ACTAS  
 
9/4/2008
Jantar-Conferência com o Dr.Alexandre Relvas
 
Maria Alice Barbosa

Foram declamados poemas pelo grupo Amarelo (luis Filipe Santos) e Verde (Sílvia Fernandes de Oliveira) que não ficaram audíveis na gravação.

 -Boa noite. Queria cumprimentar todos os presentes e propor um brinde ao nosso ilustre convidado desta noite. O Dr. Alexandre Relvas contribuiu para a História do nosso partido e, neste momento, dá-nos a honra de presidir a uma grande instituição que é o Instituto Sá Carneiro.

(BRINDE E APLUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Sr. Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro, Sr. Deputado Emídio Guerreiro , meu caro amigo, Matos Rosa, Sr. Presidente da JSD, Dr. Duarte Marques, minhas senhoras e meus senhores. É altura de dar uma explicação. O Dr. Alexandre Relvas tinha sido convidado para estar, hoje, connosco neste jantar. Por razões que mais à frente irei referir e a poucos dias antes da abertura da Universidade de Verão, o convite que estava dirigido ao então Presidente do Instituto Sá Carneiro para como costume estar na abertura da Universidade de Verão foi recebido pelo então eleito Dr. Alexandre Relvas. O nosso convidado ligou-me na altura, a colocar a questão de se saber se fazia algum sentido que ele já cá estaria na 5ª feira à noite, vir também à abertura. E predispôs-se desde logo, a apenas comparecer um dia e, naturalmente, este que era aquele para o qual tinha sido convidado inicialmente. E fui eu que lhe pedi para vir à abertura porque me apareceu importante que a entidade que é patrocinadora desta iniciativa da Universidade de Verão, Universidade de Verão Francisco Sá Carneiro, tivesse o seu mais alto representante, na sessão de abertura. E porque, na minha opinião e a comunicação social fez essa leitura também, me parecia interessante que o primeiro acto público do Dr. Alexandre Relvas enquanto novo Presidente do Instituto fosse a abertura da nossa Universidade de Verão. E, sendo assim, o Dr. Alexandre Relvas entra na história da nossa Universidade, como a personalidade que, pela primeira vez, está duas vezes na mesma Universidade de Verão. Este era um esclarecimento que vos devia na altura. E porque é que o convidámos para estar connosco na 5ª feira? Não tem nada a ver com o facto de ele ter sido membro da Comissão Política Nacional do PSD. Não teve em conta o facto de ele ter sido Secretário de Estado do Turismo e, portanto, ter sido membro do governo do Prof. Cavaco Silva. Não teve a ver com facto de ele ter sido Director de Campanha Presidencial do Prof. Cavaco Silva, uma campanha bem sucedida, como nós bem sabemos. Tem a ver com o facto de ele ter uma experiência profissional enquanto gestor, notável. Quando se pergunta quem são os gestores da nova geração que marcaram pela diferença, pela qualidade, independentemente das orientações ou das empresas em que as pessoas estão, um dos nomes que vem logo à baila é o Dr. Alexandre Relvas. E é, muitas vezes, o miserabilismo português dizer que, nós em Portugal estamos obrigados a ir por arrasto dos outros mercados. Estamos metidos num mercado mundial europeu e alguns falam, sobretudo, no mercado ibérico e que não temos capacidade, dada a nossa dimensão, de marcar pela diferença, pela qualidade de liderar áreas de mercado, de ter estratégias empresariais ganhadoras. Bem, o Dr. Alexandre Relvas não é apenas um gestor notável, é também um gestor que pode contar um caso de uma empresa que marcou pela diferença com uma estratégia ganhadora. Os portugueses não estão condenados a ir por arrasto, podem liderar e podem marcar pela qualidade. E, portanto, a pergunta que eu tenho que fazer porque este é o meu privilégio de fazer a primeira pergunta, meu caro Dr. Alexandre Relvas, é esta: é possível a uma empresa portuguesa num mercado globalizado marcar-se, afirmar-se, assumir-se pela qualidade com uma estratégia empresarial ganhadora? Minhas senhoras e meus senhores para responder à minha pergunta e às vossas perguntas, o Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro e empresário, Dr. Alexandre Relvas.

(APLAUSOS)

 
Dr.Alexandre Relvas
- Primeiro que tudo, boa noite a todos. Eu tenho enorme prazer de estar aqui duas vezes e digo isso com sinceridade. Umas das intervenções que tenho cívica é a presença em universidades, em liceus, a partilhar uma experiência pessoal que tenho de gestão como o Carlos aqui fez referência. Deixem-me dar duas palavras de responder à questão que o Carlos colocou. A primeira, eu faço parte de uma equipa que foi convidada para dirigir o Instituto Francisco Sá Carneiro em Agosto. Estamos a procurar renovar o Instituto, apresentar um plano ambicioso o que faremos em Outubro, como eu tive a oportunidade de vos dizer. Uma das pessoas com quem cooperamos é o Carlos Coelho , que no Instituto vamos tentar que tenha tanto dinamismo e que faça um trabalho de tanta qualidade como faz aqui na Universidade de Verão. E eu devo-vos que ficaríamos extremamente orgulhosos se, ao fim de um ano ou dois, pudéssemos fazer no âmbito do Instituto, o mesmo trabalho que foi feito aqui ao longo de anos na Universidade de Verão. Segundo ponto, a Sílvia, julgo que era Sílvia, enfim, ficou-me o nome, disse um poema do Miguel Torga e, a certa altura, disse uma frase que a mim me toca profundamente e que eu não quero deixar de partilhar com vocês e que penso que podia ser uma referência até para a própria Universidade, e devia ser uma referência para todos nós. O Miguel Torga diz, a certa altura, de nenhum fruto queiras só metade. E isto tem muito a ver com uma atitude de vida que eu vos fiz referência. Lembram-se na intervenção de abertura, eu falei-vos da igualdade de oportunidades e quando falei da igualdade de oportunidades, falei em várias perspectivas. Eu penso que esse é um dos grandes desafios que nós defrontamos actualmente em Portugal. Há pouco falava aqui com alguns colegas vossos, uma das características do Partido Social Democrata e que vai ser uma vertente importante do Instituto Francisco Sá Carneiro é ter uma intervenção importante do ponto de vista social. A questão social é uma questão que nos sensibiliza e, em Portugal, uma das questões sociais mais marcantes é a da igualdade de oportunidades. Eu falei-vos da dimensão brutal da pobreza infantil em Portugal, falei-vos do ensino secundário, dos vossos colegas que ficaram pelo caminho e que muitos deles não têm potencial de vida e de realizar as suas aspirações como vocês têm. Falei-vos do primeiro emprego e falei em problemas até que são, hoje, questões novas e que a vocês vos interessa em particular que têm a ver com a igualdade de oportunidade entre gerações. Vocês podem e devem exigir que vos seja entregue um País em que esteja, pelo menos, em igualdade de circunstâncias àquele País que nós, que a nossa geração recebeu. E quando vos falei de igualdade de oportunidades e para voltar à frase, de nenhum fruto queiras só metade, eu falei-vos do abandono escolar. E uma das estatísticas, por exemplo, que o actual governo aponta é que houve uma evolução em termos do abandono escolar. E, de facto, houve. Há um trabalho que foi feito e os trabalhos que são feitos devem ser reconhecidos, Portugal tinha um abandono escolar que atingia 40% dos estudantes, portanto, dois em cada cinco abandonavam o ensino antes do 9º ano e esse abandono escolar, hoje, anda à volta de, caiu para 33 ou 34 ou 35%. Este é o lado cheio do copo quando nós olhamos apenas para a nossa realidade em anos anteriores. Mas se olharmos para as estatísticas europeias, o abandono escolar anda à volta de 15 ou 14 ou 13 % e a ambição média europeia é chegar a 2010 com 10%. E, portanto, por isso, eu vos disse, na altura, que é preciso ter ambição, é preciso ser exigentes, é preciso como dizia aqui, não queremos só metade e em relação a estas questões todas, nós temos de nos comparar com os melhores. É essa uma das mensagens iniciais que vos queria deixar, enfim, inspirado aqui pelo poema que foi lido do Miguel Torga.

Falando da minha experiência empresarial. O Carlos pediu-me para vos falar de estratégia empresarial, eu vou falar de estratégia empresarial e de um caso, fazendo ligação a um caso que é um caso que eu conheço bem porque estou ligado a ele há várias dezenas de anos, que é a Logoplaste. E melhor do que, para apresentar uma empresa, mais do que falar da empresa, vale a pena falar dos produtos da empresa. Muitos de vocês, se calhar, nunca ouviram falar da Logoplaste, mas todos os dias tocam ou é difícil viver em Portugal sem tocar num produto fabricado pela Logoplaste. Nós fabricamos, por exemplo, a generalidade das embalagens de água, a generalidade das embalagens de iogurtes líquidos, de margarinas, de manteigas, das soft drinks, por exemplo de Coca Cola, de sumos de laranja, etc. E fazemo-lo isso não só em Portugal, como vão ver, em vários outros Países. Feita esta visão pelo produto, mostro-vos o que é que caracteriza a Logoplaste também por uma imagem. Nós somos uma empresa que nasceu com base num conceito muito específico. Normalmente, uma actividade empresarial começa com uma ideia que faz a diferença. E connosco foi há 30 anos, o fundador da Logoplaste que é um Senhor chamado Marcel de Botton, teve a ideia de fazer fábricas perto ou junto às fábricas dos seus clientes. Teve uma perspectiva que a melhor forma de fabricar embalagens é fornecê-las just in time. É fornecê-las imediatamente para serem cheias e poderem partir para o mercado. E, portanto, nós temos todas as nossas fábricas e essa é a nossa especificidade e fomos número um nos mundos a trabalhar nesta perspectiva, temos todas as nossas fábricas junto aos nossos clientes e este é um bom exemplo, aqui têm do lado esquerdo da fotografia, têm o hall de produção, com vários equipamentos que fabricam embalagens. Depois, do lado direito em baixo, vêem os transportadores que transportam as embalagens e, em cima, vemos uma imagem de um buraco na parede por onde as embalagens passam e, do outro lado, daquela parede estão as linhas de enchimento dos nossos clientes. Este caso é uma fábrica da Logoplaste em Londres, em que fazemos um produto que talvez alguns de vocês conhecem que é o Fairy. Nós fazemos as embalagens para o Fairy, em Londres para toda a Europa. E o nosso conceito em inglês chama-se wall to wall ou all in the wall, exactamente porque as embalagens passam por um buraco na parede e entram nas linhas de enchimento dos nossos parceiros. Portanto, dito isto sobre a Logoplaste, nós fomos fundados, como eu vos disse, em 1976. Eu gostava de vos dar um enquadramento genérico para depois falar mais de questões estratégicas, sempre com este conceito. E este conceito baseou-se também numa segunda vertente que é um contrato a médio e longo prazo com os nossos clientes. A nossa missão, nós queremos, hoje temos uma ambição, como nós todos devemos ter na vida, um objectivo definido em termos gerais. A nossa ambição é ser, no nosso sector de actividade, para este tipo de embalagens, para as embalagens que nós fazemos, uma referência mundial. E, portanto, temos uma ambição forte. Não nos contentamos, como eu dizia há bocado, só com metade do fruto, nós queremos o fruto todo. E querer aqui o fruto todo, para nós, é sermos uma empresa de referência mundial no nosso sector de actividade e sendo muito focados. Só queremos trabalhar, mais uma vez isso é muito importante em muitas escolhas que se faz na vida quando se define um objectivo, é importante tê-lo como referência absoluta em relação a todas as decisões que vamos tomar. E, portanto, nós só fazemos embalagens rígidas em plástico de acordo com este conceito. Nós fomos fundados, como eu dizia há pouco, em 76, hoje somos uma empresa que tem 50 fábricas, estamos na Áustria, estamos no Brasil, no Canadá, na República Checa, em França, na Itália, Malásia, na Holanda, Portugal, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. Temos hoje estruturas comerciais noutros países porque queremos continuar a expandir-nos para outros Países. Somos a terceira maior empresa do nosso sector, a segunda no Brasil também no nosso sector. Dentro deste conceito a que eu vos fiz referência somos a número um, claramente, no mundo. Transformamos 128.000 toneladas de embalagens e produzimos 5 mil milhões de embalagens, o que dá 150 ou 180 embalagens por segundo. Portanto, somos muito activos no nosso sector com uma intervenção, hoje, não global porque na Ásia ainda só estamos com uma fábrica, mas com uma intervenção em vários continentes. Temos tido um crescimento muito significativo, estão ali a ver este gráfico mostra esse crescimento. A faixa cinzenta é a evolução da nossa actividade em Portugal e a faixa cor de laranja, a Logoplaste tem também uma cor laranja e, enfim, é uma mera coincidência mas a cor da Logoplaste é laranja, e a cor de laranja reflecte o crescimento internacional. Nós estabelecemos internamente, também temos um objectivo com ambição, queremos crescer no mínimo 15% ao ano e em média, como podem ver ali, até 2008 temos um crescimento de 18% ao ano. E, portanto, muito deste crescimento, e este é um factor importante para todos aqueles que querem abraçar a actividade empresarial ou de gestão, não chega ficar em Portugal. É preciso, a certa altura, tomar decisões de sair para o exterior, isso potenciou enormemente a nossa capacidade de evolução. E porque é que fomos para o exterior? Por um lado, porque nós somos um pequeno país, todos gostamos muito do nosso País, mas somos 10 milhões, 10 milhões, por exemplo, no Brasil é o Estado do Espírito Santo, que é um dos Estados mais pequenos do Brasil ou comparando com o Brasil é o crescimento da população brasileira cada três ou quatro anos. Porque queríamos aumentar a nossa capacidade competitiva e, hoje, no sector empresarial, capacidade competitiva significa dimensão. E também porque para quem quer contratar com as empresas internacionais precisa de ter credibilidade e a credibilidade ganha-se com a dimensão e com a presença em vários mercados, sobretudo, com a presença em mercados que sejam muito exigentes como o mercado francês, o inglês, o americano, etc. Depois, internacionalizámo-nos também porque quisemos tirar partido da reorganização das empresas europeias. Uma das grandes oportunidades para as empresas portuguesas em termos de Europa , foi com o Tratado único, com o acto único europeu, o facto de muitas empresas terem repensado a sua organização industrial e isso criou oportunidades porque centralizaram a produção e criou oportunidades para empresas como nós. E, hoje, enfim, para aqueles que estão mais em gestão, nós respondemos a muitas do que são as preocupações, hoje, dos gestores. Os gestores querem ter concentração apenas no seu negócio, pensam muito em rentabilidade dos investimentos e empresas como a nossa dão resposta a este tipo de preocupações. Para vos dar uma ideia dos produtos que fazemos, portanto, nós estamos presente na Europa, por exemplo, as embalagens de Ketchup que vocês utilizam são feitas por nós na Holanda. As embalagens de iogurtes da Nestlé são feitas por nós em Barcelona. As embalagens da água do Luso, enfim, têm ali aqueles que são alguns dos nossos clientes. Vocês conhecem, Jonhson & Jonhson fazemos um produto que é um Listerin em Itália. Para a Arla fazemos os leites do dia em Inglaterra, para a Coca Cola fazemos em Portugal e em França, embalagens. Para a BP fazemos embalagens para lubrificantes, para a Heinz, já vos falei, a Lactalis é uma das maiores empresas leiteiras francesas, etc. Portanto, têm ali muitas das empresas do leste europeu como a Olma que é o número dois dos leites na República Checa. Enfim, etc, a Lactogal para quem fazemos também os iogurtes. Portanto, estas são algumas das empresas com quem trabalhamos na Europa onde temos 39 fábricas. No Brasil trabalhamos com a Danone, trabalhamos com a Exson Mobil porque fazemos embalagens para lubrificantes, enfim, também empresas que vocês Reckitt Benckiser, Nestlé. Depois trabalhamos no Canadá e Estados Unidos. Uma coisa interessante, por exemplo, não somos a única empresa portuguesa que se está a internacionalizar. A Nutrinveste que vocês conhecem pelos produtos é também uma empresa  portuguesa de internacionalização activa. Hoje, é um dos maiores players no sector dos óleos e de azeites em termos internacionais. Foi primeiro para Espanha, nós seguimo-lo, ele era nosso cliente no Barreiro, nós seguimo-lo para Espanha. Depois foi para os Estados Unidos e nós fizemos uma fábrica com eles nos Estados Unidos, e trabalhamos no Canadá também para vos dar aqui este exemplo. Depois estamos na Malásia com um dos nossos principais clientes que é a Procter & Gamble fazendo o mesmo produto que fazemos para toda a Europa. Em Londres estamos a começar a fazer na Ásia, na Malásia ao pé de Kuala Lumpur. E esta é a nossa presença, hoje, da qual nos orgulhamos, obviamente, que estamos presentes nos Estados Unidos, estamos presentes no Canadá, estamos comercialmente presentes no México e estamos a tentar entrar e vamos agora assinar os primeiros contratos, na Rússia e Ucrânia e, portanto, passamos a ter uma cobertura total europeia. E vejam que um dos aspectos que é importante é o leque de clientes que temos. Ou seja, nós temos como clientes, as empresas mais exigentes do mundo em termos de embalagens. O que cria um ciclo que é muito favorável para nós porque é um ciclo de exigência, mais uma vez, e de ambição e isso obriga-nos a estar sistematicamente nas fronteiras tecnológicas, na fronteira da inovação. Isto dá-vos uma ideia do peso dos clientes, temos clientes com algum peso, mas vejam empresas, a Procter & Gamble que vende 85 biliões de dólares, são números impressionantes, tem 50 e tal mil empregados. Portanto, é uma cidade, é um cliente nosso em vários países. A Kandia é o número um dos leites em França. A Arla , vocês nunca ouviram falar, é a maior empresa de leites na Europa que é uma cooperativa dinamarquesa. Enfim, portanto, temos um leque alargado de clientes. Hoje somos 1.200 repartidos por vários países e vejam que na sede que é em Cascais somos apenas 65. E um aspecto importante é que daqueles 65, metade, eu falarei sobre isso mais à frente, apenas trabalham na área de inovação e desenvolvimento. Portanto, na criação de novos produtos e na criação de novas ideias.

Em termos estratégicos também nós vamos fazendo sistematicamente uma reflexão sobre o que é que queremos fazer. Em todas as organizações é assim, é na nossa vida pessoal e em todas as organizações em que estamos inseridos. E, portanto, reflectimos sobre o segmento de mercado em que queremos estar. Nós só queremos, como eu dizia há pouco, trabalhar com este conceito embalagens rígidas em plástico. Estabelecemos objectivos de crescimento que é aquele segundo ponto. Definimos as áreas geográficas em que queremos trabalhar, sabemos que queremos estar na Europa, Brasil, nas Américas do Norte e no Sudoeste Asiático. Quais são os segmentos que queremos trabalhar, eu agora não vos vou maçar com isso, mas nós queremos trabalhar, por exemplo, tudo o que é alimentação e bebidas. Eu peço desculpa porque vou utilizando em inglês porque é o que está ali, é o que para mim é mais fácil porque acaba por ser o que nós utilizamos todos os dias. Mas tudo o que é home care, tudo o que é body care, tudo o que é produtos personal care como ali está feita referência. Só queremos trabalhar com empresas multinacionais. Hoje, cada vez nos preocupamos mais com questões de inovação e depois temos preocupações para dar segurança aos nossos banqueiros, às pessoas que trabalham na empresa, que tem a ver com um conjunto de indicadores financeiros que queremos respeitar. E estamos muito preocupados, como a generalidade das empresas, com questões de sustentabilidade, questões ambientais e questões de responsabilidade social que eu falarei também um pouco mais à frente. Portanto, o que é que nós queremos? Queremos crescer, queremos satisfazer os nossos clientes, queremos ser rentáveis. Um aspecto importante tem a ver com as vossas gerações. Nós queremos mobilizar talentos, nós queremos convidar para se juntarem a nós aqueles que são os melhores nas nossas áreas de actividade, gente com qualidade, com motivação que se insira na cultura da empresa. Preocupamo-nos muito em adoptar a arquitectura, portanto, a organização da empresa, à evolução que vamos tendo. Também como em tudo na vida e, mais uma vez, voltando à questão de comer a metade da fruta, mais do que aqueles que fazem melhor, isso para nós é garantido, nós queremos fazer tão bem como aqueles que fazem melhor a cada momento. Mas a nossa grande preocupação é pensar o que é que se vai fazer melhor no futuro? O que eu chamo ali as best practises. O que é que vai ser a qualidade, quais as exigências no futuro? E, portanto, grande atenção a esse aspecto e estando em vários Países , uma das nossas preocupações, estando em várias culturas, é que a empresa seja uma apenas e, portanto, maximizar as sinergias. As sinergias é maximizar as economias que podem resultar da empresa estar presente em vários mercados e estar presente em vários segmentos de actividade, como eu há pouco vos apontei. A Arla como eu disse, é o nosso maior cliente, é uma empresa de referência na Europa, enfim, mais conhecida nos Países em que tem uma intervenção activa como Inglaterra e no norte da Europa. Mas eu pus este slide aqui porque quando nós fizemos o primeiro acordo com a Arla, é a forma como eles nos vêem. Isso para nós é um motivo de orgulho. E há ali três ou quatro questões que têm a ver com a nossa cultura e que, mais uma vez, em termos empresariais é muitíssimo importante. Uma empresa extremamente responsável que não diz negativas, diz ali o can do attitude, uma ideia de que nós podemos sempre fazer. Nós temos sempre resposta, temos sempre capacidade de resolver qualquer problema. Tem que se ser sempre competitivo em termos preço. E depois um aspecto muito importante hoje, hoje tem que se ser fortemente inovador, uma capacidade de apresentar sempre novas soluções, quer em termos de produtos, quer em termos de organização industrial. E, portanto, nós procuramos trabalhar de acordo com esta filosofia. Duas ou três notas também sobre a forma específica como nós vemos os nossos clientes. Nós achamos que, hoje, isto é um aspecto interessante. Hoje, quem compete não são empresas, ou seja, por exemplo, vocês conhecem duas empresas do sector leiteiro, a Nestlé e a Danone ou conhecem empresas dos carros, a Ford e a Volkswagen. Quem compete não são essas empresas, quem compete são os produtos dessas empresas. E isto faz toda a diferença, quem compete são ofertas. E hoje há uma noção, quando nós olhamos para um produto da Danone ou da Nestlé, esse produto envolve a intervenção de múltiplas empresas. Nós fazemos embalagens, outras empresas fazem a etiqueta, outras empresas fizeram as linhas de enchimento com que o produto foi feito, etc., etc. Portanto, aquilo é o resultado de múltiplos esforços e isso leva a repensar de forma diferente, o nosso sentido de responsabilidade em relação a cada um desses produtos. Nós sentimo-nos tão comprometidos como o produto, como aquele que apresenta o produto no mercado. Eu quero estar sempre a encontrar formas novas dos produtos em que eu participo, apesar de ser a Nestlé que o oferece ao mercado, dos produtos em que eu participo, o produto ganhar quota de mercado, poder baixar preços, ganhar novos clientes. E, portanto, esta é uma visão nova que, hoje, se tem da realidade empresarial. Isto leva ao que eu chamo uma reconfiguração do sistema de criação de valor. E leva o que eu também ponho ali, a uma redefinição das fronteiras das organizações. Eu dou-vos um exemplo: empresas que competem como a Ford e a Volkswagen aqui em Portugal, têm plataformas conjuntas de produção de automóveis. Porque quem está a competir no fim do dia não são essas duas empresas, são os produtos que elas conseguem criar e elas têm que encontrar todas as formas possíveis de redução de custos ou de inovar e, se calhar, às vezes em algumas áreas da produção, apesar de no fim os produtos competirem, em algumas áreas elas podem cooperar. Isso está a acontecer em todo o mundo com empresas do mesmo sector de actividade. Portanto, isto é uma revolução total e leva a esta perspectiva que, hoje, nas economias o que funcionam são redes empresariais com múltiplos centros. Não há, apenas, o centro da empresa que oferece o produto no mercado, mas há múltiplos centros e todos dependemos uns dos outros. A Nestlé é uma empresa colossal mas não produz embalagens. Portanto, está dependente das empresas de embalagens. Ou, por exemplo, é uma empresa portuguesa que tem uma intervenção enorme nos mercados, a fazer os sabores para iogurtes. É uma empresa portuguesa que tem intervenção nos mercados internacionais e os produtos que muitas destas empresas apresentam também dependem daquela empresa e ela há-de sempre procurar melhorar para que os seus clientes sejam mais competitivos. Portanto, é esta realidade nova em que nós nos procuramos inserir e com esta filosofia que procuramos trabalhar. Porque é que isto acontece? Porque todas as empresas que têm escassez de recursos, não podem investir em todos os sectores, não têm capacidade de desenvolvimento tecnológico porque exigem flexibilidade e o facto de trabalhar com fornecedores garante maior flexibilidade. Porque, o facto de termos dimensão dá-nos a oportunidade de oferecer melhores condições e porque qualquer empresa, como eu dizia há pouco, a Procter, com 80 biliões de vendas e 54 mil pessoas, foca nos seus produtos. A Procter está preocupada nas questões comerciais e de desenvolvimento dos seus produtos, não pode ter responsabilidade de toda a cadeia de valor. E, portanto, isto abre novas oportunidades para empresas como a nossa. Aqui eu dou-vos exemplo e que responde a várias das questões que eu aqui estive a colocar. A Nestlé é um colosso, como vocês sabem. Se há uma empresa que todos respeitamos que achamos que é capaz de tudo é a Nestlé. A Nestlé na América associou-se com uma empresa Fonterra que é o número um dos produtos lácteos na Nova Zelândia e que é uma empresa também mundial, para criar uma empresa com capacidade de intervenção para aumentar a sua competitividade na América latina. Isto também é para responder a uma questão que tem a ver com a nossa filosofia. Quando hoje se é fornecedor de empresas como estas, elas olham em duas perspectivas. Ou se é parceiro ou depois tem ali o lado do auction, do leilão. Ou seja, ou se é parceiro e se é parceiro em inovação, como ali está dito, em tecnologia, se tem grande qualidade operacional, se tem capacidade de reduzir custos, de intervir para melhorar a competitividade, eles consideram-nos parceiros. É o que o que nós procuramos ser. Outra hipótese que é o que acontece, por exemplo, com uma parte importante da indústria portuguesa é trabalhar naquela perspectiva de auction. É ser um fornecedor que está sistematicamente em leilão com os clientes. E, portanto, sistematicamente está a ser chamada a rever preços, a reduzir preços e que não tem uma base forte de garantir os seus mercados através de acordos a médio e longo prazo que a primeira perspectiva permite. E, portanto, isto também leva quem tenha vontade de trabalhar em termos empresariais, hoje a inserção nestas redes deve ser feita naquela perspectiva de parceria, em que mais uma vez a questão de inovação, a questão de ser capaz de lançar novos produtos, de repensar organização industrial é decisiva.

Falar-vos um pouco de inovação. O que é que faz a diferença? Quando a empresa foi criada há 30 anos, o que fez a diferença foi o conceito. Tudo isto evoluiu na vida e, neste caso, também. Foi o conceito. A empresa nasceu com um conceito que era revolucionário, na altura. E depois a segunda grande área de aposta nossa foi organização industrial. Sermos os melhores a fazer qualquer produto. E, hoje, a nossa grande área de aposta é esta, inovação e desenvolvimento. Nós hoje somos o número um na Europa em termos de criação de novas embalagens para os nossos parceiros, criação de novas soluções de embalagem para os novos parceiros. Eu dou-vos aqui alguns exemplos: nós temos, em Cascais, por exemplo, capacidade, imaginem que uma empresa como, mais uma vez, a Nestlé ou a Danone ou qualquer dessas empresas que vocês conhecem têm departamentos de marketing que surgem com uma ideia de embalagens. Isso é preciso haver um trabalho até a embalagem ter produção industrial. Nós permitimos a alguém que chegue, fazer um desenho a duas e três dimensões da embalagem, a seguir têm a capacidade de dois ou três dias depois pode estar a fazer protótipos, dois ou três dias depois nós temos um laboratório em que pode fazer 100 embalagens, 200, 500, 1.000 embalagens e que podem ser testadas para fazer testes de mercado, testes de linha de enchimento, etc. Portanto, que permite nascer de uma ideia, este é que é o aspecto fundamental, até um produto que pode ser testado no mercado e que depois pode ter a produção industrial. O que aqui faz a diferença é que o conjunto de clientes que nós temos, dá-nos um conhecimento acumulado que permite todas estas etapas de desenvolvimento, nós trazemos um fortíssimo valor acrescentado às ideias dos nossos parceiros. Trabalhamos, aqui também não vamos perder muito tempo, trabalhamos de forma integrada com as equipas dos nossos parceiros e, portanto, há toda uma série de etapas entre uma ideia de embalagem e a presença do produto no mercado. Dar-vos aqui alguns exemplos, enfim, alguns de vocês conhecem, este é o Fairy. O Fairy é um produto feito pela Procter & Gamble, a tal empresa mundial em que o desenvolvimento da embalagem é nossa e nós produzimos em Londres para toda a Europa este produto. Um segundo que também conhecem, este é da Arla,… A Inglaterra é o único País europeu (os ingleses são sempre especiais), em que se bebe o leite fresco, o leite do dia. Nós bebemos mais o UHT, o leite pasteurizado e esta é a embalagem prevalecente no mercado, em termos do leite do dia, que é um desenvolvimento nosso em Inglaterra. Conhecem o garrafão da água do Luso, também é um desenvolvimento nosso. Nós hoje temos o garrafão, vocês não sentem isso, mas temos o garrafão mais leve do mundo em termos de consumo de material com a água do Luso e com outras marcas. Isto conhecem também, é a embalagem de Sport da Vitalis que é produzido aqui em Castelo de Vide e nós temos aqui uma fábrica em Castelo de Vide em que produzimos as embalagens para a Vitalis. A Santal, isto é produzido para a Parmalat, por exemplo, é também um desenvolvimento nosso. Os Danones, desde as embalagens para os iogurtes, os iogurtes sólidos e iogurtes líquidos são também desenvolvimentos nossos. Muitos destes desenvolvimentos para toda a Europa, não apenas para Portugal. Em termos de fornecedores, também nós na nossa relação com fornecedores procuramos ter a mesma perspectiva que têm os nossos clientes na relação connosco. E o que eu digo ali é um aspecto interessante na relação com fornecedores. Normalmente e nós sentimos isso até como clientes de muitas empresas, temos sempre o sentido de que ou ganho eu ou ganha quem me está a vender. E mesmo que vejam o vosso papel, muitas vezes, como compradores, têm essa noção, ou ganho eu ou ganha quem está a vender. Nós procuramos ter uma perspectiva diferente, é que pensamos que há possibilidade de relações com fornecedores em que todos ganham e, portanto, em que há, o que eu chamo ali soluções win-win, em que todos estamos a médio prazo a trabalhar para uma realidade que é benéfica para todas as partes. E, portanto, é este o tipo de acção que nós procuramos ter com os nossos fornecedores. Trabalhamos, hoje, com pouquíssimos fornecedores. Trabalhamos sempre com uma perspectiva de médio e longo prazo com uma fortíssima integração de sistemas de informação, essa é uma área com um enorme potencial para aqueles que estão a trabalhar nas áreas mais de informática e de sistemas de informação. Nós trabalhamos totalmente integrados com sistemas conjuntos com os nossos parceiros e, depois, discutimos o que para vocês não é óbvio. Mas, hoje, quando um nosso cliente vem ter connosco e nós vamos ter com os nossos clientes, era a mesma coisa que vocês fossem ter com ou quando comprassem uma garrafa no supermercado e perguntassem à senhora, eu estou a pagar dez, porque é que eu estou a pagar dez? Qual é a componente desse preço? Então, os senhores gastam em mão de obra tanto, em energia tanto, no aluguer das instalações tanto, etc. Nós, com os nossos clientes discutimos com base em estruturas de custos abertas, portanto, temos que justificar todas as parcelas de custo na formação do nosso preço. Exigimos a mesma coisa aos nossos fornecedores, o que dá uma capacidade negocial enorme e, portanto, é também uma total novidade e não é hábito no mercado português, mas hoje é hábito em termos internacionais. Deixem-me só fazer um parêntesis. A diferença está na quebra de paradigmas, funciona-se de acordo com lógicas que são completamente diferentes de lógicas que são tradicionais e isso é que pode ajudar a fazer a diferença. O que é que exigimos dos fornecedores? É que estejam na fronteira da tecnologia, mais uma vez, tenham capacidade de inovação, tenham uma atitude gestão como ali é apontada, flexível, proactiva e, como nós, tenham atitude de ser capazes de fazer, que nos dê resposta em vários mercados, é também a preocupação. E, depois, um hábito que também não é um hábito muito nacional, mas que também nos temos que habituar é a um cumprimento rigoroso de contratos. Se se tem que entregar no dia X, tem que se entregar no dia X, se se tem que entregar com a qualidade Y, tem que se entregar com a qualidade Y, se tem que se pagar no dia Z, tem que se pagar no dia Z. E, portanto, essa é também uma preocupação que temos em relação aos nossos fornecedores. Com a banca, a mesma coisa. Temos uma preocupação de ganhar confiança, nenhum projecto empresarial se faz sem uma relação forte com a banca. E, portanto, nós procuramos que haja confiança e que haja transparência e proximidade. É preciso em tudo na vida e na banca também, na relação com a banca sermos transparentes, estamos em constante troca de informações. Procuramos que tenha uma perspectiva de médio e longo prazo, portanto, connosco tenha uma perspectiva de futuro. Entre os bancos que trabalhamos procuramos que tenham uma intervenção nos vários mercados em que intervimos.

Nós chamamos talentos, porquê? O que é que faz a diferença entre empresas? É a qualidade das pessoas que trabalham nas empresas. Eu digo ali, a certa altura, o que é que a nossa base de competitividade? É a cultura e o conhecimento ou dito ali de outra forma, uma empresa não é o que faz mas é sim o que ela sabe. É o conjunto, as capacidades acumuladas que ganha ao longo do tempo. E outro aspecto importante e vocês vão notar isso, sobretudo aqueles que forem para empresas maiores, é que as empresas à medida que crescem têm mais gente, mas cada vez dependem mais de cada uma das pessoas que trabalha na empresa. E, portanto, nós estamos, se quiserem, a área em que mais tempo investimos é garantir o que ali chamamos talentos, pessoas de elevada qualidade e que possam ajudar a potenciar a capacidade de intervenção da empresa. Portanto, procuramos ser uma empresa de oportunidades, de dar segurança, ou seja, quem vem trabalhar sabe que o está a fazer com perspectiva de futuro. Procuramos ter uma enorme preocupação com o desenvolvimento pessoal e formação profissional. Vocês vão ver ao longo da vida, muitos de vocês estão a iniciar a universidade, o desejo é acabar a universidade, a meio da universidade está-se farto de estudar e a coisa que mais se quer é não ter que voltar a abrir um livro, e o que vocês vão notar quando começarem a vida profissional é que, sistematicamente, vão ter desafios de actualização e de formação, e aqueles que não derem atenção à formação e actualização vão ficar para trás e vão ser ultrapassados por aqueles que tenham, que dão atenção à novidade, que dão atenção às novas realidades e que, portanto, que se formam sistematicamente. Nós damos muita atenção a essa realidade e potenciamos a vontade de formação profissional que tenham aqueles que trabalham connosco. Procuramos trabalhar com quadros de referência claros. Também quando começarem a trabalhar esse é um aspecto importante, mais uma vez, como em tudo na vida, haja objectivos claros e planos de trabalho claros. Temos também sistema de avaliação motivadores para as pessoas ganharem tanto mais quanto mais forem capazes de realizar os seus objectivos. Temos aquela preocupação neste quadro geral de garantir qualidade no recrutamento e sermos, sobretudo, uma empresa de oportunidades internas. Por exemplo, na Logoplaste se houver um lugar para responsável de qualidade na Malásia, toda a gente recebe na Internet, essa oportunidade de trabalho e, portanto, pode ir, eventualmente, quem quer que seja de qualquer País, pode ir trabalhar para a Malásia ou pode ir trabalhar para Inglaterra desde que haja oportunidade. Uma enorme preocupação com a comunicação. E, depois, um aspecto importante de trabalhar numa empresa que esteja em vários países é esta dimensão multicultural e tirar partido dessa dimensão multicultural, sendo uma empresa portuguesa, respeitando os valores dos mercados em que nós estamos presentes. Um aspecto interessante, estando presente em vários países, nós sentimos muito isto em Portugal mas, às vezes, esquecemo-nos quando somos uma empresa portuguesa e trabalhamos no exterior de ter o mesmo tipo de atitude. É o respeito das culturas locais, nós queremos gerir cada País com nacionais do País. Nós sentimos isso, quando vem uma multinacional para Portugal e só traz trabalhadores da origem dessa multinacional e, sobretudo, a gestão, aqueles que estão no topo da organização, é algo que nós não gostamos de ver e, portanto, nós procuramos também ter esse tipo de atitude. Procuramos ter nos departamentos centrais, se vocês forem à sede da Logoplaste, por exemplo, o nosso Director de Recurso Humanos é escocês, o nosso Director de Compras é também francês. Portanto, temos pessoas de várias nacionalidades a trabalhar no nosso centro de actividade. Procuramos que se faça em cada País , aquilo que cada País faz melhor que os outros. Portanto, que os centros de excelência sejam em cada um dos países. E, portanto, trabalhamos de acordo com aquela máxima que ali vem referida que é pensar local e agir global. Ou seja, nós procuramos ter uma estratégia global, pensar nos vários mercados em que estamos inseridos, mas depois ter uma perspectiva sempre de nos adaptar à realidade de cada país em que estamos inseridos. Depois temos, como hoje a generalidade das empresas, uma política em relação ao que nós chamamos à comunidade. E uma política com duas dimensões. Nós somos uma empresa que produz plásticos, enfim, eu não preciso de vos dizer qual é a imagem que vocês ficam de imediato quando se fala em plástico. E , portanto, procuramos ter uma intervenção muito activa em termos ambientais. E aqui o que é que podemos fazer? Eu aqui não vou falar muito sobre isso porque o Carlos Coelho falaria melhor do que eu sobre o tema. A Europa tem uma política de reciclagem e nós procuramos que em todos os países em que estamos inseridos, de respeitar essa política de reciclagem e trabalhar activamente para que se atinja as metas europeias. O que é que, hoje, se está a trabalhar em termos europeus? É trabalhar numa perspectiva de fechar o ciclo das embalagens, ou seja, recolher embalagens no mercado, essas embalagens serem recicladas, ou seja, esse material que resulta dessas embalagens, ser inserido com material virgem do petróleo que tem origem no petróleo e ser, de novo, lançado no mercado como novas embalagens. Hoje, a Europa, por exemplo, tem um target de recolher 22% das embalagens. Nós estamos a trabalhar activamente para isso. Trabalhamos em termos de redução de peso das embalagens. Trabalhamos em termos de inserir material reciclado na produção das próprias embalagens. O Fairy que eu há pouco vos falei, as pessoas não têm ideia, 50% é material reciclado, material que já resulta de embalagens produzidas anteriormente e que são recolhidas e reinseridas na produção dessas embalagens. Depois, procuramos ter uma actividade social activa. Nós criámos há alguns anos uma instituição que é o CADin. Fomos sensibilizados para a realidade dos problemas do desenvolvimento infantil em Portugal. E eu penso que tenho aqui uma estatística que é esta. Em todos os países, isto não tem a ver com a realidade portuguesa, tem a ver com a realidade da generalidade dos países, uma em cada mil crianças tem autismo, quatro em cada mil crianças tem aquele sindroma de Asperger, seis em cada mil tem dislexia, 3 a 5% têm hiperactividade, um em cada mil tem o sindroma de Down que são crianças mongolóides e um em cada dois mil tem sindroma de X Frágil. E, portanto, nós, a certa altura, pensámos, estando com uma actividade muito dispersa em termos geográficos, havia aqui as pessoas de Castelo de Vide, as pessoas na Guarda, as pessoas de Santa Iria que nos pediam apoio para os ranchos folclóricos, para a escola, para computadores, etc. E em vez de termos uma actividade dispersa resolvemos, vamo-nos concentrar num projecto que tenha utilidade social, numa área que ninguém esteja a fazer no país e que possamos fazer um projecto que seja marcante, pelo menos, na comunidade em que nos inserimos. E, portanto, lançámos este, eu aqui queria ser claro. Este é um projecto de todos aqueles que trabalham na Logoplaste, não é um projecto meu, nós temos dois sócios na empresa, mas é um projecto de todas as 1.200 ou 1.300 pessoas que trabalham na Logoplaste. E, portanto, resolvemos lançar isso. Mobilizámos um conjunto de entidades, mobilizámos a Cap Gemini e na Galp, a Caixa Geral de Depósitos, a Gulbenkian, etc. Hoje, o projecto que ajudaram a lançar, inicialmente, o projecto. Hoje, o projecto é, sobretudo, financiado pela própria Logoplaste porque estas actividades intervêm em múltiplas instituições. Trabalham neste projecto 14 médicos, há 36 especialistas porque muitos dos problemas destas crianças tem a ver com o diagnóstico médico, mas tem a ver com uma terapia, com terapias da fala, terapias motoras, etc. E, portanto, é preciso haver um conjunto de especialistas. E o que nós damos e isso é que é único em Portugal, damos isto integrado, damos isto, no mesmo centro pode-se ter os diagnósticos e pode-se ter todo este tipo de intervenção e, depois, temos pessoal administrativo e um conjunto de voluntários. Para terem ideia da intervenção, hoje apoiamos 6.000 famílias e o ano passado houve 18.000 sessões de supporting. 19.000 sessões, podem ser actos médicos, podem ser sessões de terapia, podem ser sessões de apoio social ao conjunto de crianças que recorrem ao CADin e 1/3 dessas crianças beneficiam de uma bolsa social. E portanto, beneficiam de apoio por parte das entidades que ali estão inseridas ou que apoiam o CADin.

(APLAUSOS)

 
Dep.Carlos Coelho
- Muito obrigado. Eu esqueci-me de dizer há pouco que esta valência na Universidade de Verão não existe desde a primeira Universidade, não existiu em 2003, não existiu em 2004 e foi a avaliação dos vossos colegas que nos levou a, a partir de 2005, introduzir uma conferência sobre o mundo das empresas. Tivemos aqui entre nós, logo em 2005, António Carrapatoso, na altura era Telecel, agora acho que é Vodafone. Rogério Carapuça no ano seguinte, Valadares Tavares e, hoje, temos o prazer de ter o Dr. Alexandre Relvas. Vamos fazer conjuntos de duas perguntas e a primeira é o grupo verde, salvo erro. Não estou enganado? Muito bem. Tem a palavra, Ricardo e depois Rita Ribeiro Marques do grupo Bege.
 
Ricardo Lopes
- Muito boa noite, Dr. Alexandre Relvas. É bom ser o primeiro e é bom ser o primeiro porque tenho a oportunidade de ser exactamente também o primeiro de enquanto Presidente do Instituto Sá Carneiro que aqui está, ainda que recente, dizer que vai ter um trabalho difícil à frente do Instituto Sá Carneiro, que vai ser difícil fazer melhor do que a Universidade de Verão. É uma iniciativa a todos os níveis, cinco estrelas. (RISOS)
 
Dr.Alexandre Relvas
- E depois terminamos sempre com uma coisa que é característica nossa, é dizer às pessoas, não me vais desiludir. E as pessoas ficam com o redobrado sentido de responsabilidade. Eu aqui o que quero dizer e refiro-me aqui, aponto aqui para o Carlos Coelho. Ele não me vai desiludir e, portanto, a gente espera que ele tenha um trabalho, pelo menos, tão bom no Instituto Sá Carneiro como teve aqui ao longo destes anos.

(APLAUSOS)

 
Ricardo Lopes
- Eu arrisco então a lançar o desafio para que não nos desiludam os dois e que organizem muitas iniciativas deste género. Bem, como dizia, de facto, a Universidade de Verão é uma iniciativa a todos os níveis, cinco estrelas. Se calhar, podia ser perfeita e não digo seja mau, mas se o vinho fosse da Herdade de São Miguel que julgo saber (Risos), a água é boa, pelo menos as garrafas da sala lá de baixo, eu que tive oportunidade de virar a garrafa ao contrário e confirmei que são da Logoplaste. Portanto, a água é boa, foi bem escolhida. Portanto, só falta acho que mesmo o vinho para isto ficar cinco estrelas. Entretanto, vou pegar numa afirmação sua e é uma afirmação sua que me vai fazer atirar um bocadinho ao lado do alvo da sua conferência de hoje. O Dr. Alexandre Relvas disse, algum dia, que a política é como os golfinhos. De vez em quando, aparecem à tona de água. Bem e antes de mais nada, ainda bem que o Dr. Alexandre Relvas deixou as águas profundas dos negócios ou só as águas profundas dos negócios e, agora, anda um bocadinho aqui à tona da água a ajudar o PSD. E, portanto, eu hoje queria trazê-lo um bocadinho  à tona da água e falar um bocadinho de política, e relembrar o baptismo que lhe foi feito de Mourinho da política, também, pelo actual Presidente da República. O Mourinho da política quererá dizer que, tal como os negócios, que gosta de ganhar sempre. Aliás, hoje, assinalou aqui a frase da nossa colega do grupo verde do poema que, de nenhum fruto queiras só metade, portanto, quererá ganhar sempre, de facto. Não quer ganhar só metade dos negócios ou metade das eleições, também. E, então, remeto exactamente para essa questão. Qual pode ser a estratégia para ganharmos em 2009, as três eleições, para ganharmos o tri, por assim dizer, de preferência com 30 pontos acima do PS como ajudou o Prof. Aníbal Cavaco Silva a ganhar as eleições e a ficar por muitos anos, de facto, à frente dos destinos do país. Pelo que pode ver aqui, nesta sala, acho que os treinos de captação de jovens promessas estão a correr muito bem e acho que pode contar com a JSD. Muito obrigado.
 
Rita Ribeiro Marques
- Boa noite a todos. Boa noite, Dr. Alexandre Relvas. Antes de mais, permita-me que o felicite pelo seu sucesso indiscutível e pela inspiração que é não só na política como na área empresarial. Relativamente à questão que lhe gostaríamos de colocar, ela prende-se com a problemática do clima económico que hoje vivemos no nosso País. No nosso grupo bege, várias são as pessoas que ambicionam, portanto, uma carreira a nível da gestão empresarial. Mas quantos dos que estão aqui presentes é que acabam por ter o arrojo de criar a sua própria empresa? E, portanto, face a este clima que hoje nos rodeia é natural, penso eu, que os jovens prefiram não arriscar. No seu entender que medidas é que poderiam ser criadas por forma a contrariar este receio? No fundo, contribuindo para um aumento do empreendorismo português que já se fez sentir de forma tão acentuada noutras épocas e que, no fundo, está sempre interligado ao desenvolvimento económico. Muito obrigada.
 
Dr.Alexandre Relvas
- Bom, dentro deste diálogo aqui com o Ricardo, eu também acredito que o Ricardo não nos vai desiludir. Porquê? Porque a base de intervenção do Instituto Sá Carneiro, no futuro, tem muito a ver com a vossa participação. Eu disse isso na sessão de abertura da Universidade. O que é que a nossa preocupação? Vai haver eleições legislativas, autárquicas e europeias. Nós não podemos responder em termos de reflexão política e em termos de apresentação de propostas em todos os domínios, e escolhemos dois: escolhemos as eleições legislativas e vamos ter um projecto de Pensar Portugal, projecto este que se procura, mais do que a apresentação de propostas, é todo o processo de construção dessas propostas e de discussão dessas propostas. Vamos ter também um projecto sobre as cidades. Nós pensamos que as cidades, a vida nas cidades hoje determina muito a nossa qualidade de vida, o nosso dia a dia e pensamos que há bons projectos a dar a conhecer em termos nacionais, na área do ambiente, na área social, na área económica, na área do ordenamento. Há boas ideias em termos internacionais para partilhar. Há as ideias das organizações não governamentais às quais nós devíamos responder. Mas tudo isto, só é possível pensar estas duas áreas se houver, dentro desta perspectiva que eu apresentei de construção de propostas, se houver uma forte participação dos portugueses em geral e muito em particular das novas gerações. Porquê? Porque uma parte importante da intervenção que nós vamos procurar nestes domínios é através da Internet, através do site do Instituto. Eu tive oportunidade de vos dizer, a nossa sede vai ser o site do Instituto. O Instituto tem uma sede física, mas a sede vai ser o site do Instituto e com áreas em que vocês, a todos os níveis, podem intervir com propostas, com discussão ou se pode ver outras propostas são apresentadas e discutirmos no âmbito do PSD, no âmbito de outras organizações sociais, as ideias que ali forem apresentadas. E, portanto, nós vamos criar ferramentas, vamos convidar pessoas de grande qualidade para debater, mas o nosso sucesso depende da intervenção de todos aqueles que pensam que é preciso criar uma alternativa política em Portugal e que essa alternativa política obriga a um debate de ideias, obriga a um debate de propostas e obriga esse debate de ideias e de propostas tem de ser participado para ser mobilizador. E, portanto, fica o desafio também para quando o site for lançado, para vocês participarem. E, por isso, é que eu digo, tive oportunidade também de dizer nesse primeiro dia, a vossa ligação ao Instituto Sá Carneiro não devia parar com esta Universidade de Verão, mas deviam manter, visitem o site do Instituto, a partir de Outubro ou a partir de Novembro. Nós procuraremos lançar em Outubro, mas não quero aqui também ser demasiado ambicioso. A partir de Outubro ou Novembro e participem activamente nas iniciativas. Convidem amigos a participar nas iniciativas, debatam. É com isso que se cria uma alternativa. Todos aqueles que pensam que vale a pena criar uma alternativa é, sobretudo, através do debate de ideias.

E com isso começo a responder à sua segunda questão. E depois respondo à questão dos golfinhos. A sua segunda é como se ganham eleições? Eu não sei como é que se ganham eleições, o caso do Prof. Cavaco Silva foi um caso muito especial e dependeu, sobretudo, da qualidade do candidato, muito mais do que as 500 pessoas que trabalharam na campanha, no âmbito das quais eu me inseri. Agora, o que é que eu penso que é fundamental? É fundamental nós acreditarmos nas nossas ideias. E, por isso, por exemplo, um dos debates que nós vamos lançar tem a ver não apenas com questões programáticas, como eu dizia há pouco sobre o país ou sobre as cidades, mas questões ideológicas. Nós temos um pensamento diferente com bases diferentes do pensamento que hoje é prevalecente no país. E, portanto, temos que, primeiro que tudo, ter uma perspectiva muito clara daquilo que são os nossos valores fundamentais e todas as propostas serem coerentes com aquilo que são os nossos valores fundamentais. Não vale a pena termos propostas oportunistas ou populistas apenas para responder a questões circunstanciais. O PSD, a nossa área política só se afirma se se afirmar de acordo com os nossos valores. E, portanto, nós vamos querer também discutir aquilo que não são só valores, consolidar esses valores, dentro de uma perspectiva até de novidade. Há pouco falavam-me aqui sobre as eleições americanas. Uma das questões fundamentais que estas eleições americanas vieram trazer, o fenómeno Obama, tem a ver com a qualidade, de facto, indiscutível do candidato Obama, mas tem também muito a ver, hoje a ver um sentimento profundo de aspiração a novas propostas, a novas ideias, a nova forma de apresentar soluções. E ele vem dar resposta a essas aspirações, a realidades diferentes. As pessoas estão fartas da mesma lógica de apresentar, destas quezílias diárias, de populismos, de falta de convicções. E, portanto, um dos aspectos, para mim, fundamentais é este: é termos ideias sólidas do ponto de vista ideológico e todas as propostas que apresentemos sejam com base nessa nossa perspectiva, na nossa forma de pensamento. A segunda, tem a ver com o conhecimento e a percepção exacta daquilo que são os anseios dos portugueses, os anseios profundos dos portugueses. E a política, para mim, mais do que grandes projectos, grandes ambições é resolver as questões que preocupam às pessoas. As pessoas, hoje, estão preocupadas. A vossa geração está preocupada com o emprego. As pessoas estão preocupadas com a perda de poder de compra. Estão preocupadas com a mobilidade, duas horas para chegar a casa ou uma hora para chegar a casa. Estão preocupadas com problemas de habitação. Estão preocupadas com questões de segurança e a nossa grande preocupação tendo como referência os nossos quadros de valores, sem oportunismos, de acordo com as nossas convicções, dar respostas a estas questões, respostas com perspectivas a médio e longo prazo e escolher aquelas que nos diferenciam do pensamento socialista e da forma de governação socialista. Eu, o outro dia, por exemplo, um tema que tem que ser nosso, é o tema da igualdade. Isso é quase contraditório com a lógica política tradicional. Mas nós devemos ser o partido da igualdade de oportunidades. Quando olhamos para aqueles números que apresentámos, não há ninguém na nossa área política que não seja sensível às questões que nós apresentámos. E isso é mobilizador porque tem a ver com a vida das pessoas. A pobreza infantil como eu tive aqui oportunidade de dizer, o vosso primeiro emprego, quando dizemos, abaixo dos 35 anos há 190.000 pessoas desempregadas, são pessoas praticamente de, são os portugueses que nascem durante praticamente dois anos. Portanto, é muita gente que está desempregada e a esses devemos acrescentar todos aqueles que têm um emprego e que não estão fazer aquilo que os satisfaz. E, portanto, aqui para não querer alongar-me, se não estamos aqui a noite inteira, mas o que eu penso que é fundamental, além de convicções sobre os nossos valores é ter esta perspectiva de médio e longo prazo e de respostas a questões essenciais que nós transformemos em causas. Eu , por exemplo, a questão do ensino secundário, para mim, é das questões que mais pode mudar a realidade económica e social portuguesa. É brutal, eu disse aqui, este país trata mal os seus filhos, isso é uma imagem brutal, mas quando metade dos miúdos não chegam ao 12º ano, muitos de vocês acabaram isso, agora. Imaginem-se ainda com o 8ºano. O que é que isso significa em termos das vossas aspirações, do vosso potencial. Isto pode ser uma causa nacional. E é uma causa que tem a ver com justiça social, com igualdade. Portanto, o que eu penso é que é preciso pensar naquilo que são as grandes questões que os portugueses aspiram, encontrar respostas. Por exemplo, em termos de investimento do governo, vale a pena, a Dra. Manuela Ferreira Leite lançou a questão que, hoje, há questões sociais gravíssimas em Portugal, que é preciso aumentar a capacidade de intervenção das instituições de solidariedade social. Vale a pena fazer auto-estradas, mais ainda? Eu, para vir para aqui é o embaraço da escolha de vir pela A23 ou vir por Évora. Este país precisa de mais auto-estradas ou precisa de mais capacidade de apoio social? Ou precisa de um apoio efectivo ao primeiro emprego dos jovens, às empresas que recebam jovens e que durante um ano ou dois anos invistam em termos de formação desses jovens. Empresas como a nossa. De certeza que isso é mais, é melhor para criar o futuro do País do que ter mais auto-estradas sobre as quais dificilmente se justifica em termos de aumento da produtividade no País porque só faz sentido investimento público, se aumentar a produtividade, se aumentar a nossa capacidade de criar riqueza. Porque, para lazer, investimento, neste momento, não é uma prioridade, com certeza, em Portugal. A mesma coisa para a intervenção social. Portanto, vale a pena pensarmos nos nossos valores, quais são as grandes questões que vamos dar respostas e para essas questões ter coragem de ter respostas diferentes, mesmo que não tenham a ver com aquela que é a ansiedade que tenham as pessoas no dia a dia em relação ao tipo de respostas. Não ser populista, para mim, é uma questão fundamental.

Depois, um outro aspecto que eu penso que é fundamental. Para criar uma dinâmica de vitória é fundamental que esta área política seja unida. É fundamental que não criemos entre nós divisões e que a base da discussão pública não sejam afirmações que alguns de nós façamos publicamente. Estamos num período de contenção e estamos num período em que é preciso é afirmarmo-nos naquilo que é essencial. E, mais uma vez aqui, é actuar de acordo com os nossos valores. E um dos valores fundamentais em momentos como estes é a solidariedade, é o respeito pela diferença, é perceber aquilo que é essencial. E, portanto, eu penso que esta área política, à volta de ideias e de causas que vão ser, com certeza, apresentadas ao longo dos próximos meses, deve procurar trabalhar conjuntamente. E deixamos, para depois de 2009, tudo aquilo que nos separe. Há momentos para tudo. Este é um momento de união. Há momentos em que podemos discutir, há pouco perguntavam-me, por exemplo, aqui, se valia a pena ou não, nesta fase, discutir de novo o programa do PSD, um trabalho que o Dr. Marques Mendes tinha lançado. Não é este o momento. Não é este o momento de nos pormos a discutir questões ideológicas e eventuais diferenças. Há momentos para tudo e isso para alturas em que não haja batalhas eleitorais, em que não haja escolhas fundamentais das pessoas. Neste momento, o que nós temos que responder é às ansiedades dos portugueses e quais são as respostas que nós temos  para as ansiedades dos portugueses.

Em relação à questão que colocou sobre o empreendedorismo. Se penso que na área social é fundamental uma intervenção forte do Estado e que é preciso um Estado mais comprometido e, por isso, eu dizia há pouco, a igualdade é uma das grande batalhas do PSD, com certeza, nos próximos tempos. Na área económica tenho exactamente a perspectiva contrária. Deve ser, sobretudo, com base no nosso mérito pessoal, na nossa capacidade que devemos ser capazes de dinamizar os projectos que nos entusiasmem ou como dizia há pouco, como é que se pode ser empreendedor? Não há, se você falar com dez empresários ou com dez gestores, vai ter respostas completamente diferentes. Eu não sei dar resposta. Sei que é preciso ter ambição, sei que é preciso ter vontade e isso faz uma diferença enorme. Sei que é preciso ter um enorme sentido de sacrifício porque esta história que eu aqui vos contei, nós contamos um resumo que é a história bonita, mas há um caminho das pedras que se vai trilhando ao longo do tempo, de dificuldades, há muitos escolhos que se apanham, é preciso contornar muitas dificuldades. E, portanto, é preciso esse sentido de sacrifício. Agora, o que eu penso que, pelo menos, a vossa geração deve encarar é essa, o empreendedorismo como uma alternativa. No momento em que há um desemprego significativo, vale a pena tentarem a vossa oportunidade doutra forma. Não fiquem à espera de nada. Estou à espera. Respondi uma vez, respondi duas, respondi três. Procurem empregos, se são de Beja, procurem em Lisboa ou Évora, no Porto, onde seja, em Madrid, porque faz bem passar uns anos fora de Portugal para depois vir com uma experiência diferente, com um conhecimento diferente. Ou tentem o vosso próprio projecto. Há mil ideias que vocês, com certeza, podem lançar, muitas das quais vos vão atravessando o espírito ao longo do tempo. Façam-no com outros colegas, é mais fácil não o fazê-lo em solidão, é mais fácil fazê-lo com outros colegas. Não contem com nenhuma ajuda do Estado. Contem só consigo porque eu acho que o Estado aí não tem valor acrescentado nenhum. Na área económica, é uma área que devemos contar com nós próprios e muito pouco com a intervenção. Eu não defendo nada que o Estado deve ter sociedades de capital de risco e apoiar, e dar dinheiro a fundo perdido, etc. Acho que cria distorções nas decisões empresariais de gestão que não são úteis. E, portanto, entusiasme-se com a vida empresarial. Acho que há um conjunto de tempos que vale a pena. Eu devo-lhe dizer, eu comecei muito cedo a vida empresarial, mal saí da universidade, e vivi momentos de enorme ansiedade para pagar salários no fim do mês. E, depois, você quando é empresária olha para trás e não tem ninguém. Portanto, toda a gente olhou para trás e no fim da fila está você. E, portanto, você é que tem que resolver os problemas. E isso dá-nos uma enorme capacidade para o futuro, mas cria naqueles períodos, uma enorme angústia, mas esse é o sal da vida, é o que dá depois prazer quando olhamos para trás e se ultrapassarmos essas pequenas dificuldades. E temos um enorme orgulho quando olhamos para um ano, dois, três, quatro, cinco e fomos fazendo as coisas e, depois, a vida evolui muito mais, como tudo, tudo evolui muito mais naturalmente. Mas há esse período que é um período que tem de ser de iniciativa, de vontade, mas não conte com ninguém. Conte só consigo.

 
Dep.Carlos Coelho
- Grupo azul, Alexandra Gomes. E o grupo da mesa, e eu aproveito para agradecer ao grupo azul, o acolhimento que nos proporcionou aqui. A seguir, Alberto Simão do grupo laranja.
 
- Boa noite. É uma honra para o grupo azul estar presente aqui na mesa, sendo anfitrião do nosso convidado nesta excelente iniciativa. A minha questão prende-se com o afastamento de jovens da vida política. Para além da Universidade de Verão que iniciativas devem ser realizadas no sentido da reconciliação de jovens com a política? Após seis anos de Universidade de Verão que ponderação deve ser retirada? De que forma deve ser aproveitado o conhecimento que os alunos retiram daqui? Gostaria ainda de lhe colocar outra questão. Gostaria de saber se o facto de ser Presidente do Instituto Sá Carneiro condiciona as suas posições políticas? Muito obrigada.
 
Alberto Simão
- Muito boa noite à mesa. Antes de mais, queria felicitar o Dr. Alexandre Relvas por, e agradecer principalmente por pôr os seus conhecimentos e a sua experiência, aliá-los à política. Muito obrigado. Agora a pergunta. O Sr. Dr. Alexandre Relvas falou-nos, hoje, da empresa Logoplaste. É uma empresa que, se não estou em erro, é uma empresa de sucesso há mais de 30 anos. E eu gostaria de saber se acha, não, se pensa, porque já nos ensinaram nesta Universidade de Verão que um político não acha, um político pensa ou tem certezas, se pensa que é mais fácil ou mais difícil, aliás, se encontra maior dificuldades ou menores no presente ou no passado, na criação e gestão de empresas? Muito obrigado.
 
Dr.Alexandre Relvas
- Bom, eu à Alexandra, peço imensa desculpa, mas eu vou fazer-lhe a si a pergunta: como é que se devem incentivar os jovens, isso é uma discussão que a gente podia ter a seguir, a terem mais intervenção na política? Eu acho que vocês melhor do que eu podem responder como é que devem incentivados a terem mais intervenção na política. Aqui, tenho alguma dificuldade, digo com sinceridade. Eu tenho filhos da vossa idade, tenho um filho com 25 anos, portanto, com a idade de alguns de vocês, tenho outro com 18 ou 19 e, apesar de eu ser uma pessoa que procuro ter uma intervenção política, como eu dizia há pouco, por acaso vou aproveitar para responder à dos golfinhos, a seguir, não têm sensibilidade nenhuma, hoje, para a questão política. Quando há grandes questões discutidas publicamente, interessam-se, o caso da questão do aborto, o caso, agora, das eleições americanas quase toda a gente discute de uma forma ou de outra com mais profundidade. Mas só muito pontualmente. E isso tem muito a ver, penso eu, com a natureza das questões que são colocadas. Se colocarem questões que vos mobilizem, se as questões públicas vos mobilizarem, eu acho que vocês não podem estar desinteressados. E, portanto, o que eu penso e essa deve ser a nossa preocupação é que o tipo de questões que sejam colocados pelos partidos, pelas juventudes partidárias, têm que ser questões que respondam às vossas aspirações, aos vossos anseios e, portanto, é a única forma de vos envolver. Não há formas artificiais, mais uma vez, não vale a pena querer fazer ou ter soluções artificiais. Só há interesse se nós nos sentirmos que é uma questão que nos toca e, portanto, ao tocar-nos sentirmos que devemos intervir. Agora, há uma outra questão que é a seguinte: tem a ver com a educação que também nos é dada pelas nossas famílias e que nos é dada a nível das instituições em que estudamos. O serviço à comunidade, o serviço público, a intervenção cívica deve ser algo para as quais é importante sermos sensibilizados. E daí a importância desta Universidade de Verão, reforça o vosso interesse por este tipo de questões. E, portanto, tudo isto também pode ser, esse vosso interesse pode ser aumentado, não apenas pelas questões que são discutidas, mas também pela natureza da formação que vocês vão tendo ao longo do tempo que vos interesse ou que vos faça falar destes temas, discutir estes temas. Muitas destas questões que vocês estão a discutir aqui, eu penso que vocês podiam ter discutido no liceu, no último ano do liceu, por exemplo, ou nos últimos anos do liceu. E o tipo de pessoas que são para aqui convidadas, podem ser convidadas também no liceu ou nas universidades, e isso fazer aumentar o vosso interesse pela intervenção cívica. O que eu vos quero dizer e é a minha atitude e agora a questão dos golfinhos. Eu fiz uma opção em termos de vida profissional. Quis ser empresário. Agora não me é indiferente o que se passa no meu país, no meu tempo. E, portanto, sempre que eu penso que possa ter algum valor acrescentado, eu sinto-me disponível ou estou disponível e, por isso eu digo, como o golfinho de vez em quando vem à tona. Eu não tenho disponibilidade para estar sistematicamente, como muitos de vocês não vão ter, apesar de terem sensibilidade para a questão pública, para estarem sistematicamente a terem intervenção política. Agora, há momentos na nossa freguesia como aqui o vosso colega, noutras dimensões de autarquias ou nos nossos liceus ou nas instituições, nas universidades, há momentos em que devemos ter intervenção cívica. E, portanto, eu defendo que devemos estar disponíveis e sou sensível a essas questões e penso que vocês devem ser sensíveis a essas questões. Portanto, isso depois também depende como, era por aí que eu queria ir, depende também da natureza pessoal, depende de cada um, as realidades a que cada um é sensível. Agora, o apelo que eu vos faço é este: este entusiasmo com que vocês estão aqui, mantenham-no no pós-Universidade de Verão. Mantenham o contacto entre vocês, mantenham com a JSD, mantenham com o Instituto Sá Carneiro, mantenham nas autarquias em que vocês estão, nas organizações não governamentais. É importante ter intervenção cívica para além da vida profissional e da vida familiar porque nós vivemos em comunidade e, portanto, podemos ajudar a nossa comunidade a evoluir.

Em relação ao Alberto. Aqui também tenho alguma dificuldade. Vamos lá a ver, aqui não queria, a política às vezes, não queria utilizar oportunisticamente a política. Eu penso que, hoje, é mais difícil a actividade empresarial, nesta fase do que há três anos ou cinco anos, ou sete anos. Tem pouco a ver com o enquadramento da actividade empresarial e com a intervenção do governo. Tem muito a ver é com o ambiente, hoje, que vivemos no mundo: a crise financeira e de crédito, a crise do petróleo, a crise de tudo o que é matérias-primas e produtos alimentares etc. Tudo isso cria um ambiente de expectativas negativas que é pouco favorável e, portanto, decisões de investimento que são adiadas, decisões de consumo estão adiadas e nós, hoje, é de facto um momento mais difícil. Agora, vivemos também sempre com a perspectiva de que isto só vão ser dois, três anos e que será ultrapassado e que daqui a dois ou três anos vamos estar de novo num momento de optimismo em que há boas perspectivas. Portanto, eu não sinto nenhuma situação especial no quadro geral que seja negativo para uma empresa como a nossa que intervém em vários pPaíses. E aqui também quero ser claro e não é em benefício do actual governo que falo, mas em benefício do país, de Portugal. Nós somos muito pouco, às vezes, orgulhosos no nosso país e somos muito negativistas em relação a Portugal. Mas Portugal não é, seguramente, e eu digo com a experiência que tenho e trabalhamos em doze Países , não é seguramente dos países em que é mais difícil fazer negócios. Isso é uma desculpa. Portugal é um país que tem pessoas de grande qualidade, apesar dos problemas de ensino, tem pessoas de grande qualidade, a preços extraordinariamente competitivos, vocês têm visto a discussão destes centros que se têm instalado no norte do País. A vossa geração dos 1.000 euros, etc. É possível arranjar gente de grande qualidade para trabalhar. Há possibilidade de trabalho em termos de investigação e desenvolvimento com as universidades, desde que se saiba contratualizar com as universidades. O quadro laboral pode evoluir, mas não é pior que a generalidade dos países, o quadro fiscal pode evoluir, mas não é pior que o da generalidade dos países. E, portanto, olharmos para o país e para este quadro de referência do País e o enquadramento em que trabalhamos como desculpa para não iniciarmos actividade empresarial ou porque a nossa empresa nos corre mal não é, seguramente, a razão, não é pior do que todos os outros Países. Agora, o que também quero dizer é que pode ser melhor. E pode-se tomar medidas que sejam mais favoráveis ao desenvolvimento empresarial do que hoje existem em Portugal. Por exemplo, em termos de licenciamento empresarial, imagine que você quer fazer um hotel ou que quer montar uma fábrica, o tempo necessário para aprovar um projecto em Portugal, apesar de não ser muito pior que os outros países é inaceitável. Pode-se meses e anos para aprovar um investimento. Ou o quadro da legislação laboral. A legislação laboral defende aqueles que têm emprego, não vos defende a vocês, não defende um mercado que seja dinâmico que queira pessoas novas, pessoas mais activas. Está a defender aqueles que têm emprego. Se calhar, vale a pena pensar no mercado laboral dual em que haja contratos que sejam mais adaptados às novas gerações, com mais flexibilidade porque, se calhar, vocês preferem trabalhar com um contrato que seja mais flexível do que inserirem-se no actual mercado de trabalho em que não têm emprego. Muitos de vocês preferiam trabalhar com um contrato mais flexível do que numa situação em que têm, em que hipoteticamente poderiam trabalhar e muito defendidos no emprego, mas não há empregos com este quadro de referência. Portanto, o que eu quero dizer é, o país é bom, tem um bom enquadramento, mas nós devemos repensar esse enquadramento e podemos fazer melhor para dinamizar a actividade económica. Penso que respondi à sua…

 
Dep.Carlos Coelho
- Grupo amarelo, Alexandre Veloso e depois Luc Mombito do grupo Rosa.
 
Alexandre Calheiros Velozo
- Muito boa noite, Dr. Alexandre Relvas. O grupo amarelo agradece pela forma construtiva com que tem contribuído para a nossa formação, aqui, nesta Universidade de Verão. Como afirmou na sessão de abertura desta Universidade de Verão, um dos grandes problemas que assola o nosso País é o desemprego. Existem medidas que acha que poderiam ser tomadas para enfrentar isto? E mais. Parece-me que esta pergunta abre sobre outra que é: que atitudes acha que um empresário deve tomar para também ajudar, eficazmente, nesta área? Muito obrigado.
 
Luc Mombito
- Muito boa noite. Exmo. Sr. Reitor da Universidade de Verão, Dep. Carlos Coelho , estimado Sr. Dr. Alexandre Relvas, caros companheiros. É sempre um orgulho encontrar, devo dizer isso onde quer que esteja, alguém que tenha sido aluno, neste caso também Professor da minha universidade que é, sem dúvida, a melhor Universidade do país, a Universidade Católica e alma mater. E sabendo dessa mesma excelência de formação é, com certeza, uma honra em recebermos, hoje, para o nosso convívio, um Administrador de sucesso e muito mais do que isso, um grande Sportinguista (Risos). De facto, como podemos ver, inicialmente, a Logoplaste é um exemplo de sucesso em que o país se deveria orgulhar. Uma empresa de sucesso num mercado global cada vez mais competitivo e apertado e um sucesso que se deve, digamos, ao seu reconhecido talento. A minha pergunta não vai fugir muito, se calhar, aqui a algumas que já foram feitas, mas queria que o Sr. Dr. imaginasse que nós fossemos empresários já dentro do mercado, sofrendo, digamos, sendo vítimas de algumas leis laborais deste governo socialista e eu queria que imaginasse, enfim, como já disse, imagine que somos empresários e o que é que nos diria para, de facto, seguirmos o seu exemplo de sucesso, que conselho é que daria aos empresários se aqui estivessem consigo reunidos nesta sala baseando-se, naturalmente, no seu conhecimento e no seu know how e experiência. Muito obrigado.
 
Dr.Alexandre Relvas
- Carlos, eu agora vou responder mais rápido, não por falta de interesse das perguntas, mas porque o Carlos Coelho diz que eu tenho que responder mais rápido e eu tenho que obedecer ao Magnífico Reitor, como você disse. Nós teremos três pontos em comum e começo aqui pelo Luc. Os dois somos de África. Eu nasci em Angola e fui criado em África até aos dezoito anos. Os dois gostamos da Universidade Católica. Eu tenho enorme orgulho de ter estado na Universidade Católica. Vocês não sentem isso. Mas a Universidade Católica criou a única universidade de qualidade, a seguir ao 25 de Abril. E há toda uma geração de pessoas que queriam estudar gestão e que não tinham nas universidades públicas uma alternativa para um ensino de qualidade e a Igreja em Portugal criou um ensino de grande qualidade e estou profundamente grato por terem-me dado a oportunidade de estudar na Universidade Católica, ao longo de cinco anos e ter ficado a ensinar na Universidade Católica mais dez. E, depois, o Sporting é uma paixão quase tão profunda como a universidade (Aplausos). Os que não batem palmas é um reconhecimento pela negativa da qualidade do Sporting e, portanto, também lhes agradecemos (Risos). Oh, Luc, eu já respondi um pouco à sua pergunta quando respondi aqui à sua colega. Há muitos bons exemplos em Portugal. Nós , mais uma vez, e aproveito para responder de outra forma à sua questão. Nós tendemos a ser muito negativistas no nosso país. Mas, apesar de tudo, neste contexto internacional, o país continua a crescer. Não somos dos países, há países que fazem muito melhor que Portugal, portanto, também não podemos concordar com o Primeiro-Ministro que a razão da nossa situação é só a razão externa porque países como a República Checa, os Países do norte da Europa, Eslováquia, etc., a Grécia, neste contexto fazem claramente melhor que Portugal, continuam a crescer a 2, 3% e, portanto, continuam a melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos e a crescer, e a não empobrecer em termos relativos como é o caso de Portugal. Nós, hoje, estamos mais pobres, o ano passado também ficámos mais pobres, há dois anos mais pobres, há três anos mais pobres em termos dos países europeus, quando comparado com os países Europeus. E, portanto, isto só é possível, a continuação deste crescimento porque há uma parte da economia portuguesa que é muito dinâmica, que se virou para o exterior, que se entusiasma com a inovação, tem capacidade de apresentar novas soluções. E, portanto, empresas como a Logoplaste, a Logoplaste não é única. Há dezenas, há milhares de empresas porque a economia portuguesa, ainda por cima, é feita de muitas pequenas e médias empresas, é um segmento, é uma economia fortemente atomizada com enorme sucesso. Eu acho a tudo o que acrescentei aqui só há um ponto que eu queria acrescentar em relação ao que a sua colega referiu. É o virarmo-nos para o exterior, ou seja, como empresários ou nas empresas em que estejamos, em todos os trabalhos que façamos, se alguém escrever um romance, se alguém quiser publicar um artigo de investigação na sua universidade, o que seja, vale a pena não ter aqui apenas a visão do rectângulo, mas ter uma visão alargada, fazê-lo pensando em toda a Europa , pensado no Brasil, pensando nos países de Língua Oficial Portuguesa, pensando sempre para o exterior. E essa é uma necessidade absoluta porque é muito difícil viabilizar projectos empresariais pensando apenas em Portugal. O resto da resposta à sua pergunta foi dada na resposta a questões anteriores.

Sobre a questão do desemprego. Eu foquei isso também já noutras respostas que dei anteriormente. Eu acho que há duas questões diferentes. Uma é, para a juventude, o Estado deve ter políticas activas de emprego. Ou seja, e o que é que chamo políticas activas de emprego? Apoiar em termos de Segurança Social , de isenção de IRS, pelo menos, uma fase da entrada na vida profissional que garanta uma minimização dos custos das empresas para que os jovens estejam empregados porque é melhor estar empregados, terem formação e continuarem a sua vida profissional ou iniciarem a sua vida profissional do que estarem à espera de iniciar a vida profissional porque isso vai trazer mais custos, no futuro, para o Estado. E, portanto, nós devemos defender nessa área, ao contrário de outras áreas, uma intervenção activa do Estado, a apoiar os jovens. E segundo, e retomo o que vos referi há pouco. Esta legislação laboral defende aqueles que trabalham, não defende aqueles que vão procurar emprego. E, portanto, eu penso que se pode não prejudicar aqueles que trabalham, mas ter uma legislação de trabalho dual. Uma legislação de trabalho que se tem contratos que se aplicam a uma geração e tem contratos que se aplicam a uma nova geração. Repito o que disse há pouco. Vocês, se calhar, estão dispostos a aceitar uma flexibilidade na relação laboral que outros que já têm trabalho há vinte, quinze, vinte, trinta anos não estão. E, se calhar, essa flexibilidade dava-vos uma oportunidade de emprego que vocês, hoje, não têm. E, portanto, penso que devia haver abertura nesse campo e é uma área em que, por exemplo, a nossa área política deve defender. Não é, a igualdade de oportunidades, não é a actual legislação. A igualdade de oportunidades, porque a actual legislação é uma igualdade pela negativa. É a igualdade de oportunidades é de não sair do emprego daqueles que já lá estão. A igualdade de oportunidades é todos poderem trabalhar e, portanto, deve ser uma legislação de trabalho que vos dê essa oportunidade de emprego. Agora, esse é um tema, há pouco vocês perguntavam, que tipo de intervenção é que se pode ter na política? Esse é um tema pelo qual vocês podem lutar. Pode-se criar movimentos de opinião, movimentos de opinião que obriguem o poder político a responder a este tipo de questões. Hoje, os políticos, vamos lá a ver, sendo realistas, os políticos respondem a correntes de opinião. Há políticos de convicções que acreditam num conjunto de valores, acreditam num conjunto de causas, lutam por essas causa. Mas também se responde muito a correntes de opinião. E, por exemplo, em relação ao primeiro emprego dos jovens é um tema que tem ser trazido à discussão pública. E aí vocês podem trazer à discussão pública. É um tema para o qual é preciso respostas novas. O pensar, por exemplo, enfim, há aqui advogados na sala que sabem mais disso do que eu, mas pensar em dualidade de contratos laborais numa legislação laboral que permita dois tipos de contrato, não é algo que não seja imaginável. Mas são soluções novas e é este tipo de atitude que nós precisamos para hoje quando há pouco dizíamos que há causas novas, há ideias novas que podem ser apresentadas, é para questões que têm a ver como esta e que têm a ver com vida das pessoas, tem a ver com a vossa vida. E, portanto, eu defendo políticas activas em termos de apoio às empresas e apoio a vocês próprios para poderem ter esse emprego, e defendo esta dualidade da legislação laboral.

 
Dep.Carlos Coelho
- Grupo roxo, Teresa Luís da Silva e depois Alexandre Resende do grupo Encarnado.
 
Teresa Luísa Silva
- Boa noite a todos. Uma saudação especial ao Dr. Alexandre Relvas. A pergunta é curta: com uma empresa à escala mundial, o grupo roxo quer saber com que expectativa é que encara as eleições nos Estados Unidos da América? Obrigada.
 
Alexandre Resende
- Muito obrigado. Muito boa noite a todos. Queria cumprimentar especialmente três pessoas. Os dois aniversariantes e, obviamente, o nosso convidado especial desta noite, o Dr. Alexandre Relvas. Por acaso, vou pegar também ali na questão da Universidade Católica. Eu também andei na Universidade Católica em Administração e Gestão de Empresas. Tive um Professor chamado Adriano Freire que dava Estratégia Empresarial, que dava e continua a ser o Professor. E, realmente, a Logoplaste era um dos exemplos que ele habitualmente dava como uma empresa de sucesso portuguesa …

(Um minuto inaudível)

Alexandre Resende – … portugueses, não nos deixando ir para fora como tem acontecido no últimos anos. Em parte esta questão já foi respondida em questões anteriores e, portanto, tenho, digamos, mais meia pergunta que é a seguinte: A inovação também se aprende e, por isso, temos que ter também um bom ensino superior, um bom ensino técnico. E queria saber qual é que é a sua opinião sobre a existência de inúmeras faculdades, inúmeras universidades em Lisboa, Porto , Coimbra, Faro, Beja. Não, por exemplo, em Lisboa, no Porto, não bastaria uma universidade para ter os melhores professores, para ter cursos que não são iguais uns aos outros e, desta forma, conseguirmos que Portugal tivesse uma maior projecção no mundo académico mundial ou, pelo menos, europeu. Obrigado.

 
Dr.Alexandre Relvas
- Bom, respondendo à Teresa sobre as expectativas das eleições americanas, se me pergunta o resultado, eu posso-lhe dizer o que é que penso que vai ser o resultado, mas não é sobre isso que é, com certeza, a sua pergunta. Eu devo-lhe dizer, há pouco falava aqui com os vossos colegas na mesa, eu teria se tivesse nos Estados Unidos, olhando para os programas dos candidatos, grandes dificuldades de escolha. Porque sou extraordinariamente sensível em relação às questões sociais colocadas pelo Obama, sou sensível às questões de política externa colocadas pelo McCain e, portanto, tendo em conta o papel que os Estados Unidos têm no mundo, essas questões de política externa para quem é um estrangeiro são particularmente relevantes, o ter uma política externa firme com uma visão clara. Agora, em relação ao McCain , por exemplo, eu teria grandes dúvidas em votar, devo-vos dizer, porque tenho grandes dúvidas sobre a política fiscal que seja a continuidade da política fiscal do Bush, tenho grandes dúvidas sobre a política social, tenho grandes dúvidas sobre a política, a dependência de alguns grupos de opinião forte que levam a tomadas de posições sobre aquilo que são as chamadas as questões fracturantes: abortos, homosexualidade, etc., com as quais eu não concordo. E, portanto, tenho divisões, aprecio algumas dimensões de um candidato, aprecio outras dimensões de outros candidatos. Ainda não sou capaz de tirar conclusões, nesta fase. Vamos ter mais dois meses de campanha, eles vão ser mais claros, vai haver debates e, portanto, se calhar, mais à frente pode-se, do ponto de vista programático ter ideias mais claras.

Sobre a questão do Alexandre. Sobre a inovação, eu respondi. Nós valorizamos fortemente e, por isso, chamamos ter talentos, ter pessoas de qualidade, contratar pessoas de qualidade. Estamos atentos às pessoas que saem anualmente das universidades. Valorizamos mais, hoje, os cursos de engenharia do que os cursos de gestão. Mas dada a natureza da nossa actividade, não tem nada a ver com a qualidade das pessoas que saem de umas universidades ou de outras e dentro da nossa área procuramos contratar nas universidades em que formam pessoas que nos interessam, aqueles que são os melhores. E ano a ano, fazemos um esforço nesse sentido, não apenas nós mas muitas outras empresas fazem esse esforço. Há vários grupos que, anualmente, vão apresentar as suas empresas às universidades, enfim. Aqueles que estão nas universidades têm sentido isso. Sobre uma universidade ou várias universidades. Eu acho que vale a pena um esforço conjunto como, por exemplo, o MBA que foi criado pela Universidade Nova e a Universidade Católica. Agora, as universidades, é muito mais do que formação de excelência e para competir nos rankings internacionais. Hoje, as universidades são pólos de vida em várias áreas do nosso País. E, portanto, o ter apenas uma universidade ou duas universidades é um regresso a um caminho que, em Portugal, teria consequências extremamente negativas. Enfim, quem é do interior, quem está na Covilhã, quem está em Vila Real , quem está em Braga, quem está em Viseu, quem está em Beja com alguns dos politécnicos que há em Beja, sabe a importância que têm os núcleos de universidades e as universidades. E, portanto, eu defendo a manutenção dessa descentralização. Como cidadão, não tenho nenhum conhecimento do ponto de vista de rigor científico, nem de qualidade do ensino, mas penso porque temos contratado várias pessoas, por exemplo, da Universidade do Minho, temos contratado da Beira Interior e são pessoas de grande qualidade, que respondem como todas as outras respondem e, portanto, acho que é útil essa descentralização. Agora, em algumas áreas para poder apresentar resposta ao nível do melhor do que se faz no mundo, as universidades podem ter iniciativas conjuntas, como têm empresas, como eu há pouco focava. Mas acho que isso não deve ser generalizado, deve ser em relação a projectos muito concretos. As universidades foi uma das grandes decisões de um dos governos do Prof. Cavaco Silva e que tiveram, como eu disse há pouco, enorme impacto em termos de desenvolvimento regional. E esse é, por exemplo, um dos desafios. Vocês estão aqui em Castelo de Vide. Um dos problemas que quem conhece bem o Alentejo, o Alentejo é 1/3 de Portugal, é 5% da população. Se não há um dinamismo forte de iniciativas nestas zonas do interior, há um envelhecimento e há uma desertificação generalizada. E, portanto, as universidades, hoje, esses pólos universitários têm um papel e é pena que o Estado não olhe mais a que a descentralização do próprio Estado podia levar à dinamização destas áreas. Eu acho que há Direcções-Gerais que não têm nenhum sentido não estar descentralizadas. E, portanto, é uma iniciativa que se pode tomar ou, pelo menos, para o futuro não deve haver nenhuma Direcção-Geral mais aberta em Lisboa e no Porto. Não tem sentido. Pode abrir em Coimbra, pode abrir em Viseu, pode abrir em Évora, pode abrir em Beja. Hoje , com os meios, com os sistemas de informação que existem, com as telecomunicações que existem, não há razão nenhuma para não estarem descentralizadas. Portanto, as universidades inserem-se nesta perspectiva de desenvolvimento regional, para mim.

 
Dep.Carlos Coelho
- Dr. Alexandre Relvas, temos uma tradição na Universidade de Verão que é dar a última palavra ao nosso convidado. Portanto, eu não regresso ao microfone. É a última oportunidade que eu tenho para em nome de todos lhe agradecer a sua segunda vinda à Universidade de Verão 2008 e as respostas que deu a todas as nossas perguntas e aquelas que ainda vai dar às duas perguntas finais. O Pedro Rodrigues recorda-me e bem que, a seguir, temos a grande gala do boneco. Vamos marcá-la para as onze e meia, na sala lá de baixo.

Muito obrigado Dr. Alexandre Relvas, e para a última ronda de perguntas tem a palavra, em primeiro lugar, pelo grupo cinzento, o João Miranda e depois Guilherme Ribeiro do grupo Castanho.

 
João Miranda
- Boa noite. Boa noite Sr. Dr. Alexandre Relvas. Em primeiro lugar, o grupo cinzento gostaria de agradecer o apoio do Instituto Francisco Sá Carneiro a esta iniciativa que é a Universidade de Verão. E a nossa pergunta não vai para a sua experiência como profissional, mas sim como Director de campanha na Eleição Presidencial do Dr. Cavaco Silva. E este processo eleitoral foi muito especial, na nossa opinião. Primeiro, pelo facto do Dr. Cavaco Silva se ter recandidatado dez anos depois de ter sofrido uma derrota contra o Dr. Jorge Sampaio. E segundo, pela inclusão nesta eleição do Dr. Mário Soares, vinte anos depois de ter sido o Presidente da República, tentando vender uma imagem de que ainda era fixe. Nós queríamos saber se estes dois factos condicionam, de alguma maneira, o modo como é gerida a campanha? Se tem algum desafio especial ou não? E, já agora, aproveitando e tendo como ideia o jantar-conferência que tivemos dois dias antes, uma Dra. Leonor Beleza, em que fomos presenteados por uma série de episódios curiosos que ela nos contou sobre a sua experiência como Ministra da Saúde e noutros cargos políticos, se o Senhor tem algum episódio curioso sobre o Prof. Cavaco Silva? Porque eu acho que toda a gente daqui ou a maior parte, tem uma imagem muito rígida da postura do Prof. Cavaco Silva, uma posição muito austera. Nós queríamos saber se existe algum episódio que nos faça atenuar, por assim dizer, essa imagem? Muito obrigado.
 
Guilherme Ribeiro
- A todos, queria agradecer, em primeiro lugar, a presença do Dr. Alexandre Relvas que foi bastante enriquecedora e muito honrosa. Como antigo Secretário de Estado do Turismo e sabendo que no nosso País o turismo continua a ser um factor importante na nossa economia, qual é a forma de garantir investimento nesse sector, tendo em conta que o nosso País atravessa uma crise? Obrigado.
 
Dr.Alexandre Relvas
- Eu agora estava a ouvir essa pergunta sobre turismo e veio-me, nestas sessões há perguntas muito diversas e veio-me à memória uma imagem da Campanha Eleitoral do Eng. António Guterres em que alguém, a certa altura, lhe perguntou, o que é que acha dos incêndios? Ele começou a dissertar sobre como é que se apagaria um incêndio, se o tipo de intervenção que o Estado deveria ter para apagar incêndios, etc. Eu não tenho resposta para todas as questões. E, portanto, eu sobre turismo saí há dez anos, tenho ideias sobre investimento empresarial, mas custa-me responder a todo esse tipo de questões. Entretanto, o mundo mudou muito em dez anos e a experiência que tive, nessa altura, foi extremamente gratificante. Não me permito responder, hoje, com o conhecimento de causa em relação ao sector do turismo. Mas penso que em relação a esse sector como outros no País, há questões, como eu vos referi há pouco, que têm a ver com o licenciamento que, hoje, limitam muito os níveis de investimento e que atrasam decisões empresariais e, portanto, há passos que podem ser dados, mas que não afectam apenas o sector do turismo, afectam vários outros sectores. E, portanto, eu tenho alguma dificuldade de responder em pormenor a essa questão.

Sobre o Prof. Cavaco Silva, isso seria o momento da noite e, portanto, eu não lhe vou dar esse prazer, não tenho nenhum episódio curioso em relação à Campanha Presidencial e à minha relação com o Prof. Cavaco Silva. E devo-lhe dizer que ainda que tivesse, teria grande dificuldade em o apresentar publicamente porque é o Presidente da República. E eu tenho pelo Presidente da República e acho que devo ter por quem tem cargos públicos em Portugal, nomeadamente pelo Presidente da República, um enorme respeito e estes episódios, muitas vezes, são utilizados para desvalorizar, para caricaturar e não queria contribuir para esse tipo de iniciativas. Mas a sua pergunta tem toda a razão de ser e, portanto, não deixa de ter valor a questão. Em relação à Campanha , há duas coisas que eu queria dizer para ser claro. A vitória do Prof. Cavaco Silva tem apenas a ver com ele. Há muita gente que trabalhou, há muita gente presente aqui na sala, está aqui o José Matos Rosa , estou a ver várias pessoas que trabalharam activamente na Campanha do Prof. Cavaco Silva, mas tem a ver com a personalidade do Prof. Cavaco Silva, tem a ver com a experiência, as pessoas valorizam os políticos que têm anos de experiência, que mostraram um elevado sentido nacional, apesar de haver alguns momentos que pode não haver compatibilidade total entre eles e o país, mas há sempre uma admiração de fundo em relação ao trabalho que é efectuado, em relação ao sentido nacional, ao sentido de serviço público, à honestidade, ao sentido de compromisso com o país. E, depois, muito a ver também com o programa. A ideia que ele deu de que é possível construir um Portugal maior, não nos devemos resignar em relação à situação do país. E foi tudo isso que entusiasmou em relação à campanha que foi feita e foi isso que lhe garantiu a vitória. Portanto, a vitória do Prof. Cavaco Silva, ele foi muito simpático comigo e com toda a equipa que trabalhou na campanha dele, mas apenas para referir à eficiência com que nós trabalhámos e que, apenas, permitiu ele mostrar ao país, a realidade do seu programa e a realidade sobre si próprio. E, portanto, a vitória dependeu, exclusivamente, dele. Segundo, a própria campanha, para vocês terem a ideia da dimensão, uma campanha presidencial como campanhas Autárquicas ou como campanhas legislativas, são campanhas de organizações pesadas. Está aqui uma pessoa que sabe muito mais de campanhas do que eu que é o Carlos Coelho. Ele tem várias valências, uma delas é ser um especialista em campanhas eleitorais. Mas uma campanha presidencial envolvia na nossa sede, 50 ou 60 pessoas, mas em termos nacionais, nós tínhamos uma rede de mais de 500 pessoas. Havia responsáveis da campanha em cada concelho e responsáveis da campanha, por exemplo, da juventude, em cada concelho. Portanto , mais de 500 pessoas com as quais, de certa forma, se interagia diariamente e, portanto, obriga a uma capacidade de organização enorme. E a própria campanha, não sendo organizada pelo partido, mas tendo um fortíssimo apoio do partido, é impossível, como o Dr. Mário Soares também teve, como o Dr. Manuel Alegre também teve, no dia da eleição a campanha envolve 12.500 pessoas, as pessoas que estão em cada uma das mesas que é preciso nomear semanas antes. Portanto, a campanha é um trabalho impressionante de centenas de pessoas e o mérito é de todas estas pessoas que dado o número há milhares de decisões que são tomadas localmente. Em cada concelho, em cada distrito, há milhares de iniciativas que são organizadas pontualmente. E, portanto, isto tem a ver, como eu dizia há pouco, a qualidade do candidato e com centenas de pessoas que ao longo de dois, três, quatro, meses deram do seu melhor, se entusiasmaram e que permitiram que o candidato se pudesse apresentar com êxito naquele dia e que se tivesse ganho por uma dimensão que é igual, olhando aqui para o nosso clube, igual ao do estádio do Sporting, com 30.000 ou 35.000 pessoas.

Muito obrigado a todos, foi um prazer estar aqui com vocês, enfim, eu devo dizer que é, de facto, um prazer perceber o que são os vossos anseios, perceber o que são as questões que vos mobilizam e espero ter contribuído, de alguma forma, para que gostem de estar aqui ao longo desta semana. Obrigado.

 

 

 

 
10.00 - Avaliação da UNIV 2008
12.00 Sessão de Encerramento da UNIV