têm que ter juventude, têm que ter novas ideologias e isso vai fazer com que os jovens adoptem a ideologia do partido e sejam atraídos pela vida política. A segunda medida é fomentar as formas de participação não convencionais na vida cívica, ou seja, os jovens mais predispostos a intervir em instituições sem o cariz político tradicional, como associações humanitárias e outra são de forma indirecta potenciais intervenientes na vida política tradicional pelo que caberá aos agentes políticos mediar essa aproximação. A terceira, formação política nas escolas. Vê-se muito pouco nas escolas portuguesas formação política, vê-se muito, inclusivamente formação cívica, agora sim de alguns anos para cá há uma cadeira de formação cívica, mas eu também tive essa cadeira e é uma cadeira que fala pouco de política e muito pouco de civismo. É necessário instituir nas escolas programas de informação e formação política de forma pedagógica, interactiva e lúdica para que atraia os jovens, para que os jovens não encarem isso apenas como uma seca, mais uma hora perdida. Quarta medida, aposta na televisão para a difusão das ideias da participação cívica e política. Sabemos todos que é grande a influência da televisão que exerce junto dos jovens portugueses sendo esse o meio privilegiado para a difusão das ideias, da participação cívica e política como referi, nomeadamente através de programas direccionados aos mais novos inclusivamente com conteúdos lúdicos. Portanto, conseguir associar os conteúdos lúdicos a conteúdos políticos para aos poucos jovens a partir das 10-11 anos começarem a interagir com a política. Em último, um open day do governo tentando levar mais jovens a terem um contacto directo com os decisores políticos, cada ministério e o respectivo responsável máximo, isto é, o ministro receberia os jovens que se destacassem num concurso promovido nas escolas de todo o país. Obrigado e espero que coloquem as questões todas que nós vamos saber responder. Muito obrigado.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado. Cátia Afonso
 
Cátia Afonso
- Boa tarde. A nossa primeira pergunta é porque é que os jovens intervêm muito em termos de cidadania e nada na vida política? A segunda pergunta é as quotas de regeneração partidária não surtirão um efeito negativo? Não estaremos a tirar espaço aos melhores? A terceira pergunta, os jovens estão em muitos casos afastados também da escola, acha que é nesse espaço de educação formal que tais medidas surtirão efeito? Obrigado.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigada, para responder tem a palavra a Sílvia Oliveira.
 
Sílvia Fernandes de Oliveira
- Muito boa tarde, em primeiro lugar e antes de me focar nas três questões que foram feitas, eu queria dizer que estamos perante uma problemática que é muito sensível, é uma problemática de grande interesse no quadro de um Estado de direito democrático e que, por isso, merece a nossa especial atenção e em que nos compete a todos nós travar estes défices de participação de todas as faixas etárias, nomeadamente neste caso dos jovens.

Relativamente às três questões que nos foram colocadas, a primeira diz respeito aos jovens e à política e ao seu afastamento. É verdade que os jovens se afastaram do mundo político e das actividades políticas, mas eu creio que haverá forma de os chamarem. Nós temos que olhar para a política e temos que vê-la nos olhos dos jovens de maneira que possamos atrair o interesse e a sua atenção. Se calhar, até este momento isso não foi feito. Por isso é que eles estão tão afastados e há um tão grande défice de participação. Em segundo lugar, foi-me colocada uma questão relativamente às quotas de regeneração. Bem, nós achámos que as quotas de regeneração era uma medida que poderíamos fomentar e disse que as quotas de regeneração podia ser um entrave a não chamarmos para os quadros políticos as pessoas melhores porque estamos a fixar uma quota. E eu faço-lhe uma pergunta também a si, porque é que essas pessoas melhores não podem estar no meio dos jovens? Elas podem lá estar e nós não sabemos. Por isso é que, se calhar, seria bom apostar neles e apostar nessas quotas. Se calhar, essas quotas não serão umas quotas que serão vitalícias para sempre, mas serão umas quotas temporárias exactamente como este problema que nós cremos que é um problema temporário. Finalmente, também foi colocada uma questão relativamente aos jovens e ao seu afastamento das escolas. Aqui já estamos perante duas problemáticas que poderemos separá-las. Primeiro, é o afastamento dos jovens no quadro das escolas e, segundo, o afastamento dos jovens no seio da vida política. Portanto, se calhar, a sua pergunta está mais ligada ao primeiro aspecto. Eu não digo que não sejam aspectos que sejam interligados, mas focando somente naquilo que foi a análise do nosso estudo, ou seja, o afastamento dos jovens da política, eu creio que o afastamento dos jovens nas escolas pode ser uma causa indirecta desse afastamento porque a falta de instrução faz com que os homens tenham um menor interesse pelas questões partidárias. Se calhar, num primeiro lugar, teremos que apelar aos jovens, ao seu interesse, ou seja, criar medidas para que cada vez mais os nossos jovens estudem o máximo de tempo possível. Ou seja, fazendo o 12º ano que ainda não é a escolaridade obrigatória e também temos um grande número do ensino superior. Mas eu creio que apesar de termos começado por aí, eu acho que os jovens, não passa somente por terem uma grande participação nas escolas e as escolas, sim, serem um veículo mas haverá outras formas de chamarmos os jovens para o mundo da política. Muito obrigado.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado, vamos ouvir agora a apresentação do grupo bege e para o caso de alguém estar distraído, vai fazer perguntas o grupo azul. E dou a palavra à Goretti.
 
Goreti Martins
- Ora, muito boa tarde a todos os presentes. Eu represento o grupo bege e nós estivemos a fazer uma análise do estudo que foi encomendado à Universidade Católica pelo nosso Presidente da República. Assim sendo, a primeira conclusão a que nós chegámos após esta análise é que os indivíduos questionados revelam um maior poder de reivindicação até aos 30 anos e dão preferência a acções que tenham um resultado directo, nomeadamente os referendos. Revelam-se sempre com tendência mais céptica na eficácia da participação política convencional. Tem-se vindo também a verificar nos jovens, uma tendência decrescente face às questões políticas. No entanto, aqueles que se interessam na sua maioria pertencem a alguma forma de associativismo. É curioso também o nível de disponibilidade que os jovens revelam tendo em conta a fase da vida activa em que eles se encontram. O seu interesse político não é maior devido à forma como a informação lhes vai chegando e, também, devido aos seus hábitos de consumo relativamente à informação. Após estas conclusões partimos para as seguintes medidas. Temos de levar o português a ter uma atitude mais intervencionista, as atitudes que temos vindo a mostrar são demasiado laxistas e não se adaptam com os desafios da nova sociedade global. É necessário um reforço à participação em associações, é nas associações estudantis, juvenis, grupos informais ou voluntariado, por exemplo. Temos de fomentar a entrada na sociedade civil da vida partidária com a abertura das sedes sejam eles de que partidos forem. Temos de mostrar o lado positivo e dinâmico da política. Temos de reforçar três conceitos básicos que existem na democracia, temos de reforçar a verdade, o respeito e o compromisso. E isto poderá ser alcançado através da sensibilização de todos os quadros políticos. É necessário também alterar os conteúdos programáticos de algumas disciplinas como é o caso da disciplina de Formação Cívica leccionada no ensino básico e da disciplina de Filosofia leccionada no ensino secundário. Isto para que possamos inserir pontos estruturantes como a intervenção política, a importância da cidadania activa e a oratória. Temos de formar também os professores para que possam, cada vez mais, fomentar o debate como ferramenta principal de transmissão de conhecimentos. Os jovens são fortes apoiantes dos referendos. Vamos apostar mais no uso de referendos e na criação de círculos uninominais, uma vez que permitem uma democracia mais directa e mais activa. Queremos incentivar a criação e a manutenção das mais diferentes acções políticas com especial incidência na formação dos cidadãos mais jovens. Queremos desenvolver e procurar seguir bons exemplos como é o caso da Universidade de Verão, como é o caso da Universidade do Poder Local e da Universidade da Europa. Muito obrigada a todos pela vossa atenção.

(Aplausos)

 
Dep.Carlos Coelho
- Dino Alves, grupo azul Dois minutos para três perguntas.
 
Dino Alves
- Boa tarde. Eu gostei muito da beleza das medidas mas questiono um pouco a sua prática. Gostaria de saber como é que estão a pensar reforçar a participação associativa, portanto, a participação interventiva dos jovens na política, disseram que era importante reforçá-la mas não disseram como, precisava que explicassem como é que estão a pensar fazê-lo. Depois falaram da Formação Cívica gostaria que nos explicassem, portanto, explicaram que fariam a nível do básico e do secundário com a disciplina de Formação Cívica no básico e com a disciplina de Filosofia no ensino secundário, mas quais são os formadores e com que conteúdos se vão prender? Porque falaram da intervenção política mas não falaram da democracia. Se calhar um dos grandes problemas da Formação Cívica é que não se prende com os conceitos da democracia e com a organização de Estado. Gostaria de saber quem são os formados e quais os conteúdos a incluir nos manuais e se essa disciplina seria avaliada. Em terceiro lugar, gostava de saber como é que estão a pensar reforçar, portanto, disseram que os jovens estão abertos a uma nova intervenção política ao referendo. O referendo, como sabemos, é uma prática, não é normal. Gostávamos de saber como é que estão a pensar levar as pessoas a votar nos referendos, portanto, a expressarem-se através dos referendos mais vezes porque, muitas vezes, a abstenção é o problema dos referendos. Como a combater?
 
Dep.Carlos Coelho
- Para responder do grupo bege, Fausto Amaral.
 
Fausto Amaral
- Boa tarde a todos os presentes. Obrigado pelas perguntas. A primeira pergunta seria como forçar a participação política dos jovens, certo? Basicamente seria isso. Eu tenho a dizer que eu acho que vocês não estiveram muito atentos aquilo que nós dissemos e acho que está isso na segunda pergunta, através da formação e proposto na disciplina Formação Cívica e Filosofia, porquê? Não é apostar na política é apostar no debate, é apostar nos trabalhos de grupo, é apostar na vontade de falar. Eu acho que falo um bocado por todos, mas quando nós estamos nas salas de aulas e nas turmas, existem um grupo de três ou quatro que falam com o professor e debatem entre si mas depois o resto? Porque é que fica calado? Porque é que esses também não entram nos debates? Porque é que esses também não apresentam as suas ideias? Têm de as ter ou  não? É, por isso, que através de formação cívica não só no 5º ano, mas a partir do 1º ano achamos que é possível, 1º ano estou a ouvir um risinho ali atrás, 1º ano a disciplina de Estudo do Meio que todos tivemos é possível incutir nos mais jovens a ideia de participar, a ideia que é necessário ter ideias. E eu vou-vos dizer uma pequena coisa que eu acho muito interessante é a publicidade do ecoponto. A publicidade das mais giras e mais interessantes que houve desde que eu vejo publicidade. Está vocacionada para ao mais pequeninos não está? Pode ser patética, podemos achar aquilo é um bocado chato de olhar e de ver, mas se mostrarmos aquilo ao mais pequenino no dia a seguir o mais pequenino vai dizer ao pai. Ó pai porque é que tu não reciclas? Ó pai o que é que é reciclagem? Porque é que nós não fazemos? na escola eu faço. Porque é que em casa não faço, não devias fazer? Pai porque é que deitaste essa garrafa ao lixo, porquê? Eu acho que, se através, se de “pequenino torcemos o pepino” chegamos lá. Acho que, agora, também já respondi mais ou menos à segunda pergunta Filosofia, respondi. Falando do referendo. Nós já sabíamos que isto ia provavelmente ser a pergunta que nos iam fazer, referendo. É claro que nem sempre existem matérias para referendar, mas achamos que todos os anos existe uma ou outra coisinha, de seis em seis meses que é possível colocar duma forma mais aberta e interventiva á opinião pública. E os jovens gostam muito e quando existem referendos participam mesmo muito, nós vimos. Eu vi, no Porto, os jovens todos a participar no debate sobre a despenalização do aborto, havia jovens com as bandeirinhas, era um trabalho comum pode ser normal mas havia, eles queriam dar a sua ideia. Por isso, acho que é algo muito importante e o nosso grupo também acha, muito obrigada a todos, esperamos que tenham gostado das nossas respostas. Boa tarde.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado, Fausto. Agora vamos passar para o grupo azul e vai fazer perguntas o grupo laranja. E para apresentar o trabalho do grupo azul dou a palavra à Helena Antunes.
 
Helena Antunes
- Muito boa tarde a todos. Em primeira instância vamos apresentar as nossas três conclusões do estudo encomendado pelo Presidente da República relativamente à distância dos jovens com a política. Uma primeira conclusão prende-se com um sentimento de mudança por parte dos jovens, mudança essa que uma parte deles diz que se pode mudar com pequenas mudanças, como vemos através das percentagens, embora a maior parte desses jovens nos indicam que nós precisamos de reformas profundas para proceder a esta mudança. Uma percentagem significante diz mesmo que só conseguiremos através de uma mudança radical. Continuamos a achar que ainda são números preocupantes e que ficam um bocado aquém daquilo que nós esperaríamos que era uma maior envolvência dos jovens nesta mudança. Outra das conclusões a que chegámos tem a ver com o funcionamento democrático que os jovens consideram ainda ou que a população em geral considera como medíocre. Os jovens acreditam, ao contrário da população já mais velha, que é possível um futuro melhor daqui a 10 anos e apresentam a política dos partidos, consideram que é uma realidade distante dos jovens. E esta fraca participação dos jovens consideramos que se deve, para já, a uma falta de identificação que os mesmos têm com os partidos e, por outro lado, a uma fraca exposição da informação política dada pelos meios de comunicação convencionais. Uma terceira conclusão a que o grupo azul chegou prende-se com a pertença a associações e partidos políticos. Considerámos, assim, que a pertença e quem pertence, e participa activamente em associações tem uma percentagem bastante representativa embora consideremos que ainda insuficiente. Já a pertença a algo mais específico que são aos partidos políticos temos uma percentagem muito baixa entre os jovens. Relativamente às cinco propostas que apresentámos para alterar esta situação temos então, em primeira instância, a Formação Cívica. A forma como a Formação Cívica está a ser procedida considerámos que é ainda insuficiente. Por tal, salientámos a Formação Cívica como uma área curricular não disciplinar que considerámos de extrema importância que visa como um dos objectivos aprofundar o conhecimento do sistema democrático porque, como vimos, anteriormente os jovens ainda pouco crentes relativamente à democracia e assim tentar aprofundar o conhecimento e a importância de participarmos na nossa democracia. Outro ponto desta Formação Cívica visa ainda explicitar e explicar os direitos e os deveres que cada cidadão tem na sociedade. Tudo isto através de um despertar da consciência social, ou seja, da importância que todos temos enquanto jovens de participar. Uma segunda proposta prende-se com a criação de um Gabinete Municipal de Apoio ao Associativismo. Como nós vimos, a participação em associações até é relativamente significativa para os jovens. Por isso, toca a apostar no apoio ao associativismo, apoio este que seria uma parceria entre a autarquia e o IPJ, ou seja, o Instituto Português de Juventude que daria um apoio jurídico para a constituição da associação, um aconselhamento para a candidatura a financiamento das actividades, tudo isto para criar uma ponte de acesso entre infra-estruturas, ou seja, equipamentos desportivos e culturais, ponte entre essas infra-estruturas e as instituições. Propomos ainda um prémio de mérito de associativismo relacionado com o ponto anterior que, através do Conselho Municipal de Juventude com a sua ratificação na Assembleia Municipal, atribuiríamos um prémio que seria atribuído pelas autarquias para premiar o mérito do associativismo. Uma quarta proposta prende-se com a agenda municipal de juventude através das autarquias, das organizações, associações juvenis e partidárias, ou seja, envolvimento de todas estas instituições, objectivo esse que se prendia com a elaboração de projectos para a juventude e aqui tem um papel preponderante os agentes políticos que devem falar directamente com as populações, seja através das associações, das freguesias, dos próprios municípios e instituições de outro carácter. Uma quarta conclusão tem a ver com a aproximação dos partidos à sociedade em que ficamos com a fraca circulação de mensagem pelos meios de comunicação social convencionais e, então, teríamos os agentes políticos que fazer um esforço para falar com as populações através, então, das freguesias, municípios e etc. Obrigada a todos pela atenção.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Ó Helena, peço-lhe desculpa de lhe ter interrompido aos 3 minutos, eu tinha aqui um tempo acumulado do anterior e estava a dar-me os 5 minutos, só depois é que vi que a sua parcela estava nos 3 e, portanto, peço-lhe desculpa de a ter interrompido a meio. Agora para fazer a pergunta tem a palavra o Alberto Simão do grupo laranja.
 
Alberto Simão
- Boa tarde. Serão essas medidas propostas ou personalizadas num curto prazo? De que forma? Falando da Formação Cívica, sendo uma área curricular, mas não disciplinar, será obrigatória a sua frequência? Se não for acha que terá acolhimento por parte dos jovens? Com uma política restrita ao municipalismo juvenil não estão a restringir a mobilidade juvenil intra-escolar? Obrigado.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado, portanto, tem a palavra para responder, o Tiago Laranjeiro.
 
Tiago Laranjeiro
- Muito obrigado por estas questões. De facto, ainda bem que colaboram connosco no esclarecimento das nossas propostas. As propostas são, de facto, exequíveis no curto prazo. Reparem, a criação de um gabinete municipal de apoio ao associativismo é uma coisa que em parte já existe junto do IPJ, que o IJP já tem uma um equipamento que promove o diálogo com as associações. No entanto, nós aqui pretendemos fazer com que as associações se aproximem também da autarquia e que a autarquia colabore com o IPJ a estabelecer a ponte entre financiamentos, acesso a infra-estruturas, acesso a projectos de nível nacional e internacional que não se fique no âmbito local e a agenda municipal de juventude, por exemplo, é só necessário reunir as organizações juvenis, as associações juvenis e os partidos políticos para criar uma agenda que defina políticas de juventude para os municípios, para as autarquias. Portanto, no curto prazo são, de facto, exequíveis. A Formação Cívica, se calhar, vocês não sabem mas uma área curricular não disciplinar já existe neste momento. Estudo acompanhado é considerado uma área curricular não disciplinar e é de frequência obrigatória. Formação Cívica já existe em muitas escolas e é uma área de frequência obrigatória, mas tem um nome técnico de área curricular não disciplinar. É isso que nós queremos dizer. É uma área curricular pertence, integra o currículo do aluno é, portanto, de frequência obrigatória e contribui para a avaliação. No entanto, não é uma disciplina nunca será a Formação Cívica, uma disciplina como o português, como o Inglês, como a matemática. Terceiro, restrição local. Claro que não tem restrição local, mas nós vemos que o principal problema, principalmente nos jovens é que nós temos que mobilizá-los para reflectirem sobre as questões locais, para dentro, no ambiente aqueles que melhor conhecem e nos quais eles se sentem mais confortáveis, começarem daí a preparar a sua intervenção na sociedade, partindo do âmbito local podemos passar para o nacional e do nacional para o internacional. Só que nós pensamos que é preciso começar por algum lado e onde conseguimos melhor começar é no âmbito local do município. Muito obrigado.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado. O Grupo laranja vai apresentar agora o seu documento e vai fazer a pergunta o grupo amarelo.
 
Carlos Milheiro
- Sras. e Srs. Jornalistas, o Primeiro-Ministro.
 
Marco Rodrigues
- Muito boa tarde, Srs. Jornalistas. Desde já agradeço a vossa presença cá. O estudo que nós encomendamos e a que vocês tiveram previamente acesso, apresenta-se muito bem elaborado e com uma base bastante credível. Analisa muito bem no enquadramento político/comparativo o papel dos jovens na política, a influência que a política exerce sobre os jovens, a sua relação com as demais classes etárias e não descurando a sua participação na comunidade, quer do quadrante partidário e cívico, quer no interesse que os jovens manifestam por assuntos políticos, alinhamentos ideológicos e partidários, bem como a necessidade de implementar reformas urgentes na área sectorial. Para tal chegámos a três conclusões. A primeira, é que através dos resultados obtidos neste estudo podemos concluir que existe uma insatisfação dos jovens para com a democracia. Este comportamento pode ser explicado, por um lado, pela imagem de pouco credibilidade e confiabilidade atribuída à classe política e, por outro, pela inadequada transmissão da mensagem política. Segundo ponto, a informação e os meios através dos quais é transmitida é um dos factores que contribui para o baixo nível de conhecimentos políticos criando-se assim um cepticismo em relação à eficácia político-partidária constitucional que influencia a falta de participação dos jovens na política. Segundo estatuto, fica claro que o meio de comunicação privilegiada é a televisão e esta tende a ser sensacionalista no tratamento da informação, nós queremos mudar essa imagem. Por último a terceira conclusão tem a ver com os níveis de pertença a associações e a dedicação ao voluntariado em Portugal que apresenta uns valores baixos, no entanto, apesar dos baixos índices de intervenção partidária são os mais jovens que participam nas acções de associativismo. Muito obrigado.

(APLAUSOS)

 
Carlos Milheiro
-Para apresentar as medidas do governo, a Secretária de Estado da Juventude.
 
Elsa Marmelo
- Ora boa tarde a todos. Para que se estimule e dinamize a participação dos mais jovens e com base nas conclusões apresentadas propomos cinco medidas concretas. Enriquecer as aulas de Formação Cívica com a componente política através de simulações práticas que os levem a aumentar o seu conhecimento e interesse, criando uma cultura de participação democrática nas escolas. Os agentes políticos têm que transmitir a imagem de verdadeiros servidores da causa pública estando a tempo inteiro e exclusivo no exercício dos cargos públicos. O discurso político tem que ser apelativo e adequado. Propomos ainda incrementar e dar execução a políticas públicas dirigidas essencialmente para a classe jovem que devem ser aplicadas e direccionadas desde a sua entrada no sistema de ensino, promovendo encontros de jovens de todas as idades concomitantemente fomentar uma política de interacção entre os diferentes patamares do sistema de ensino. Pretendemos adequar a comunicação e informação aos espaços utilizados pelos jovens promovendo mais acções do género tertúlia reduzindo as mensagens sem descurar o conteúdo e indo de encontro aos problemas da juventude. Por último, baixar a idade mínima de voto para os 16 anos, promovendo uma reflexão alargada sobre esta problemática potenciando um debate intergeracional sobre o mesmo. São estas as principais medidas que podem mudar o panorama que foi traçado pelo Primeiro-Ministro e, para tanto, assumimos já o compromisso de que nesta legislatura poremos em prática as medidas por mim enunciadas. Obrigada.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Para formular a pergunta, a Rita Fragoso Lopes do grupo amarelo.
 
Rita Fragoso Lopes
- Boa tarde. Vou formular a pergunta à Secretária de Estado da Juventude. Estava a referir-se ao voto aos 16 anos, gostaria de saber se acha que um jovem com 16 anos tem maturidade suficiente para saber escolher quem é que quer a governar o seu país? Em relação à segunda pergunta, fala-se muito da falta de informação que os jovens não são bem informados, gostaria de saber como é que tencionam informar os jovens sobre as tertúlias que vão efectuar. E em relação à disciplina de Formação Cívica em que vamos expor casos práticos, como é que vão ser avaliados os jovens nessa disciplina e nesses casos específicos? Muito obrigada.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigada, Rita. Para responder tem a palavra a Elisabete Oliveira do grupo laranja.
 
Carlos Milheiro
- Para responder às vossas questões a Ministra da Juventude.
 
Elisabete Oliveira
Muito boa tarde Sra. Jornalista. Começo por agradecer as questões que foram colocadas e vou tentar responder de uma forma clara e esclarecedora. Deixe-me começar já por um assunto que me preocupa, preocupa-me porque a Sra. Jornalista é, com certeza, um reflexo da sociedade em que estamos inseridas e a questão que colocou é desde já uma falsa questão. Porque é, precisamente, pela imagem de desvalorização e desqualificação de jovens que depois temos o afastamento deles da política, não é? Quando consideramos que aos 16 anos os jovens não estão preparados para intervir políticamente ou para votar, então eles não terão, com certeza, um papel activo. E, depois, há outra questão. Não sei se está informada ou se tem acesso a esses estudos, nós obviamente que nos documentámos e o que acontece é que, assim, não teríamos só de retirar o direito de voto aos 16 anos, mas também teríamos que retirar ou, pelo menos, questionar a capacidade que a população em geral teria em votar, porque segundo estudos muito recentes e segundo investigações que estão na ordem da actualidade, o que se passa é que o voto e o momento de voto por parte das pessoas é muito mais uma questão emocional, porque como pode ler no estudo, a qualidade da informação que as pessoas dispõem é muito diminuta e o estudo, obviamente que nós nos fundamentámos mais nos resultados dos jovens, mas o estudo é também abrangente à população geral e o que acontece é que a população geral também tem um baixo conhecimento da política e dos acontecimentos políticos e, portanto, isso não me parece sequer só uma questão com que nos tenhamos que preocupar em relação aos jovens. Depois há outra questão que colocou e que tem a ver com a questão da disciplina de cidadania nas escolas. O que se passa e eu acho importante que se concretize é que essa actividade em relação à disciplina de Cidadania nas escolas tem que passar por actividades concretas. Basta e, acho que não adianta, termos pessoas mais velhas e, portanto, um bocadinho desadequadas da linguagem dos jovens a exporem os assuntos da mesma forma cada vez mais afastados dos interesses dos jovens. É importante sensibilizar e desenvolver assembleias de juventude organizadas pelos jovens, mais uma vez a responsabilização aqui é importante, debates temáticos, disciplinas, e aqui desculpem, mas tenho que falar de uma questão que é importantíssima. Mais do que apolítica os jovens têm que entender a força e o privilégio de viver num país democrático e acho que só entendendo isso numa disciplina de Cidadania é que eles poderão perceber. Ah, então vale a pena intervir na política porque é através da política e é através de partidos políticos que eu posso ter um papel activo na democracia, porque não é isso que se passa hoje em dia e é isso que sinceramente eu acho fundamental que alteremos. Porque a política não serve, e é assim que os jovens a percepcionam, para servir interesses pessoais mas para mudar este país. E é essa, sinceramente, o nosso principal propósito. Depois há outra questão que tem a ver com a informação e como é que os jovens poderão ter acesso a essa mesma informação. Eu acho que aqui há uma questão, os jovens têm que criar essa informação e passará muito por, exactamente, essa responsabilidade que tem a ver com o voto. Têm que haver formações óbvias que lhes permitam ter acesso às bases, mas são os jovens que têm que criar essa informação a partir das suas próprias dificuldades e dos seus próprios problemas. Antes de terminar e porque já acabei o meu tempo não resisto a explicar porque é que apresentámos esta conferência de imprensa como figuras do governo ao contrário do que aconteceu com outros grupos. É que, pelo menos, na Universidade de Verão, queríamos que eles se mostrassem competentes.

(Um minuto inaudível)

 
Dep.Carlos Coelho
- Vamos agora ouvir o grupo amarelo, irá fazer perguntas, o grupo rosa e para apresentar o trabalho de grupo amarelo tem a palavra o Edgar Mendes.
 
Edgar Mendes
- Magnífico Reitor, caro Presidente da Juventude Social Democrata, companheiros e companheiras. Dizer-vos, em primeiro lugar, que este estudo foi realizado pela Universidade Católica como é do conhecimento de todos, é uma instituição que já tem uma larga tradição na realização deste tipo de inquéritos e de estudos. Dizemos, em segundo lugar, que pelo facto de ter sido realizado um estudo realizado pelo Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva que é uma ilustre personalidade com inestimável contributo e dignificação do Partido Social Democrata, duas razões pelas quais este estudo nos merece toda a credibilidade. Dizer-vos, em seguida, que nós procurámos arranjar aqui um exemplo, um exemplo da moda, um exemplo cool, apenas para vos dizer que o grupo amarelo realizou mais um think tank das quais tirámos várias conclusões, algumas já foram aqui especificadas. Mo entanto nós retirámos aqui, as três seguintes: dizer-vos que uma das principais conclusões foi que, ao nível europeu, os jovens portugueses não ocupam os últimos lugares da tabela, o seu interesse não é dos últimos da tabela. Este facto só por si não nos dignifica mas muito menos nos desonra. Se tivermos em atenção que Portugal aparece sempre nos últimos lugares no que toca às estatísticas europeias. A outra conclusão é que os jovens, ou cada vez menos os jovens têm uma tendência pela ideologia da direita ou da esquerda, isto é algo que já não identifica os jovens, já não é algo que os faça influenciar. São muito mais influenciados por, por exemplo, por uma campanha publicitária e influenciados ela ser um partido de direita ou ser um partido de esquerda. A terceira conclusão que quisemos destacar é o facto dos jovens considerarem que a participação das mulheres na política é fundamental para este processo de democratização e participação dos jovens na política, queremos mais mulheres na política. Para tal, para incentivar esta participação nós apresentámos as seguintes medidas concretas. A primeira já foi aqui referida apenas parece-me óbvia e ela terá que ser devidamente implementada, que é a introdução, esta cadeira de Formação Cívica que existe já desde 2003, foi alias o Dr. David Justino do governo do PSD que a criou. No entanto, esta cadeira carece de um currículo, um currículo obrigatória, ela é obrigatória mas carece de um currículo obrigatório. Ou seja, é necessário criar no currículo que tenha obrigatoriedade, os directores de turma, penso que são eles que ao que pude apurar que dão esta formação cívica e que dê formação e informação sobre conteúdos como a Assembleia da República, Autarquias e outras questões associadas. Depois, a criação de delegados de turma nos primeiros ciclos e de representantes de escola e permitir que estes jovens tenham assento a título de observadores nos Conselhos Municipais de Juventude. A criação do Provedor Municipal da Juventude. Quarta medida, estimular a criação de plataformas de discussão sobre a responsabilidade das mulheres no seio dos partidos, isto é, as actuais mulheres que fazem parte das estruturas partidárias que sejam elas as principais motoras da atracção de mais mulheres para a política. A nossa última medida é fazer algo que foi aqui feito. No fundo, instituir um prémio, ali está anual, mas instituir um prémio mensal para o jovem que consiga apresentar a melhor proposta para incentivar os jovens para atrair os jovens para a política. No fundo, é fazer aquilo que fizemos aqui, este exercício que estivemos a fazer aqui durante estes dias, mas a uma escala nacional e, dar a título de exemplo, o jovem que apresentar a melhor política, uma vez por mês um jovem vai por exemplo, ao Parlamento Europeu como benefício desta atitude. Obrigado.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Obrigada, Edgar. Para formular a sua pergunta tem a palavra a Juliana Catarino.
 
Juliana Catarino
- Boa tarde a todos. As perguntas são as seguintes: quais as funções do Provedor Municipal da Juventude? Segunda pergunta, algumas destas medidas não podem perder eficácia fora dos grandes centros urbanos? A terceira e última, tiveram em conta na elaboração das vossas medidas os custos que envolvem a aplicação das mesmas? Obrigada.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado. Para responder tem a palavra a Filipa Bandeira.
 
Filipa Bandeira
- Muito boa tarde a todos. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a atenção que prestaram à exposição das nossas conclusões e das medidas que propomos para conseguir uma maior proximidade entre os jovens e a política. Em relação à pergunta que colocaram, aproveitamos esta oportunidade para esclarecer que as medidas que propomos para serem implementadas a nível local devem aproveitar as particularidades de cada comunidade, sabemos a exemplo do caso da avaliação de professores que é cada vez mais conferida uma maior autonomia às escolas e é, também, dentro dessa linha de actuação política que pensamos que a formação que deve ser dada às camadas mais jovens da nossa sociedade deve ser ministrada. E a primeira e a segunda pergunta estavam relacionadas com a implementação a nível local destas medidas. Em relação à última pergunta, prende-se com os custos da implementação das mesmas, das medidas, acho que é importante não descurar que podemos sofrer um maior custo de oportunidade se não levarmos a cabo a realização de todo um conjunto de novas atitudes a tomar e de novos projectos a implementar do que se olharmos apenas para o problema que aqui estamos a debater, de um ponto de vista estritamente económico e financeiro. Portanto, acho que isto é importante não reduzir um problema tão importante como o que estamos aqui a abordar a uma análise custo/benefício. Obrigada.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado. Vamos passar agora para o grupo rosa. Irá fazer perguntas, o grupo roxo e tem a palavra a Catarina Gomes.
 
Catarina Gomes
 - Boa tarde a todos. As conclusões do grupo rosa relativamente ao estudo “Jovens e Políticos” da Universidade Católica Portuguesa são as seguintes: alheamento dos jovens da política, baixa participação cívica e política, baixos níveis de participação de jovens portugueses na política quando comparado com os restantes países europeus. Afastamento dos políticos em relação aos jovens. A ordem do debate político actual não corresponde às prioridades, aspirações e expectativas dos jovens. Falta de credibilidade dos políticos junto das camadas jovens, existe algum desencantamento dos jovens portugueses. Vamos passar às nossas propostas. Estas dividem-se em vários níveis de intervenção e são feitas em forma de recomendações como podem visualizar neste slide. Em primeiro lugar, temos recomendações ao governo e/ou Assembleia da República e destacamos neste ponto promover o reconhecimento e valorização das competências adquiridas ao nível do voluntariado e do trabalho associativo e, em segundo lugar, potenciar e facilitar o processo de criação de associações juvenis através da desburocratização. Em segundo lugar, temos recomendações às organizações de juventude e neste ponto destacamos a formação de líderes e dirigentes associativos juvenis. Em terceiro lugar, temos recomendações às autarquias, municípios e freguesias e neste ponto destacamos um plano de acção estratégico a nível local envolvendo várias instituições locais, desde clubes desportivos, associações de carácter recreativo e cultural até aos próprios organismos do poder local, entre outros, no sentido de estimular o interesse dos jovens pela política e pelo exercício da cidadania. Em segundo lugar, ainda neste ponto, destacamos potenciar o papel dos Conselhos Municipais de Juventude e, por último, promover actividades entre autarquias, partidos políticos e escolas com o formato jogos da democracia ou similar. O nosso quarto ponto são as instituições de ensino. E neste ponto destacamos reforçar o número de estudantes nos órgãos de gestão das escolas. Em segundo lugar, promover e reforçar a educação para a cidadania em todos os níveos de ensino. Em terceiro e último, valorização da participação cívica e política, nomeadamente através da atribuição de créditos e certificação de competências nos cursos aos jovens que desempenham funções políticas e/ou associativas de alguma relevância. Em último lugar, temos, os media. Aqui também existe uma enorme importância e o que nós mais destacamos neste ponto é, promover o envolvimento dos órgãos de comunicação social na promoção da aproximação dos Jovens à política através de uma maior divulgação das actividades desenvolvidas pelas organizações juvenis, no sentido de colocar sempre as questões de juventude na ordem do dia. Muito obrigado a todos.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado. Vamos agora passar para as perguntas do grupo roxo, Frederico Saraiva.
 
Frederico Saraiva
- Ora, muito boa tarde. O meu nome é Frederico Saraiva estou aqui como representante do jornal JUV. Como percebi que o estudo foi encomendado por vocês tenho uma pequena questão um bocadinho global. Porquê encomendar o estudo e não usar um processo desburocrático para fazer esse mesmo estudo? Por exemplo, o referendo, porque é que encomendaram o estudo, não terão a descredibilizar-se vocês próprios? Será que nesta legislatura é aplicável tudo aquilo que vocês querem fazer? Ou é para fazer daqui a 50 anos, para quando? Por outro lado, vocês falam na falta de divulgação dos membros partidários, das juventudes partidárias, etc. porque é que, então, se é tão fácil assim, porque é que vocês não começam pela vossa própria juventude partidária para fazer essa divulgação? porque é que não o fizeram até ao momento? Muito obrigado.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado. Para responder, Irina Martins.
 
Irina Martins
- Boa tarde a todos. Se foi dito que fomos nós que encomendámos o estudo, se calhar, foi um lapso. Porque quem encomendou o estudo foi o Presidente da República à Universidade Católica. Peço imensa desculpa por este lapso mas não fui eu que o disse, peço desculpa em nome de todos nós. A seguir, estas políticas todas elas são políticas simples, especialmente aquelas que estão na parte das autarquias que são aquelas que podemos fundamentar mais como os jogos de democracia que é uma coisa simples, que é promover entre os jovens, no ensino básico e ensino secundário, jogos onde os jovens podem fazer uma simulação de Assembleia da República. Essas entre outras medidas, você não especificou nenhum concreta, por isso eu falo de todas, acho que todas são concretizáveis, quer a curto prazo se houver vontade política, se houver vontade dos jovens que há muita vontade dos jovens participarem, penso que são realizáveis a curto e a longo prazo, não há qualquer empecilho neste momento, pelo menos, da parte do PSD. Falta a última pergunta, peço desculpa.
 
Dep.Carlos Coelho
- Peço desculpa. As perguntas foram feitas, as respostas têm que ser dadas. Irina, muito obrigado. Vamos ao André Aldeia do grupo roxo. Vão fazer perguntas, o grupo encarnado.
 
André Aldeia
- Antes de mais, boa tarde, caros colegas, caros jornalistas, só aguardar um bocadinho pela nossa apresentação. Vou começar, então, com a apresentação das conclusões que o grupo roxo obteve deste estudo encomendado pelo Excelentíssimo Presidente da República, o Sr. Cavaco Silva. A primeira conclusão, os jovens reconhecem o voto como a melhor forma para participação política. Isto seguido das associações voluntárias e da comunicação social, muito mais do que a colaboração com os partidos ou mesmo com os políticos directamente. Isto mostra um claro desapego e um claro descrédito da política como condutor da voz individual e social dos nossos jovens. No ponto nº 2 o grupo roxo, identificou os jovens adultos entre os 18 e os 29 anos são os mais interessados pela política. Embora isto se denote como uma das conclusões, não é uma conclusão se calhar tão positiva quanto isso. Isto porquê? Porque denota-se dentro de um panorama global de interesse muito baixo. Ou seja, este grupo entre os 18 e os 29 anos é normal que realmente demonstre um interesse maior pela política, porque é um grupo que entra no mercado de trabalho, é um grupo que entra no mercado também académico e é natural que siga por interesse maior, embora e volto a frisar, não tem grande interesse, não revela um interesse significativo perante a política e perante a representação dos órgãos políticos. Ponto nº 3, jovens sem orientação política mas abertos a novas reformas. Nesta parte da conclusão, o que nós entendemos é que entre esquerda e entre a direita não há propriamente uma grande relevância atribuída pelos jovens, quer dizer, não conferem essa diferença como um ponto importante. Identificámos também no estudo que existe um baixo, muito baixo optimismo para com a democracia no presente e no futuro. No entanto, os jovens portugueses acham importante as novas reformas e acham também muito importante novos métodos de opinião mais directa. O que é que isto revela para nós como conclusão? Revela uma tremenda insatisfação, revela um sentimento e uma grande necessidade de mudança da realidade portuguesa. Como tal, nós, o grupo roxo, propomos algumas resoluções, algumas medidas a implementar. Implementar a política na formação de base no sistema de ensino básico e secundário. Já falámos aqui na formação cívica e nós vamos insistir também nesse aspecto. Isto é uma disciplina que não tem trazido grandes melhorias, é uma disciplina que tem sido utilizada, se calhar, para outros assuntos não tão directamente ligados à cidadania. Nós propomos, então, que se insista, que se regulamente e que se fiscalize realmente esta área, estendendo-a também ao ensino secundário. Ponto nº 2, promover acções de formação cívica e política. É preciso motivar para a participação, interessa saber como. Promovendo a criação de clubes, promovendo estes clubes nas várias áreas sociais, nas várias áreas lúdicas e políticas dentro das escolas básicas e secundárias, podemos entrar num caminho que vá levar de futuro a uma formação política e associativa mais consistente que parte da base por questões mais simples, mais do interesse comum e partindo para, se calhar, mais tarde no futuro, uma participação política activa. Ponto nº 3, fomentar, apoiar e responsabilizar o associativismo. Temos que simplificar o financiamento das nossas associações, temos que simplificar aliás todo o processo, não só o financiamento, temos que lhes dar mais autonomia na participação política e só através disto é que iremos conseguir, temos que garantir um direito que temos perdido, temos que garantir a representatividade, o voto útil junto dos órgãos de gestão dos nossos estabelecimentos de ensino, sejam eles ensinos secundários, ou do ensino superior ou quem sabe, se calhar, não uma participação talvez mais como observadores no segundo ciclo do ensino básico. Simplificar os meios de informação políticos aos jovens. Isto passa por aumentar a comunicação e a compreensão entre os jovens e o Estado, combater a falta de entendimento que existe entre os jovens e a compreensão política, a compreensão dos órgãos do Estado. É preciso abreviar, é preciso adequar, é preciso descomplicar a compreensão política e promover a cidadania. Ponto nº 5 e último, sensibilizar os jovens para a participação no poder autárquico. Basicamente, passa por abrir o poder local à participação dos jovens interagindo com as escolas, trabalhando em conjunto com as escolas desde o básico, também mais uma vez volto a frisar como grupos de ideias, grupos escolares e mais alguns projectos, mas também pelos problemas que afectam mais directamente os jovens na sua freguesia, no seu concelho, no seu distrito. Muito obrigado.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado. Do grupo encarnado, João Francisco.
 
João Francisco
- Boa tarde. Diz que os jovens reconhecem que o voto é uma ferramenta eficaz de exercer a democracia. No entanto, este mesmo estudo revela que a maioria dos jovens despreza o voto, diz mesmo que acham que é tão legítimo votar como não votar. Não acha que isto é um paradoxo? Segunda questão, falaram em Formação Cívica. Como pudemos ouvir ontem na aula sobre Falar Claro, a política está chata, acha mesmo que é na escola com aulas que tornamos a política menos chata, mais atractiva? Terceira questão, usaram expressões como sensibilizar, promover, potenciar, para mim estas expressões não passam do “falam, falam, falam e não dizem nada”. Esta questão do divórcio dos jovens com a política já é velha, não acha que já é altura de não só promover, mas de haver medidas concretas por parte dos governantes? Obrigado.
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigada. Para responder, Henrique Regalado.
 
Henrique Regalado
- Ora bem, vou começar por agradecer a vossa presença aqui e agradecer as vossas perguntas e podemos já contrariar o nosso Presidente da República, porque assim já estamos a promover a política entre os jovens que é a nossa faixa etária e é nela que estamos inseridos quase todos que estamos aqui. Começando pelo voto, o voto é considerado pelos jovens como a forma mais eficaz para participar na sociedade. Há pessoas, há jovens que dizem que pensam que não vale a pena votar, é verdade, é verdade porquê? Porque cada vez menos se pode confiar no governo. E, então, há jovens que têm aquela ideologia de que vamos votar para quê se não vamos conseguir mudar isto? Mas se nós permanecermos na ignorância, se não formos votar, aí é que podemos ter a certeza que nada vai mudar. Pegando no ponto da Formação Cívica, por exemplo, falaram no caso da Formação Cívica da política ser chata, não é? Por exemplo, vamos tornar a política menos chata. Como é que podemos fazer isso? Vamos tornar a política lúdica, vamos fazer como estamos aqui, agora, vamos promover a política como algo que, temos que estudar os jovens e promover a política como algo que nos faça sentir bem, que nos faça ser, que possa tornar a política mais atractiva. Por exemplo, a Universidade de Verão é um desses exemplos. Outro exemplo que também pode entrar neste tópico para tornar a política menos chata pode ser, por exemplo, o Parlamento Jovem, não sei se sabem o que é que é, é um concurso entre escolas que é promovido pelo Conselho Europeu e que tem como …. desculpem ao meu grupo, não era isto que estava previsto. Desculpem, a vocês todos.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Vamos passar para o último grupo. É o grupo encarnado que vai apresentar o seu trabalho. E quem faz perguntas é o grupo cinzento. Tem a palavra o André Machado.
 
André Machado
- Sr. Reitor da Universidade de Verão, Sr. Presidente da JSD, caras e caros colegas. O Presidente da República no passado dia 25 de Abril, no seu discurso à Nação, decidiu tratar o tema e levantar a questão e o grave problema do afastamento dos jovens da actividade cívica, nomeadamente da actividade político-partidária. As afirmações do Sr. Presidente foram baseadas num estudo científico do Centro de Sondagens da Universidade Católica Portuguesa, mas o mais Alto Magistrado da Nação não ficou por aí e foi o primeiro a dar o exemplo. E reuniu no Palácio de Belém, há poucos meses, as juventudes partidárias e as associações juvenis mais significativas do País, de modo a encontrarem algumas soluções para o problema que diagnosticou. O grupo encarnado pensa que a Universidade de Verão é uma prova e contraria todas as estatísticas deste estudo. E o grupo encarnado que participa activamente e quer participar activamente nesta universidade, nessa linha, tirou três conclusões e tem cinco propostas a apresentar a esta Assembleia. Vamos às conclusões, a primeira conclusão é de que os jovens estão insatisfeitos com o funcionamento da democracia e defendem transformações limitadas na sociedade. Contudo, não querem participar, não querem tomar parte activa nessas mesmas alterações. A segunda conclusão é que existe um descrédito na democracia indirecta por parte dos nossos jovens e identificam-se mais com os mecanismos da democracia directa como sejam o referendo ou as petições. Tudo isto revela uma falta de confiança nos nossos representantes. A terceira e última conclusão prende-se com o quadro 47 do estudo a que podem aceder, que fala-nos sobre a escala direita/esquerda e os jovens colocam-se maioritariamente no centro do espectro político. Isto revela que não dão a devida importância à ideologia e há uma descrença total na política e nos políticos. Nesta linha, o grupo encarnado tem a propor, em primeiro lugar, à Assembleia da República. A promoção de uma maior proximidade entre eleitos e eleitores e como? Através de encontros dos Deputados com associações juvenis e escolas dos círculos eleitorais por quem foram eleitos. Esta maior proximidade contribuirá, de certeza, para uma maior informação por parte dos jovens e esperamos nós para uma maior motivação para a actividade cívica. Ao governo propomos a valorização curricular em sede de acesso ao ensino superior e o desenvolvimento do suplemento ao diploma no que toca ao acesso ao mercado de trabalho. Assim, estaremos a incentivar a participação cívica dos jovens do ensino secundário e do ensino superior, e estaremos a dinamizar ao mesmo tempo o associativismo. Ao governo ainda também, uma reforma na educação, espantem-se, sobre a Formação Cívica e a área de projecto também. Pretendemos que sejam reformados os planos curriculares e que se dê uma iniciação à política com simulação de assembleias municipais ou de freguesia, como entenderem. Isto resultará numa preparação dos jovens para uma actividade cívica política. Quarto lugar, às associações para incitar a participação em encontros ou em projectos internacionais com o apoio do Estado em que serão eles os representantes do nosso país. Isso confere-lhes uma grande responsabilidade, mas assim o movimento associativo mantém-se actualizado através do intercâmbio e preparado através da experiência adquirida. Por último, aos partidos mas também às associações, propomos acções temáticas regulares, tal como esta Universidade de Verão, embora seja de âmbito mais geral. Isto é, sem dúvida, um investimento seguro nos jovens quadros dirigentes e uma garantia de futuro para as instituições. O grupo encarnado manifesta uma convicção profunda nestas e nas demais propostas, não pela amizade que já consideramos ter construído entre nós e entre todos os participantes da Universidade, mas pela confiança na competência de todos nós e nas medidas que aqui propusemos todos hoje. O afastamento dos jovens faz parte de um problema estrutural do país que exige uma resposta global adquirida apenas por uma profunda reforma do sistema. E permitam-me terminar com três muito breves notas. Uma convicção, uma constatação e uma esperança. A convicção que, ontem, fomos o orgulho das nossas famílias, o orgulho dos nossos amigos. A constatação de que, hoje, com estas medidas, com a qualidade destas medidas e das intervenções somos o orgulho sem dúvida desta Universidade de Verão e do partido a que orgulhosamente pertencemos. A esperança de que, no futuro, amanhã, seremos o orgulho do nosso país, o orgulho de Portugal.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Para formular a sua pergunta em nome do grupo cinzento, Sara Catarino Oliveira.
 
Sara Catarina Oliveira
- Boa tarde, nós gostaríamos de saber porque é que não consideram como relevantes os dados relativos aos níveis de conhecimento político dos jovens portugueses? O que é que vos levou a considerar as conclusões apresentadas mais importantes do que estes dados? A segunda pergunta, não entendemos em que medida a proposta de maior financiamento de projectos a nível internacional de representação do vosso país irá resolver qualquer um dos pontos mencionados nas vossas conclusões. Poderiam concretizar? Na terceira pergunta, dada a especificidade da proposta de promoção da proximidade entre os eleitores e eleitos, qual é a aplicabilidade da mesma no que toca ao extracto social ou etário?
 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado. Para responder tem a palavra, João Almeida.
 
João Almeida
- Muito obrigado pelas vossas questões. Gostaria de começar, obviamente, pela primeira pergunta e tenho pena que não tenham referido quais os dados relevantes que nos levaram a chegar a estas conclusões. Porquê? É claro que em todas as conclusões que nós identificámos há um desprezo geral dos jovens pela política, isso nem se põe em causa, há uma falta de informação e uma falta de curiosidade que tem que ser correspondida por um esforço maior de todas as partes envolvias, e é nesse âmbito que formulamos as nossas propostas. Passando à segunda pergunta, como é que o financiamento alargado à participação dos jovens em iniciativas internacionais, intercâmbio, etc., podem influenciar? Bem, eu relembro que, hoje em dia, o IPJ segundo os dados que temos, é responsável por 50% do financiamento ao associativismo escolar. E também, relacionado com isso, podemos ver que muitas vezes não é suficiente para financiar as idas dos nossos jovens ao estrangeiro. Dou o exemplo da minha escola, isso passou-se diversas vezes e são os jovens que têm que ser eles próprios a financiar. Para além disso, este financiamento extra ia levar a que uma instituição como o IPJ que está a cargo destas medidas, conseguisse financiar e ajudar a financiar outras instituições que promovessem grupos de debate desde os mais diversos grupos de apoio à iniciativa cívica e partidária. Partindo agora para a última pergunta quanto à proximidade do eleitorado com quem, de facto, elege. Até podemos fazer uma análise mais robusta do que aqui fizeram. O público a quem nós dirigimos esta pergunta nem sequer é votante, portanto, porque é que falamos em quem já é eleito? Porquê? Porque a perspectiva, a imagem que os jovens hoje têm da política perante as suas necessidades não é correcta, e qual é a perspectiva que eles vão ter para o futuro se ninguém se aproximar deles? É isto que nós defendemos. Hoje em dia, isto já é previsto, a participação dos eleitos perto do seu eleitorado mas, de facto, não resulta. Por vezes há Deputados, como em casos que foram debatidos dentro do nosso grupo, caso de Deputados que se apresentam disponíveis para o fazer, mas muitas vezes isso não acontece e é isso que nós queremos reforçar. Aumentar a confiança da juventude na política vai levar a uma maior confiança no futuro que leve a uma maior participação. Eu repito a palavra maior mas é sempre nisso que temos que investir porque os níveis actuais são muito pequenos. E para acabar gostaria de referir à postura que adoptamos aqui. Tenho pena que alguns grupos tenham adoptado uma postura agressiva perante os supostos jornalistas aqui. Havia, as perguntas mais pertinentes, foram as que foram atacadas com maior agressividade e menos respondidas. Nós apresentamo-nos aqui com clareza, com certeza das medidas que defendemos e é isso que vamos explicar não temos medo de responder a nada e somos pacíficos mas somos claros.
 
Dep.Carlos Coelho
- Bem, terminámos a apresentação dos vossos trabalhos e vocês responderam às vossas perguntas. Breves notas. Primeira nota para agradecer ao Pedro Rodrigues a decisão que ele tomou de incluir este tema como o tema fundamental dos vossos grupos de trabalho. Foi o líder da JSD que tomou essa decisão. O ano passado tivemos um trabalho muito diferente, é a primeira vez na Universidade de Verão e que fazemos este debate. No ano passado, o trabalho de grupo fundamental foi escolher o melhor português de todos os tempos, uma coisa completamente diferente. O Pedro decidiu este ano que deveria ser esta matéria e acho que ele fez muito bem. Mas a segunda é uma provocação para vocês e para mim, porque aí estou exactamente no mesmo barco. Quando eu era líder da JSD, já se dizia que havia afastamento entre a política e os jovens, não é uma coisa de hoje é uma coisa antiga. Mas o que é verdade é que se nós pusermos a nossa mão na consciência, particularmente aqueles entre vós que são dirigentes da JSD, a pergunta é quantas vezes na vossa distrital, na vossa concelhia ou aqueles que são aqui dirigentes estudantis na vossa associação de estudantes ou aqueles que são aqui autarcas na vossa autarquia, quantas vezes é que puseram este assunto em cima da mesa? E a verdade é que estamos numa sociedade em que o mediático tem muita força e foi necessário que o Presidente da República encomendasse um estudo para que isto entrasse na ordem do dia e para nós fazermos este debate na Universidade de Verão. E, portanto, a primeira mensagem que eu gostava de tirar hoje é de que nós devemos tornar a pôr a mão na consciência e pensar quantos outros assuntos nós já devíamos estar a discutir de forma aprofundada nas nossas estruturas sem ter de esperar que o Presidente da República encomende um estudo a qualquer instituição. Isso é uma reflexão que fica para cada um de vós. Segundo, queria felicitar-vos pelos três pontos da análise, com excepção de dois ou três grupos que não gostei muito e dois ou três que apreciei bastante. De uma forma geral, todos os grupos fizeram uma análise correcta do estudo, isto é subjectivo mas eram 52 páginas, vocês receberam isso na 2ª feira, só começaram a trabalhar na 3ª feira, tiveram que apresentar os vossos trabalhos, hoje. Na prática, tiveram que os terminar ontem e leram as 52 páginas e interpretaram bem o estudo. E eu estou em condições de dizer que a leitura pública que dele foi feita foi muito precipitada. Vocês resumiram bem em três pontos, viram o trabalho que isso vos deu reduzir 52 páginas a três pontos, mas fizeram-no bem, leram-no bem, resumiram-no bem e estão de parabéns por esse trabalho. Em terceiro lugar, quero felicitar-vos pela qualidade das vossas apresentações, registei que muitos foram para o PowerPoint que hoje é uma ferramenta fácil de usar e que ajuda a transmitir mensagens. E vi também quem não utilizasse o PowerPoint mas utilizasse soluções criativas como aquele grupo que pôs uma voz off que o Primeiro-Ministro, que a Secretária de Estado e que a Ministra iam usar da palavra. Não tinham PowerPoint, mas nem por isso deixaram de com uma solução simples e criativa criar um ambiente. E todos aqueles que encenaram a sua representação, e que ajudaram a criar ambiente por essa encenação, também as minhas felicitações. Em quarto lugar quero também dar-vos os parabéns pela gestão dos tempos. De uma forma geral com duas ou três excepções, todos falaram dentro do tempo ou abaixo do tempo e de uma forma geral, quem foi mais sucinto foi mais eficaz na transmissão da mensagem. A gestão dos tempos é difícil, é difícil reduzir a poucos minutos o essencial, mas vocês fizeram-no muito bem. Praticamente nunca tive que chamar a atenção de ninguém pela ultrapassagem do tempo. Finalmente duas notas, vocês foram sujeitos a um trabalho de pressão, tiveram que reagir com rapidez, quem teve que fazer a pergunta teve que a fazer depois de ter ouvido a apresentação, quem teve que responder às perguntas teve que responder de imediato. Ao responder de imediato, vocês tiveram que provar duas coisas e a maior parte de vocês provou, houve dois ou três grupos em que a coisa já não funcionou tão bem, mas de uma forma geral, vocês demonstraram grande conhecimento do documento do vosso grupo porque o defenderam logo, o que é muito importante saber do que se fala, falámos nisso no Falar Claro. E foi notado que alguns fizeram o trabalho de casa, isto é, anteciparam as perguntas, pensaram, estes fulanos vão perguntar por onde, isso é legítimo. Recordo-me alguém que disse já sabia que vocês me iam fazer uma pergunta sobre o referendo que é um dos pontos mais controversos. Ou seja, antecipar as perguntas que podem ser feitas é preparar uma conferência de imprensa, mesmo com jornalistas. Que perguntas é que eles vão fazer? Portanto, isso é fazer o trabalho bem. Agora vocês estiveram sob tenção, houve dois colegas vossos que se esqueceram, no meio, o que é que me perguntou que eu já não me lembro? E eu não deixei repetir porque isso ia alterar as regras do jogo e porque aqui não estamos a dar notas a ninguém, ninguém vai ficar penalizado porque se esqueceu mas isso é um bom exemplo. Eu agradeço às duas pessoas que se esqueceram porque assim vocês ficaram com uma memória visual o que é que acontece quando alguém se esquece, é terrível, é terrível. Eu vi um colega meu, acontecer isso no Parlamento, na Tribuna, ele ia dizer uma coisa e esqueceu-se e teve uma branca. Geralmente não há grande problema uma pessoa dizer, olhe já não me lembro o que você perguntou, geralmente não há problema, mas não fica muito bem e pode criar um grande embaraço. Num debate parlamentar, pode criar uma resposta, se a pessoa que fez a pergunta for um espertalhão ou uma espertalhona diz, eu acabei de fazer uma pergunta há dois minutos e já se esqueceu? Como é que nós lhe podemos pedir que tenha em memória os problemas dos portugueses? Que se recorde das promessas que fez ao eleitorado? Que saiba o que é que o seu governo decidiu na semana passada? O Sr. tem uma memória de galinha. Isto, no debate parlamentar, pode ser fatal. Numa conferência de imprensa, um jornalista pode fazer uma brincadeira no mesmo género, tem uma memória curta, já não sabe que, demonstrou grande tensão, portanto, pode ler nas entrelinhas porque é que houve esquecimento ou pode, simplesmente, como é humano, ficar chateado. O jornalista, hoje, dizer não deu valor nenhum à minha pergunta até a esqueceu. Portanto …

(Dois minutos inaudíveis)

 
Dr.Pedro Rodrigues
- (...) novas formas de motivar os jovens para participarem na política.

Porque não vale a pena termos ilusões. Se nós não formos capazes de chamar a juventude para participar na actividade politico-partidária, estamos a divorciar-nos do futuro de Portugal. Ainda não encontrámos nenhuma forma de conciliar a democracia com outras organizações que não fosse com os partidos políticos. E, portanto, os partidos por muito maus que sejam, por muito terríveis que sejam são os instrumentos que temos para funcionar a democracia que temos.

E, portanto, este desafio é um desafio central da nossa geração, do meu ponto de vista, e, portanto, queria agradecer ao Carlos a sensibilidade de ter trazido esta matéria para a Universidade de Verão e de ter permitido que vocês reflectissem sobre o assunto e trouxessem propostas interessantes e novas sobre o assunto.

E queria também dar-vos uma palavra de apreço pelo esforço que fizeram, pelo trabalho que demonstraram e pela preocupação que também tiveram na elaboração deste trabalho. Eu gostei do que vi, gostei muito, as conclusões concordo na generalidade com elas vou já comentá-las e concordo também com algumas propostas.

A primeira questão que eu coloco é saber se são os jovens que estão afastados da política ou se são os políticos que estão afastados dos jovens? Eu acho que não são os jovens que estão afastados da política! Eu acho que são os políticos que estão afastados dos jovens! E permitam-me que parta de um pressuposto que para mim é um pressuposto certo e gostava que vocês partissem também dele. Primeiro a intervenção política e cívica não se resume aos partidos políticos, a intervenção cívica e política é por exemplo vocês terem um blogue na internet, darem a vossa opinião sobre um determinado assunto, isso é intervenção cívica e política. Intervenção cívica e política é participarem nas vossas associações de estudantes, recreativas, culturais, etc., etc., etc. Intervenção cívica e política é também participar em acções de voluntariado, isso é intervenção cívica.

E o que é que diz o estudo? O estudo diz que os jovens são o extracto da sociedade portuguesa que mais se mobiliza na participação de associações, de acções de voluntariado.  São os jovens por exemplo que mais se mobilizam por determinado tipo de causas - vejam o que se passou ao nível do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. Diz o estudo que os jovens se mobilizaram mais do que as outras camadas da sociedade portuguesa. Diz o estudo que os jovens se mobilizam mais na intervenção por exemplo, ao nível das autarquias do que noutros níveis de intervenção.

Ou seja, que não é verdade que os jovens estejam afastados da política, portanto. Estão afastados é dos partidos políticos e da intervenção político-partidária. E porquê? Essa é que eu acho que é a grande reflexão que temos que ter: porque é que os jovens estão afastados da política partidária?

Mas antes disto, há outra ideia que eu também gostava de combater: é de que esta geração, a nossa geração, é a menos interessada na política do que a geração por exemplo do Carlos ou gerações anteriores. Isso é uma falsidade do meu ponto de vista. A juventude sempre se mobilizou por causas. Nos anos 70 mobilizavam-se contra a guerra, guerra colonial, grande causa da juventude portuguesa. Nos anos 60 liberdade de expressão, de reunião de participação, etc., etc., etc. Os jovens mobilizam-se por causas. No tempo do Carlos, pela consolidação da democracia portuguesa, uma grande causa. E os partidos políticos conseguiam chamar a juventude, porquê? Porque iam atrás destas causas.

Hoje, quais são as causas que os jovens têm que agarrar? Quais são as causas dos partidos políticos? O silêncio é sepulcral. Essa é que é a grande questão, nós temos que ser capazes de encontrar causas que mobilizem e motivem a juventude portuguesa,

E as causas hoje, as minhas causas, as vossas causas, as causas dos vossos colegas não são universais, eu hoje mobilizo-me por determinado tipo de matérias, vocês mobilizam-se por outras. Eu, por exemplo, mobilizo-me pelo ambiente, vocês provavelmente mobilizam-se pelo mar, ou mobilizam-se pela educação, ou mobilizam-se por outra matéria qualquer. A Zita por exemplo mobiliza-se pela participação das mulheres na política, que é uma grande causa também. E, portanto, os partidos políticos têm que reinventar causas e têm que conseguir falar a mesma linguagem dos jovens, interpretando as causas que eles querem agarrar, e fazer dessas mesmas causas a sua intervenção política. Por outro lado, hoje em dia, a participação política também já não se faz só através do voto. Houve um colega vosso que referiu, que os jovens não olham para o voto com a mesma importância com que outras gerações olhavam. O voto é o mecanismo tradicional da participação na democracia como sabem. É verdade. Duas conclusões sobre isso. Primeiro, não olham para o voto como o alfa e ómega da participação política, desde logo, porque também há outros instrumentos de participação política que não existiam há 30 anos atrás; mas também olham para o voto de forma frágil porque não se revêem nos destinatários do voto, quando se revêem nos destinatários do voto com certeza que olham para o voto com outra eficácia e com outra preocupação.

E, portanto, hoje os partidos políticos não têm a linguagem que os jovens querem ouvir. Houve alguém que disse que a política é chata e eu diria que a política está é muito chata, mas não é chata, está muito chata. Como é que os partidos se organizam? Vocês já pensaram que sentido é que faz hoje os partidos organizarem-se como há 50 anos atrás. O PSD organiza-se da mesmíssima forma, como o Partido Socialista, o Partido Comunista, etc., etc., como os partidos do início da Iª República e do séc. XIX, são os mesmos partidos políticos com base em circunscrições territoriais, etc., etc. Qual é o meu território onde é que eu estou, qual é o vosso território, não sei qual é o meu território, o meu território hoje não existe, eu tanto estou aqui como posso estar na China, eu comunico com tanta facilidade com um amigo meu que está nos Estados Unidos como com alguém que é meu vizinho, aliás, até comunico mais facilmente às vezes com quem está lá fora do que com quem está ao meu lado.

E, portanto, hoje em dia, organizar e assentar os partidos políticos apenas com uma base territorial, é uma ideia absolutamente ultrapassada. Hoje não há territórios, não há fronteiras, não há espaços. Hoje os partidos políticos têm que se organizar é por causas, por causas. Se eu me preocupo com o ambiente porque é que eu não poderei organizar-me com aqueles que se preocupam também com o ambiente, e que estão noutra ponta do país, ou que estão do outro lado do Atlântico, porquê? O João Almeida disse aqui uma coisa que gostei muito de ouvir, e que eu não sei se vocês valorizaram muito mas eu gostei muito de ouvir. Ele disse assim: ”a nossa postura é de serenidade e de clareza às respostas que foram feitas e não de confronto e de combate”. Essa é outra das razões que pelo meu ponto de vista os jovens se afastam da política, é que hoje em dia os políticos parece que não são políticos são lutadores de boxe, sempre prontos para dar um murro um ao outro, mesmo que concordem, sejamos claros. Hoje os políticos continuam a trabalhar na base do preto e do branco, o Carlos Coelho é meu adversário imaginem, ele diz branco, bom, e até tem razão, mas eu tenho que dizer preto porque ele é meu adversário. Ninguém acredita nisto. Já ninguém acredita nisto. Não se constrói rigorosamente nada nesta dialéctica. E os jovens não acreditam também nisto, como é evidente.

Isso era uma prática que resultava há 40 anos atrás, hoje a informação circula a uma velocidade vertiginosa; hoje os espaços de fóruns, de reflexões, de discussões, de construção de ideias e de espaço de intervenção são milhares; hoje a malta nova está pronta é para ajudar a construir e não para destruir. Vejam o que se passa nos blogues com os comentários e com as propostas, as sugestões, uns blogues a responder a outros blogues, etc., etc. E portanto, os políticos têm que entender que essa clivagem não pode ser afirmada desta forma. Se o Carlos Coelho é meu adversário e diz branco, eu não posso dizer que é preto só porque ele é meu adversário. Se ele diz que é branco e de facto eu concordo que é branco eu devo dizer, sim senhor, eu concordo consigo. Mas olhe, temos outras diferenças, outras divergências, por exemplo no vermelho você diz encarnado, eu acho que é vermelho. (Risos)

E vejam que não é por acaso, não é por acaso que no estudo quando os jovens são perguntados sobre a relevância da dicotomia esquerda/direita a maioria deles, desculpem a expressão, está-se borrifando para isso. E querem que vos diga uma coisa, eu também estou, eu também estou, porque eu não resolvo os problemas do país e do futuro do país num debate ideológico de há 40 anos sobre o que é esquerda e sobre o que é direita. Eu resolvo os problemas do país se estiver mobilizado na discussão das grandes questões nacionais, e se estiver disponível para em conjunto com aqueles que em matérias em que eu estou preocupado queiram discutir comigo na base da construção de ideias, eu não tenho que estar sempre contra porque é contra, sempre a favor porque é a favor.

Eu faço-vos uma pergunta: vocês são de esquerda ou são de direita? E eu não sei responder, eu não sei responder. Acreditas na autoridade do Estado? Acredito. Então és de direita, muito bem, sim senhor. Acreditas na solidariedade social? Claro que sim, acredito na igualdade de oportunidades. Então és de esquerda. Bom.

É preciso perceber que o debate entre a esquerda e a direita não pode hoje ser colocado na agenda política, nos mesmos termos em que foi colocado há 40 anos quando estávamos a enfrentar dois blocos mundiais e estávamos em plena Guerra-Fria. Quer dizer, não faz nenhum sentido hoje, a realidade é outra, o mundo mudou. O problema é que tudo mudou, o mundo mudou as pessoas mudaram, as preocupações das pessoas mudaram e pasme-se: os partidos políticos não mudaram, e os políticos não mudaram. Continuam com a mesma prática, com o mesmo discurso, com os mesmos tiques, com as mesmas preocupações, e depois imagine-se, ninguém os quer ouvir. Porquê? Porque estão a falar uma linguagem do politiquez que já ninguém tem paciência para ouvir, e que do meu ponto de vista, já não se adequa à realidade.

Por outro lado, é importante que tenhamos a noção, e isso é uma realidade, que os jovens também não se revêem nos actores políticos porque, de facto, também não temos encontrado grande estímulo nos actores políticos que temos, é uma verdade. Eu rejeito aquele debate, aquela discussão sempre a dizer que os políticos não são credíveis ou que os políticos são isto, ou são aquilo, não é verdade. Na política há coisas boas e coisas más, como há na advocacia, na área da saúde, como há nas empresas, como há nas associações culturais e como há nas associações de caridade e beneficência.

Bom, a política faz-se com homens, os homens têm virtudes e têm defeitos, e, portanto, há defeitos e há virtudes em quem faz política. A verdade é que, como hoje o espaço de intervenção política não é atractivo, muitos que deviam que cá estar não se sentem motivados para estar, e portanto do meu ponto de vista o que é importante é fazermos uma alteração de paradigma. Alteração de paradigma na organização dos partidos políticos;, alteração de paradigma na organização das juventudes partidárias, como é óbvia; alteração de paradigma no discurso, na prática, nas prioridades e na forma de interagir com os jovens portugueses.

É evidente que a escola também tem que ser um espaço de cidadania e não é. Praticamente todos os grupos apresentaram algumas propostas relativamente à alteração dos currículos do ensino secundário, à introdução de cadeiras de formação cívica e reforço do que já existe, e alguns falaram da importância de iniciativas como o parlamento jovem, etc., etc., é tudo muito importante. Mas é importante que a escola também altere a forma como olha para os alunos, os alunos não são recipientes onde se coloca o conhecimento. O Carlos, na abertura da Universidade de Verão, citou uma frase que eu acho extraordinária, temos que atear o fogo para que vocês se desenvolvam - é a mesma coisa na escola.

A escola tem que criar espaços de construção de cidadania, mas os partidos políticos também.

Uma das propostas que falaram tem a ver com quotas, quotas para jovens. Eu sou contra as quotas por natureza porque acho que ser jovem é um problema que se resolve com o tempo, (para mim não é problema rigorosamente nenhum), Deixem-me dizer o seguinte, ser jovem em política parece que é um pecado, ser jovem em política parece que é um pecado. Recentemente tivemos as eleições directas para a liderança do partido e pasme-se havia um candidato que tinha 45 anos e diziam que ele era jovem, bem jovem era Filipe Gonzalez quando assumiu a liderança do governo espanhol, jovem era Tony Blair quando assumiu a liderança do governo inglês, jovem era Vasco da Gama quando descobriu o caminho marítimo para a Índia tinha 29 anos, vejam bem, e não se nascia mais cedo na altura, morria-se mais cedo, mas não se nascia mais cedo. Jovem era Pedro Álvares Cabral que também tinha 31 anos, jovem era Bartolomeu Dias que tinha 31 ou 32 também. Com 45 anos é um jovem? Jovem é o Primeiro-Ministro da Suécia, que foi líder da juventude partidária da Suécia há 3 anos atrás, tem 33 anos, salvo erro, ou 34 anos, isso é que é ser jovem. Barak Obama tem 46 anos e ninguém diz nos Estados Unidos que ele é jovem vejam bem. Marques Mendes tinha 28 anos quando foi Secretário de Estado pela primeira vez, era jovem? Pedro Santana Lopes a mesma coisa, Durão Barroso a mesma coisa. O Carlos Coelho quando chegou ao parlamento tinha 19, aí sim era jovem.

E, portanto, parece que há um pecadilho por sermos jovens na intervenção política e é preciso combater essa ideia. Como é que se combate, combate-se, e essa é uma responsabilidade nossa, vossa, nós não podemos querer que sejam os outros a olhar para nós com benevolência só por sermos jovens, não. Nós temos que inverter essa ideia de uma forma muito simples: trabalhando mais. Mostrando também que temos qualidades, mostrando que somos sérios nas análises, mostrando que temos princípios na forma como estamos na vida e na política, e olhando para isso sempre como um grande desafio. Nós não podemos olhar para as dificuldades com pessimismo, temos que olhar para as dificuldades e ver uma oportunidade, e a oportunidade que temos é trabalhar mais que os outros e afirmar-nos pela excelência das nossas intervenções. Isso é que é importante. Isso é o desafio que todos têm.

Mas sobre isto há um problema para que eu queria também chamar a vossa atenção. O envelhecimento da classe política é uma grande consequência ao nível do afastamento dos jovens da política. Por duas razões, primeiro, porque evidentemente, já ninguém tem paciência para aqueles políticos que perguntados sobre “O que acha do referendo ao Tratado Europeu?”, “Respondem, é preciso ver a questão por dois prismas: por um lado…” já ninguém tem paciência para isto, o que nós queremos é que as pessoas falem de forma directa. Isso não existe hoje na política e tem muito a ver com o envelhecimento da classe política, envelhecimento na idade, envelhecimento no estilo, envelhecimento das prioridades.

Mas há outro problema que esse é grave, é que como a pirâmide etária está invertida e há muito menos jovens do que “menos jovens”, o mercado eleitoral é o mercado dos menos jovens e, por isso, os políticos nas campanhas eleitorais vão ter tendência para falar sobre os assuntos que interessa ao seu maior mercado eleitoral, e que não são evidentemente as questões dos jovens. E obviamente que o jovem que ouve um político ou vários políticos a falar sobre assuntos que não lhe dizem respeito, evidentemente, que também se afastam da vida política.

E, portanto, meus caros amigos temos que trabalhar na renovação política, da classe política, mas também quero-vos dizer o seguinte, disse isto na abertura da Universidade de Verão, renovação não se faz só pela idade, renovação faz-se pela qualidade, eu não quero trocar um tipo de 55 por um de 20 só porque tem 20, aliás por isso é que eu sou contra as quotas também na JSD, já agora deixem-me dar-lhes esta nota, há pessoas que me dizem “não digas isso porque isso é um bocadinho desagradável, depois a malta fica chateada contigo”, mas eu acho que na actividade política devemos dizer aquilo em que acreditamos, eu sou completamente contra as quotas da JSD, pode ser nas listas do PSD, sejam listas aos órgãos, seja em listas às câmaras, às assembleias de freguesia, às assembleias municipais, à Assembleia da República, ao Parlamento Europeu. Sou completamente contra as quotas, por uma razão simples: porque os militantes e os dirigentes da JSD não precisam de quotas para estar nas listas, os militantes da JSD não precisam de quotas para estar nas listas e quando não estão, como foi o caso das últimas eleições, são as listas do PSD que ficam mais pobres e é o Parlamento Nacional que fica mais pobre.

E, por outro lado, porque eu também não quero ter grupos parlamentares de 9 Deputados que apenas levantam o braço quando o partido manda levantar o braço. Tive muito orgulho durante meia dúzia de meses de ter na Assembleia da República, por exemplo, a Ana Zita Gomes que foi Deputada pela JSD e defendeu sempre os interesses da juventude portuguesa. Fez mais intervenções em 7 meses, - eu contabilizei-as não estou a falar de cor -, fez mais intervenções sobre juventude do que todos os Deputados da JS juntos. Evidente que para mim é mais importante e para a juventude portuguesa é muito mais importante, ter um Deputado que fale e que defenda os interesses da juventude do que ter 9 que estão calados e só dizem aquilo que o partido quer - eu isso não quero.

Portanto, meus caros amigos, o que eu quero é que o partido deixe que os militantes da JSD mostrem que têm qualidade, mostrem que têm ideias, que são uma mais valia política para o partido e para país, como aliás se vê aqui nesta Universidade de Verão. Vocês não precisaram de quotas para cá estar.

E eu fazia um desafio ao Carlos Coelho, para o ano vamos fazer duas Universidades de Verão, duas, mas uma a seguir à outra. Primeiro, fazemos com os seniores do partido, convidamos 100 militantes do partido para virem cá. E, depois, fazemos uma só da JSD com esta gente que cá está. E eu tenho muitas dúvidas que os resultados que saem da primeira possam ser comparados com os resultados que saem desta Universidade de Verão.

E, portanto, para terminar, eu acho que as propostas que vocês fizeram são todas muito interessantes e muito importantes, registo também a da baixa de idade de voto. Sou claramente a favor que se passe a votar aos 16 anos.

Como acho também importante a criação de novos espaços de participação como por exemplo, os conselhos municipais da juventude. E deixem-me dizer-vos isto, só para dar um exemplo do novo paradigma de estar na política e de uma nova forma de estar na política, e para ilustrar aquilo que eu dizia há pouco do preto e do branco. A Juventude Socialista (e a Zita participou nesse debate propôs na Assembleia da República um projecto de Lei para a criação dos conselhos municipais de juventude. O que é que alguns defendiam? A JSD devia dizer que não, que era da JS. Ficaríamos cheios de inveja por não sermos nós a fazer a proposta, mas diríamos que não. Não fizemos nada disso. Negociámos a proposta, com a Juventude Socialista, aliás com a ajuda da Zita, falei diversas vezes com o Secretário-Geral da Juventude Socialista, a verdade é uma: é que a proposta foi aceite. Foram feitas propostas na especialidade subscritas pela JS e pela JSD, contra a vontade do PSD que estava do lado da Associação Nacional de Municípios, e contra a vontade do Partido Socialista, e contra a vontade do PP, e contra a vontade do PCP. Mas a JS e a JSD souberam entender-se sobre a matéria. Alterou-se um conjunto de questões que para nós eram importantes e fizemos um compromisso para aprovar uma lei, não com os votos porque não temos Deputados para votar, mas com o apoio político da JS e da JSD. Não é por serem da JS que estou contra só por estar contra, é preciso perceber e interpretar aquele que é o real interesse da juventude portuguesa.

Nós não somos o porta-voz do partido junto da juventude, nós somos os porta-vozes da juventude dentro do partido, e é essa a responsabilidade que temos.

E para terminar, dizia-vos: é importante fazerem-se alterações nas escolas, nos espaços de formação e intervenção política, etc., mas eu devo dizer que acho, acredito, estou convicto que para voltarmos a aproximar os jovens dos partidos políticos são os partidos políticos que têm que mudar, são os partidos políticos que têm que se repensar, e são os partidos políticos que têm que criar condições para se aproximarem dos jovens. E esse desafio, é um desafio nosso e é um desafio vosso. Cabe-vos a vocês também contribuírem para que os jovens voltem a acreditar nos partidos e voltem a acreditar nos políticos. Obrigado.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Meus caros amigos terminámos esta sessão, três notas antes de podermos comer qualquer coisa para o lanche e preparar-nos para a visita. Choveu hoje em Castelo de Vide mas, enfim, as altas autoridades do céu souberam que nós queríamos fazer uma visita a Castelo de Vide e dizem-me que está o céu azul, e que está muito sol.

 Bem, portanto estão reunidas as condições para fazermos a visita, Há 70 inscritos nós já passámos essa informação à Câmara Municipal. Portanto, a seguir à suspensão dos trabalhos vamos tomar qualquer coisa lá em cima e às 17h20 encontramo-nos aqui no hall do hotel, em frente à porta, já do lado de fora, para irmos até à Câmara Municipal.

Segunda coisa, nos vossos envelopes está um impresso de pergunta para o Deputado Miguel Relvas. Também podem preencher através da internet, que é para entregar amanhã à hora normal, portanto não se trata de nenhuma antecipação dos calendários, foi para reduzir a quantidade de matérias que vão receber amanhã e portanto decidimos já dar hoje.

Terceira informação, vocês repararam que não há voto, não há a avaliação de tema para fazer à saída, mas acho que se justificava ter uma ideia de como é que vocês avaliaram a utilidade desta assembleia geral extraordinária, e portanto iria propor, pedia ao Duarte para me ajudar, ele é que sabe como é que são esses procedimentos, vamos votar a utilidade da sessão como se isto fosse um tema, como se fosse uma aula. Portanto a pergunta é: se vocês acharam que este trabalho foi útil ou não foi útil, se acharam que foi muito útil é 5, é o verde, vem por aí fora vocês já conhecem os pontos e as cores, Duarte.

 
Duarte Marques
- Muito bem, procedimento normal.

 

Votação

 

 

 

 
10.00 - Avaliação da UNIV 2008
12.00 Sessão de Encerramento da UNIV